terça-feira, 30 de setembro de 2014

O enigma Canudos.

Eduardo Hoornaert.


1. Cheguei a me interessar pelo tema Canudos por ocasião de diversos simpósios organizados no Brasil e no exterior (na Colônia, Alemanha, por exemplo) em 1997, por ocasião do centenário de Canudos. Foi aí que percebi o quase consenso em torno da interpretação de Canudos apresentada por Euclides da Cunha. Naquelas comemorações, o autor dos ‘Sertões’ era considerado por muitos uma autoridade ‘inconteste’ e isso me estimulou a estudar o assunto. Hoje estou convencido de que o celebrado autor continua colocando um biombo entre nós e Canudos.

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Como se reposicionar à esquerda no Brasil ?

Qual é a tua?

Como se reposicionar à esquerda no Brasil de tantas lutas e depois de um ciclo de 3 governos sob a direção do PT: pela via da Onda Dilma Já ou pela via do voto crítico dos Petistas com Luciana Genro?

Cunca Bocayuva

No texto que segue tentamos apresentar os argumentos e posicionamentos que sugiram numa reunião realizada no sábado dia 27 de setembro, entre um pequeno grupo de pessoas, na maioria professore(a)s universitários. Reunião que originariamente estava aberta para uma polêmica com uma grande variedade de posições, que iria desde o argumento do voto nulo até o voto em Marina. Mas só compareceram as pessoas situadas em campos que partem do petismo e, que concordam quanto ao papel positivo desempenhado pela experiência do reformismo fraco no Brasil. Considerando que este é necessário e de impacto incalculável, devido aos deslocamentos e benefícios gerados em matéria de superação da pobreza e de mobilidade para vários segmentos.

A política entre a utopia e a realidade

Leonardo Boff

Antes de abordarmos, suscintamente, a questão complexa da política faz-se mister distinguir, como já fizemos em artigo anterior, a política com P maiúsculo que é a busca comum do bem comum. Dela todos os cidadãos participam. Existe ainda a política com p minúsculo que consiste na política partidária, que como a palavra sugere, é parte e não o todo. São os agrupamentos políticos com ideologia e projeto (é o que mais nos falta no Brasil) que buscam o poder de estado para a partir dele e de seus aparelhos governar o município,os estados e a federação.

Terceirização, Precarização e falta de Concurso Público afetam processo eleitoral na Paraíba

Candidato critica programas sociais

Candidato do PSOL disse estar preparado para administrar o Estado, a partir da experiência dentro do próprio partido.

Larissa Claro e Francisco França

Tárcio Teixeira foi o quinto abatinado pela Rádio CBN na rodada de entrevistas com candidatos ao governo do Estado

O candidato ao governo do Estado pelo PSOL, Tárcio Teixeira, criticou ontem as políticas de programas sociais implantadas na Paraíba e disse estar preparado para governar o Estado caso seja eleito no próximo dia 5 de outubro.

Democracia em crise: a chantagem do agronegócio

Setor converte-se em financiador destacado dos partidos, elege bancada numerosa, convoca candidatos e apaga de seus programas temas como reforma agrária e função social da propriedade

Por João Fellet, na BBC Brasil

Responsável por uma fatia cada vez maior da economia brasileira, o setor nunca esteve tão presente nos discursos, agendas e alianças dos candidatos que lideram a corrida presidencial.

Dilma Rousseff (PT), Marina Silva (PSB) e Aécio Neves (PSDB) têm se reunido com representantes do segmento de olho em doações para suas campanhas, no poder do grupo em influenciar votos e na sua força no Congresso.

domingo, 28 de setembro de 2014

O marketing substituiu a política.


Fernando Meirelles X João Santana

O publicitário Fernando Meirelles chamou o marqueteiro João Santana de Goebbels. Ou seja: mentiroso.

Goebbels, para quem não lembra, foi o marqueteiro e publicitário do nazismo, para quem uma mentira repetida milhares de vezes vira uma verdade.

Eis aí uma briga interessante.

