sábado, 30 de setembro de 2017

Sodade


Crises Macunaímicas, Traquinagens Jurídicas, Devaneios de Esquerda

Jaldes Meneses

Enquanto houver bambu, lá vai flecha. Não estou me referindo a Janot ou o Ministério Público, mas à abundância de bambus nos arraiais da esquerda brasileira. Refiro-me à dura polêmica estabelecida pela divulgação da nota da executiva nacional do PT sobre o “caso de Aécio Neves”.

O PT joga água no moinho dos golpistas

Aldo Fornazieri

Vítima de um golpe, o PT virou protetor de um de seus maiores algozes: o senador Aécio Neves. Não é o STF que adotou uma "medida esdrúxula", mas é a direção do PT que está sendo esdrúxula pelo festival de erros que vem cometendo. Uma direção que adota posições não só contra a vontade da maioria da sua militância, da sua base social e do seu eleitorado, mas também contra o entendimento correto da Constituição.

A violência e o retorno do Leviatã

O problema é que esse modelo de democracia está em crise e na falta de opção, as pessoas vão cambaleando para a única opção que conhecem: o culto ao Leviatã. Ironicamente, passam a odiar o que foram ensinadas a amar.

Por: Raphael Silva Fagundes e Wendel Barbosa

Na manhã de domingo, do dia 17 de setembro, moradores da Rocinha acordaram ao som de tiros, num conflito interno entre os traficantes da comunidade. Na noite do mesmo dia, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, mais um policial militar foi morto, o 103º. Em julho, moradores da Vila Kennedy, zona oeste do Rio de Janeiro, fizeram um protesto – contra a violência corriqueira no bairro – na principal avenida que corta o estado, a av. Brasil. Em matéria no site do Jornal O Globo, de 18 de setembro, a manchete estampada dá conta de que mais de 3 mil estudantes estão sem aulas devido a operação policial na zona sul: seis escolas, quatro creches e um espaço de desenvolvimento infantil.

sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Presente a sonegadores: inconstitucional e antipovo

Dalmo de Abreu Dallari

Por meio de uma Resolução duplamente inconstitucional o Senado pretende conceder um presente aos sonegadores de tributos, entregando-lhes uma parcela do patrimônio do povo brasileiro. O instrumento que se pretende usar para a prática dessa inconstitucionalidade seria uma Resolução do Senado perdoando a dívida tributária de proprietários rurais e agentes do agronegócio. Como registrou a imprensa, por meio dessa Resolução serão perdoados R$17 bilhões em dívidas de produtores rurais com o Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (Funrural). 

Pela democracia, contra STF no caso Aécio


"Li ataques na esquerda e mesmo entre petistas à nota do PT que criticou a decisão do STF de afastar Aecio do exercício do mandato de senador. Alguns petistas a consideraram de um "republicanismo ingênuo" por defender um inimigo, já outros da esquerda não petista afirmaram que o partido busca um acordo para a proteção de seus corruptos. O PT já cometeu muitos erros, mas esta nota foi um grande acerto. Aliás, a manchete agressiva do "Globo" (associando o PT a Gilmar Mendes e a Temer) deveria alertar aos incautos sobre a quem estão servindo. A Democracia foi golpeada no Brasil e a ruptura institucional pode se agravar, inviabilizando inclusive as eleições do ano que vem. É fundamental defender as instituições democráticas, entre elas o parlamento.

O país das Rocinhas


Janio de Freitas 

– O espanto generalizado com a guerra na Rocinha só pode vir do vício de espantar-se com os atos todos da violência urbana, não importa se maiores ou minúsculos, se astuciosos ou vulgares. Rocinha não é mais do que uma celebridade (a palavra-símbolo do jornalismo deslumbrado) entre milhares de assemelhadas pelo país afora.

quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Não sonho mais


A nação das oligarquias

Marcus Ianoni

Em toda a história do Brasil, há um dilema, nos períodos autoritários e democráticos: de um lado estão o Estado (a política) e a economia e, de outro, a desigualdade social, ou seja, a sociedade. Somos uma nação não solidária, mal-imaginada, em que as oligarquias têm aversão ao povo

Em minha fala na mesa com o tema “Uma nação capaz de promover o desenvolvimento?”, no recém-realizado 14º Fórum de Economia, promovido pela FGV-SP, argumentei que, na história nacional brasileira, há uma forte e recorrente tendência estrutural de divórcio entre, por um lado, os sistemas político e econômico e, por outro, o sistema social, ou seja, de desencontro entre o senhor, o bloco Estado-economia, e o súdito, a sociedade. Essa separação coloca, de um lado, as oligarquias associadas ao grande capital, de outro, o povo, o demos. Devido a isso, em quase dois séculos de história do Brasil independente, nosso regime democrático, quando existe, é, frequentemente, mais refreado pela forma ruim do regime dos poucos, a oligarquia, que impulsionado no sentido da forma boa do regime dos muitos, para usar os termos da análise política de Aristóteles.