Ela tem tudo pra revelar de uma vez por todas, para quem ainda não percebeu, o que é e para que serve o marketing político. Antes, porém, é preciso revelar o publicitário que se esconde por detrás do cineasta Fernando Meirelles.

As mulheres paulistas: belas e guerreiras


Marcia

São Paulo, uma cidade pacata de cerca de 7 mil habitantes, com características rurais e urbanas ao mesmo tempo, era diferente do Rio de Janeiro. Cortada por 38 ruas, possuía então dez travessas, sete pátios e seis becos. Bem abastecida, sobretudo no início do século XIX, via crescer à sua volta víveres baratos de primeira necessidade: cará, repolho, nabo, batata-doce, milho, feijão, arroz e sofisticados aspargos e alcachofras. Baratíssimos eram porcos e frangos criados em sítios nas vizinhanças. Jacus, mutuns e macucos eram engordados como galinhas.

sábado, 27 de setembro de 2014

Exclusão de minorias, outra distorção eleitoral


Apenas 83 candidatos de um total de 25,9 mil que disputam as eleições gerais deste ano se declararam indígenas (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Estudo revela: candidaturas de índios e negros não refletem sua presença na sociedade. Visita aos corredores do Congresso demonstra que grupos estão ainda mais ausentes no Parlamento

‘Debates eleitorais sobre a questão urbana não dialogam com demanda das ruas’


Valéria Nader e Gabriel Brito

Em mais uma de suas entrevistas quanto à ausência ou distorção de grandes temas nacionais no debate eleitoral, conversamos com Guilherme Boulos, para falar de políticas urbanas e de moradia e da abordagem dos candidatos sobre elas. O balanço que o coordenador do MTST faz não é nada alentador.

“Não há nenhuma proposta inovadora colocada em pauta. É o seguinte: política urbana é tomar lado. Hoje, quem controla a política urbana no país é o capital privado, as grandes construtoras, incorporadoras, empreiteiras. É essa gente que faz a verdadeira gestão do planejamento urbano da cidade, de acordo com seus interesses de lucros e rentabilidade. Enquanto tal lógica não for sanada, o problema da moradia não será seriamente enfrentado”, afirmou.

Debate eleitoral sobre saúde é desqualificado e excludente


Pedro Leal David

Daqui a duas semanas, o brasileiro vai às urnas escolher presidente, governador, deputados e senador. Como costuma acontecer todos os anos, a Saúde está entre os temas mais presentes nas manchetes e debates políticos, seja para atacar adversários ou exaltar si mesmos. Os candidatos falam de filas em hospitais, criticam programas alheios, criam slogans para novas propostas. Mas até que ponto essa onipresença significa um aprofundamento do debate em torno do tema da saúde? Num tempo em que o marketing quer dominar todas as esferas da vida, como a população pode distinguir, no mar de frases feitas, propostas que defendam seus interesses? Essas foram as questões que nortearam a conversa do Informe ENSP com a pesquisadora da ENSP e vice-diretora do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (Cebes), Isabela Santos, que você confere abaixo.

Quando Estado e Judiciário se unem para promover o apartheid urbano


João Whitaker

A cidade de São Paulo viu pela enésima vez o seu centro transformar-se em praça de guerra. Guerra de um só lado, como os grandes exércitos que pelo mundo massacram populações indefesas. Nosso exército é a PM, mandando bombas e balas de borracha em mães com bebês no colo, crianças em cadeira de rodas, idosos. Esses são nossos grandes criminosos, contra os quais o Estado mobiliza forças surpreendentemente numerosas e “eficazes” se compararmos ao flagrante fiasco desses mesmos “agentes da lei” na política de segurança pública e no combate ao crime comum.

O recado dos atleticanos aos torcedores racistas


José Antonio Lima

A torcida do Atlético-MG deu na noite de quinta-feira 25 um raro alento a quem busca traços de civilidade no futebol, e um recado aos torcedores racistas. Antes da partida entre o Galo e o Santos, pelo Campeonato Brasileiro, os atleticanos aplaudiram e gritaram o nome de Aranha, o goleiro adversário.

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Movimentos Sociais, o Congresso e as Eleições

Congresso é Campo de Luta  para Movimentos Sociais
Ivana Bentes

O "antipetismo" e o delirio de onipotência! Os memes antipetistas furiosos (outrora uma "reserva de discurso" da Veja e do PSDB), uma espécie de "tudo menos o PT", "tudo menos Dilma" transbordaram os limites dos discursos de ódio e simplificação da direita e chegam na intelectualidade bem pensante de uma forma bastante sintomática nesta eleição. 

Para Onde Vai o Dinheiro do BNDES


Cid Benjamin


Assessor da presidência do BNDES demonstra uma série de inconsistências nas críticas de Marina Silva à gestão daquele banco.

A candidata tinha dito que o BNDES só empresta para "meia dúzia de grandes empresários".

O assessor informa que 97% dos tomadores de empréstimos do BNDES são micro, pequenas e médias empresas.

Arte da Paraíba: Alex Freire



Do direito a tornar-se adulto com dignidade



Ideologia dominante convida: após a juventude, aceitemos o capitalismo como inevitável. Para resistir, é preciso compreender que o possível não se resume ao real

Nuno Ramos de Almeida

Como é por dentro outra pessoa


Como é por dentro outra pessoa

Quem é que o saberá sonhar?

A alma de outrem é outro universo

Com que não há comunicação possível,

Com que não há verdadeiro entendimento.

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

O sentimento de (in)justiça

Contardo Calligaris

As campanhas eleitorais são momentos de vale-tudo, ou quase. Mentir sobre o adversário (seu programa, seu caráter etc.) é de praxe.

Afinal, o que importa é ganhar, não é? Então, vamos lá: Sicrano vai acabar com o Bolsa Família, Fulano vai proteger só os interesses dos grandes bancos, o outro destruirá o agronegócio e o outro ainda abolirá a propriedade privada.

Alguns, sábios, temem que essa avalanche de mentiras e calúnias comprometa o amanhã. Afinal, o vencedor terá que governar com alguns entre os derrotados. Depois de tamanho derramamento de "sangue", como é que eles conseguirão cooperar no interesse do país? Como construirão alianças viáveis?

Coronelismo, antena e voto: a apropriação política das emissoras de rádio e TV

O coronelismo é antidemocrático

Como a prática, recorrente no Brasil, de políticos eleitos se tornarem proprietários de empresas concessionárias de rádio e televisão ou de radiodifusores serem eleitos para cargos do poder público e passarem a legislar em causa própria é prejudicial à democracia

Carlos Gustavo Yoda*

“Coronel” é patente militar em quase todos os exércitos do mundo. O mais alto posto antes de “general” dentro das Forças Armadas do Brasil, figura responsável pelo regimento de uma ou mais tropas ou companhias. No Nordeste brasileiro, “coronel” também é sinônimo de grandes proprietários de terra, “os coroné”, quem manda, aquele que dita as regras. Daí o termo “coronelismo”, cunhado, em 1948, no clássico da ciência política moderna Coronelismo, Enxada e Voto, do jurista Victor Nunes Leal, para dar nome ao sistema político que sustentou a República Velha (1889-1930). Entre as interpretações de documentos, legislações e dados estatísticos, o livro explica como o mandonismo local se misturava aos altos escalões das estruturas de poder.

Guilherme Wisnik: A virada civilizatória de Haddad

É difícil hoje alguém ter a coragem de contestar o fato de que as cidades precisam encontrar novas soluções para o deslocamento em massa, e deixar de construir mais viadutos e túneis. Elas precisam de soluções que não consumam tanto petróleo, que não poluam tanto o ar, que não induzam à impermeabilização do solo e que não gerem tanto congestionamento.

Em São Paulo, nem os maiores opositores da gestão de Fernando Haddad podem negar o fato de que as ações do prefeito estão orientadas para o interesse coletivo, em termos tanto sociais como econômicos e ambientais.