Estamos todos no inferno. Não há solução, pois não conhecemos nem o problema.

Uma Assustadora mas imperdível a entrevista com o *líder do PCC, Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola* , ao jornal O Globo,

*O GLOBO: Você é do PCC?*

- Mais que isso, eu sou um sinal de novos tempos. Eu era pobre e invisível… vocês nunca me olharam durante décadas… E antigamente era mole resolver o problema da miséria… O diagnóstico era óbvio: migração rural, desnível de renda, poucas favelas, ralas periferias… A solução é que nunca vinha… Que fizeram? Nada. O governo federal alguma vez alocou uma verba para nós? Nós só aparecíamos nos desabamentos no morro ou nas músicas românticas sobre a “beleza dos morros ao amanhecer”, essas coisas… Agora, estamos ricos com a multinacional do pó. E vocês estão morrendo de medo… Nós somos o início tardio de vossa consciência social… Viu? Sou culto… Leio Dante na prisão…

Traidores

Luis Fernando Veríssimo

– Immanuel Wallerstein, um dos bons pensadores da esquerda americana, escreveu sobre a distância entre o conceito e a realidade do papel da burguesia na história do capitalismo.

Segundo Wallerstein, a “traição da burguesia”, quando não cumpre o papel que lhe é atribuído no que chama de mito dominante do marxismo clássico, não é uma anomalia, mas uma constante.

A realidade que desmente o conceito é que a burguesia só fez o que tinha que fazer num determinado período histórico, quando acabou com o feudalismo, e que principalmente a partir do século XIX não faz outra coisa senão frustrar os que esperavam que ela terminasse o serviço, eliminando qualquer ideia de separação entre servos e senhores hereditários.

A Justiça sempre foi dos poderosos


A Justiça e o Golpe






quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Brasil, inferno para quem quer aposentar: comparação internacional


Na cruz mais uma vez


Cura gay: solução


Saudade do tempo em que não havia sindicato


Pela revogação da Reforma Trabalhista


Lula é um projeto e uma esperança para o Brasil

Emir Sader

O fato de pessoas se surpreenderem de que Lula, apesar do massacre jurídico-midiático, diminui cada vez mais seus índices de rejeição nas pesquisas, é que é surpreendente. Como se nos acostumássemos que Lula teria sobre os ombros a carga das reiteradas acusações sem provas e fosse, assim, suspeito.

De repente, a curva da rejeição de Lula vai baixando e a dos seus algozes vai aumentando, na mesma medida. Qual o significado desses movimentos?


terça-feira, 26 de setembro de 2017

O agravamento da crise e Lula como saída

Construir a unidade democrática e progressista

Aldo Fornazieri

Duas pesquisas publicadas nos últimos dias confirmaram a tese que defendemos no artigo publicado na semana passada: a de que houve um efeito saturação com as denuncias e ataques a Lula. A pesquisa CNT mostra que Lula venceria as eleições de 2018 em todos os cenários. E a pesquisa Ipsos mostra que a rejeição de Lula cai e que aumenta a rejeição do juiz Moro, de Dória, Bolsonaro e vários outros políticos. A falta de materialidade de provas contra Lula reforça a ideia de que ele é alvo de um ataque persecutório por parte de Moro. Dória vem se evaporando no ar por diversos motivos. Já, Bolsonaro, começa a assustar os eleitores na medida em que, de sua boca, saem investidas de cavalaria.

Revogar a herança maldita do golpe.

A direita mostra os dentes. Como (re)agir?