Os 358 km de novas faixas exclusivas de ônibus em São Paulo são ações evidentes nessa direção, assim como os 78 km de ciclofaixas recentemente instaladas (a previsão é chegar a 400 km até o final de 2015). A considerável melhora na avaliação do prefeito pela população é sinal claro dessa consciência.

Nunca fui tão bem tratada’, diz mineira que largou plano por SUS

Camilla Costa

Bom funcionamento faz com que pacientes como Cintia (à direita) deixem atendimento privado.

Cintia Vieira Leal, de 29 anos, começou a frequentar o Posto de Saúde da Família (PSF) de seu bairro em Uberlândia (MG) apenas "enquanto o novo convênio não ficava pronto". Ao descobrir uma doença durante a gravidez, no entanto, decidiu abandonar o tratamento privado em favor do SUS. "Nunca fui tão bem tratada", disse à BBC Brasil.

Apesar dos problemas na implantação do modelo de atenção básica no Brasil, médicos de família e comunidade - os especialistas que atuam na atenção básica - entrevistados pela BBC Brasil dizem que histórias de pacientes que trocaram o plano de saúde pelo acompanhamento com equipes de Saúde da Família são mais comuns do que parecem, quando o modelo funciona bem em um município.

‘Plebiscito’ popular: 7,4 milhões de votos a favor da reforma política

Consulta informal foi realizada na semana da pátria. 97% dos participantes querem uma constituinte exclusiva para o tema

por Piero Locatelli

Plebiscito teve mais de sete milhões de votos

Mais de 7 milhões de brasileiros querem uma constituinte exclusiva para uma reforma política no país. Esta é a constatação do “Plebiscito Constituinte” feito durante a semana da pátria por 477 organizações em todo o país. Mais de 6 milhões foram às urnas instaladas pelas entidades e outros 1,74 milhões votaram pela internet.

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Corrupção: a Hora dos Bancos e Empreiteiras

Petrobras: o poço é ainda mais fundo

Ivan Valente

Depois da operação Lava Jato, ficou bastante clara a aliança de políticos, partidos e dirigentes da estatal, envolvidos numa corrupção desenfreada na maior empresa brasileira: a Petrobras. Paulo Roberto Costa, ex-diretor de abastecimento da Petrobras, tem mais de R$ 50 milhões em contas no exterior. Alberto Youssef, o doleiro citado no caso, fez mais de 4 mil operações cambiais fictícias com instituições financeiras e 24 países e através de contratos fraudulentos. Segundo o Ministério Público, o PT, enviou US$ 446 milhões ao exterior. Segundo Costa, em delação premiada, há pelo menos 25 deputados e senadores, 3 governadores e 1 ministro envolvidos nas lambanças da Petrobras. Nesses contratos fraudulentos, aparecem as principais empreiteiras do país, que continuam operando e se apropriando de novos contratos.


Agora, o Ministério Público e a Polícia Federal estão apurando as responsabilidades dos bancos com a movimentação ilegal de dinheiro da organização do doleiro.

Governos PT tiram Brasil do Mapa da Fome


Luiz Couto, Deputado Federal


A Urgência de uma Reforma Tributária

Wadih Damous

Dez por cento dos mais pobres da população comprometem 32% de sua renda com tributos. Já para os 10% mais ricos, o peso é de 21%. É justo?

Em tempos de campanha eleitoral, mais uma vez entra em cena – sabe-se lá por quanto tempo - a questão da reforma tributária. Alguns candidatos prometem fazê-la de forma mais profunda. Outros lembram apenas uma ou outra proposta relacionada ao tema.

Num aspecto reforma tributária e reforma política se parecem. Todos reconhecem a sua necessidade. No entanto, quando se parte para o concreto, as divergências fazem com que o debate não siga adiante. De qualquer forma, aproveitando que o tema está, de novo, em pauta, vale a pena fazer algumas observações.