Antonio Martins

O fantasma da intervenção militar esvoaçou sobre o Brasil esta semana. O general Martins Mourão, da ativa, prometeu na sexta-feira passada “derrubar este troço todo”, se o Congresso e o Judiciário não retirarem de cena “esses elementos envolvidos em todos os ilícitos”. Seus superiores – o comandante do Exército, Eduardo Villas Bôas e o ministro da Defesa, Raul Jungmann – recusaram-se a puni-lo. Em São Paulo, a Rota, tropa mais brutal da PM, fez exercícios de repressão política, simulando uso de munição real, em plena Avenida Paulista. Uma nova sondagem pré-eleições presidenciais mostrou Jair Bolsonaro consolidado em segundo lugar, abaixo apenas de Lula e à frente de todos os conservadores tradicionais. Como tem sido comum há meses, muitos, entre a esquerda, reforçaram sua convicção fatalista de que “o pior está por vir” e de que “não haverá 2018”.

segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Gramsci: hegemonia e luta de classes

Cezar Xavier

No debate ocorrido em São Paulo, nesta quinta-feira (21), o estudioso de Antonio Gramsci, o filósofo italiano Gianni Fresu, mostrou como o pensamento daquele teórico, morto a exatos 80 anos, é a continuidade e avanço de temas importantes para Lênin, assim como permitem a compreensão da estratégia para o processo revolucionário, ainda que tantos esforços tenham sido feitos por setores à direita e à esquerda, para tornar o autor um mero reformista social-democrata.

Com quem você pensa que está falando :

Durval Muniz

Duas corporações se destacaram na luta pelo impeachment da presidenta Dilma Roussef e foram decisivas para a consumação do golpe contra as instituições democráticas brasileiras: os médicos e os profissionais do direito. 

A criação do programa Mais Médicos, pelo governo Dilma, que pretendia levar assistência médica para as periferias das grandes cidades, para as cidades do interior, para as comunidades rurais, indígenas e quilombolas, combatendo o deficit de profissionais médicos no país, com a contratação de médicos estrangeiros, com a criação de novos cursos de medicina e novas vagas de residência médica, foi recebido com muita indignação e protestos por parte das instituições e órgãos de representação médicos. Os carrões dos profissionais médicos se encheram de adesivos em que lia “Fora Dilma, e leve o PT junto”. 

Para que serve o Direito

Michel Zaidan Filho*

Estive, nesta semana que passou, no 1. Congresso Jurídico da Faculdade de Limoeiro. O conclave dedicado ao tema dos Direitos Humanos e o cumprimento dos tratados internacionais pelas nações, contou com a participação de Juízes, promotores de justiça, advogados e até de um ex-ministro e ex-presidente do STF, Joaquim Barbosa. Duas coisas me chamaram muito a atenção nesse encontro: primeiro, a discussão do papel do Ministério Público no cumprimento dos Direitos Humanos; segundo o momento muito delicado em que se encontram no mundo, na América Latina e no Brasil, os direitos humanos e do cidadão.

domingo, 24 de setembro de 2017

Todo o poder emana da Globo


O mercado financeiro dá as cartas

Livrai-vos o mercado do mal...

Raphael Silva Fagundes

É impressionante como agora todos dizem que a segunda denúncia de Janot ao digníssimo presidente Michel Temer já era esperada. Por isso, a Globo News acredita que devemos ter fé no mercado porque o dinheiro gringo está entrando. “Os estrangeiros estão investindo aqui”, diz a analista. No entanto, “é preciso fazer o dever de casa”: cortar gastos públicos. A apresentadora, antes da fala da analista, diz que o mercado está se afastando da política. Em meio a essa manifestação da mídia em prol do capital internacional há uma questão intrigante: quando Temer não está sendo denunciado ele é a solução, mas quando está em processo sua continuidade como presidente da República é indiferente. Não será essa última ideia um blefe?

O futuro do trabalho é pular de galho em galho

Thomaz Wood Jr.

Tendências apontam para um tipo de trabalho intenso, vínculos fugazes e empregos efêmeros

Contrato psicológico de trabalho é um conceito conhecido no mundo corporativo. Trata-se dos pressupostos implícitos que norteiam a relação entre empregados e empregadores. Um contrato psicológico de trabalho vai além do contrato formal de trabalho e das descrições de cargo. Envolve, de parte a parte, atitudes, comportamentos e ações.

As 14 características do fascismo, por Umberto Eco. Parecem familiares?


Fragmento de uma conferência que Umberto Eco fez em 1995 na Universidade de Columbia, em que elaborou uma rápida caracterização do que chamou "Ur-Fascismo" ou "fascismo eterno"

Cynara Menezes

Umberto Eco (1932-2016) é uma das personalidades que melhor poderiam definir o fascismo, pois nele se combinaram a experiência própria, a erudição e a lucidez analítica. Como italiano, viveu de perto o fascismo e suas consequências, e como intelectual dedicou-se a estudá-lo, entendê-lo e explicá-lo, mas, acima de tudo, a denunciá-lo e preveni-lo. De todos os males que o ser humano pode gerar a si mesmo, poucos são tão nefastos como um regime totalitário, em que normalmente o sofrimento é muito maior do que os possíveis benefícios.

Trombou com o bonde da Rocinha no Sumaré

Equipe da ANF é encurralada por bonde da Rocinha no Sumaré

Julianne Gouveia

A equipe de reportagem da Agência de Notícias das Favelas ficou no meio do fogo cruzado de um grupo armado que vinha da Rocinha na tarde de hoje, no Morro do Sumaré. Mais de 150 homens armados com fuzis desciam a via a pé, de moto e carro.


Minha internação

Arapuca pra doido 
Esses últimos dois dias foram horríveis. Em meu trabalho como jornalista, fui fazer uma entrevista numa clínica psiquiátrica e tudo correu normalmente. Fiz perguntas normais e estas foram respondidas de forma convencional. O resultado ia ser tedioso como quase todas as matérias. 

sexta-feira, 22 de setembro de 2017

Nancy Fraser: em favor de um "esquerda populista”

Todo movimento emancipador atual precisa adquirir uma dimensão popular

Em entrevista professora de Filosofia e Política fala sobre feminismo, neoliberalismo e movimentações políticas de Trump

Numa consequência das manifestações convocadas pelo movimento feminista contra a chegada de Donald Trump ao poder, Nancy Fraser, professora de Filosofia e Política na New School of Social Research, (em Nova York) assinou - juntamente com muitos outras intelectuais, como Angela Davis e Rasmea Odeh - um apelo a um feminismo "99%", transnacional e anticapitalista. Sua aposta tenta construir um feminismo de maiorias, rejeitando, inclusive, a cooptação neoliberal. Com várias décadas de trabalho acadêmico consistente, pesquisando questões como justiça, capitalismo e feminismo, Nancy Fraser é hoje uma das intelectuais mais reconhecidas no pensamento crítico.

Plenária: Barrar a Reforma Trabalhista


Origem da riqueza: versão e fato


Brasil para um lado, trabalhadores para outro


Espólio da Reforma Trabalhista


O Brasil e o perigoso jogo da história

Mauro Santayana

Embora muita gente não o veja assim, o afastamento definitivo de Dilma Roussef da Presidência da República, em votação do Senado, por 61 a 20 votos, no final de agosto, é apenas mais uma etapa de um processo e de um embate muito mais sofisticado e complexo, em que está em jogo o controle do país nos próximos anos.

Desde que chegou ao poder, em 2003, o PT conseguiu a extraordinária proeza de fazer tudo errado, fazendo, ao mesmo tempo, paradoxalmente, quase tudo certo.

"A Carta de 88 e a democracia brasileira estão em risco. Ou aparece uma política de moderação, ou vamos ladeira abaixo"

Entrevista especial com Luiz Werneck Vianna

Patricia Fachin

A principal constatação ao analisar a continuidade da crise política é que a força das corporações, especialmente a do judiciário, tem se contraposto à política, diz o sociólogo Luiz Werneck Vianna à IHU On-Line. “A política sumiu, esvaneceu, perdeu força, de modo que as corporações emergiram e estão tomando conta do país”, afirma na entrevista a seguir, concedida por telefone. Um exemplo disso é que as corporações do judiciário estão “chamando os temas da administração para si. Não há medida que o governo tome sem que sofra uma contestação do judiciário, seja na questão da Amazônia, seja na questão dos preços do combustível”, argumenta.

quarta-feira, 20 de setembro de 2017

Brasil a reboque de argentinos e norte-americanos


Mauro Santayana

Perda de liderança na América do Sul faz Brasil, membro do BRICS, ficar a reboque de argentinos e norte-americanos 

Potências espaciais e atômicas, Rússia e China deram início nesta semana a exercícios militares conjuntos ao largo de Vladivostok, no Pacífico Norte

Enquanto isso, o Brasil, também membro do BRICS, mas reduzido a uma insignificância diplomática, depois da inviabilização do BNDES como instrumento de política externa na América Latina e da destruição da credibilidade da engenharia brasileira no exterior, por um Ministério Público alheio a qualquer consideração estratégica, aliado a um STF que aprova acordos de delação premiada sem apresentação prévia de provas, se prepara para integrar manobras, no final do ano, na Argentina, com a participação dos EUA, país de quem nos transformamos cada vez mais em vassalos, como demonstram as atitudes adotadas pelo Brasil com relação à Venezuela, por exemplo.

Em nome da moral, os maus costumes


De repente, milicianos do movimento de direita MBL agridem espectadores da exposição QueerMuseu em Porto Alegre, patrocinada pelo banco Santander. Depois fazem pichações nas fachadas do banco, denunciando que a exposição intitulada Cartografias da Diferença na Arte Brasileira faz apologia à pedofilia e zoofilia. O banco recua, frente à milícia fascista e encerra a exposição antes do prazo. Dentre as obras atacadas há Volpi, Portinari, Ligia Clack, Leonilson, Adriana Varejão, que devem ser inteiramente desconhecidos da ignorância que assola a nação nesses tempos de trevas modernas. Os imbecis recuperam o conceito de “arte degenerada” usado pelo nazismo para destruir a incompreensão da arte, condenado como a mais triste página do ataque intolerante à cultura na história.


Quem detém a força, não faz as leis ou as interpreta

Michel Zaidan

Das três armas que constituem o aparelho militar do estado brasileiro, o Exército é o que tem sua origem mais popular. Muitos órfãos e filhos das classes desfavorecidas tiveram nessa corporação militar o abrigo necessário para estudarem e ajudarem à suas famílias. É de lembrar que o positivismo - como ideologia antiliberal - prosperou nas fileiras do Exército e a doutrina do "Soldado-Cidadão" foi a primeira que inspirou os nossos militares. Segundo esta doutrina, os soldados são filhos do povo, não estão ligados a nenhum partido ou grupo de interesses. Portanto, são os mais habilitados a falar e defender os altos interesses da Nação.

Boicote às eleições: infantilização ou esclerose

Aldo Fornazieri

De duas uma: o debate em torno do boicote das eleições de 2018 por parte do PT ou é sinal de infantilização ou de esclerose mental. Prática conhecida na América do Sul pela direita golpista venezuelana, trata-se de uma renúncia à luta em nome de uma atitude pueril e inconseqüente. O resultado de tal atitude, se vier a ser adotada, será uma derrota ainda maior das forças democráticas e progressistas e o alargamento do campo de poder para os conservadores e reacionários, que crescem em suas investidas fascistóides.

A resiliência de Lula e a transferência de votos

Jaldes Meneses

As pausas e os silêncios são fundamentais e dizem muito, tanto em música como em psicanálise. O fato de a mídia tradicional brasileira fazer ouvidos de mercador aos resultados da pesquisa MDA-CNT divulgados ontem são bastante sintomáticos. Trata-se de um silêncio que grita.

Foi preciso um jornal inglês e dirigido ao mercado financeiro, o Financial Times, acusar o golpe e abrir o jogo. Para o Financial, o “mercado” pode ir tirando o cavalinho da chuva: na hipótese da interdição do Lula, não serão os tucanos os beneficiados (a popularidade deste partido está na lona), mas Jair Bolsonaro. E ainda por cima o Financial adverte que o “paraíso” da gestão Temer tem prazo de validade: até 31/12/2018.

segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Delação Premiada: mercadoria do Estado Pós-Democrático

Rubens Casara

Para compreender criticamente a “colaboração premiada” é necessário contextualizar esse instituto. Para além da previsão legal e da importação acrítica desse instituto, só é possível perceber o funcionamento concreto da colaboração premiada à luz da razão neoliberal como nova razão do mundo, na linha defendida por Christian Laval, Pierre Dardot e Antonie Garapon.


Tudo hoje é tratado como mercadoria. Todos os valores passaram a ser tratados no registro das mercadorias. A “colaboração premiada” é uma mercadoria. Aliás, o próprio nome “colaboração premiada” é para “vender” como algo positivo a delação, que do ponto de vista histórico, sempre foi uma negatividade.

Durval Muniz: Você é de família, cidadão ?







Nesta semana, em excelente reportagem feita pela agência Saiba Mais, ficamos sabendo que 54% da bancada federal do estado do Rio Grande do Norte não poderá ser votada para receber o prêmio Parlamentar do Ano, promovido pelo portal Congresso em Foco, porque cinco, dos oito deputados federais, e dois, dos três senadores, respondem a processos na Justiça. Em outra reportagem desse portal, ficamos sabendo das atividades ilícitas que teriam sido cometidas pelo ex-deputado, por inimagináveis dez legislaturas seguidas, Henrique Eduardo Alves, denunciadas pelo Procurador Geral da República. 
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