Luciana Genro - Direito ao voto como direito a pensar e agir politicamente

Marcia Tiburi

Em um ambiente condenatório no qual acompanhar a tendência dominante é sempre mais seguro, a responsabilidade pelos próprios atos e pelo próprio ato do pensamento - e das escolhas a que ele leva - não é, para muitas pessoas, uma postura que "valha a pena". Justamente por isso, no contexto da tendência dominante, vou declarar meu voto, porque acredito que podemos ter práticas de sinceridade - e de lucidez - que podem ajudar a melhorar a experiência política brasileira e a cultura política como um todo.

Liberdade de expressão: Por uma opinião pública democrática no Brasil

Ana Paola Amorim, Juarez Guimarães e Venício A. de Lima

Introdução de "Em defesa de uma opinião pública democrática: Conceitos, entraves e desafios", de Ana Paola Amorim, Juarez Guimarães e Venício A. de Lima (orgs.), Coleção Temas de Comunicação, Editora Paulus, 2014; intertítulos do OI. Publicado no Observatório da Imprensa.

A maioria dos brasileiros nos últimos anos, sem desertar de suas convicções democráticas, mas em razão mesmo delas, já construíram amplamente um diagnóstico crítico do modo de funcionamento do atual sistema político no Brasil e anseiam por reformas políticas. Há muitas evidências de que já está se firmando em um número cada vez maior de brasileiros a consciência de que também o sistema de comunicações de massas, privatizado, altamente concentrado e oligopolizado, não serve à democracia do país e precisa ser regulado a partir de princípios republicanos e pluralistas.

terça-feira, 23 de setembro de 2014

Política não é religião

Maria Ângela Bulhões

Talvez para a maioria dos leitores seja óbvia a concepção de que política e religião tenham campos distintos de ideias. Todavia, gostaria de abordar alguns aspectos que por vezes fazem com que muitas pessoas se relacionem com as instituições Igreja e Estado da mesma forma.

Freud escreveu no texto O futuro de uma ilusão (1927) sobre como a crença humana em um deus todo poderoso e eterno era semelhante à necessidade infantil de sentir-se protegido pela figura forte do pai. Ele pensava que isso se dava pelo fato da espécie humana ainda estar numa etapa infantil do desenvolvimento, e acreditava que com o tempo e o progresso da ciência, iríamos ultrapassar essas ilusões.

Incertezas e Democracia

Candido Grybowski

Sociólogo, diretor do Ibase

Estamos mergulhados no clima de disputa pré-eleitoral como nunca. Cada dia amanhece com notícias novas. A registrar alguns picos sinalizadores de extrema incerteza sobre o que será o amanhã. Já tivemos aquele momento amorfo de nenhuma expectativa de mudança. Veio aquele outro, de morte trágica de um candidato até viável, que alternou a disputa de ponta cabeça. Depois, a ascensão vertiginosa de uma mulher, Marina Silva, que galvanizou o mal-estar difuso com a política que está no impregnado ambiente público desde as surpreendentes manifestações de junho de 2013. Num curto espaço de tempo, todas as expectativas se desfizeram e refizeram em outras bases. Aécio não evaporou, mas naufragou na planície. As rochas sólidas de um PT bem implantado nacionalmente e as inegáveis conquistas sociais nos últimos 12 anos não só seguraram a Dilma como a deixam numa posição vantajosa. Que quadro eleitoral! Só uma viva democracia é capaz de produzir isto.

A cartilha da violência; Siro Darlan*

Certas empresas de comunicação social se especializaram em plantar a violência no seio das famílias brasileiras. Conquistaram, graças aos favores prestados e recebidos na época da ditadura, o monopólio da comunicação no país para cumprir o que determina o artigo 221 da Carta Magna: "preferência a finalidade educativas, artísticas, culturais e informativas, promoção da cultura nacional e regional e respeito aos valores éticos e social da pessoa e da família".


Salvo raras exceções, está claro que a programação monopolista não atende aos princípios constitucionais, desde sua programação jornalística marcada de apologia aos maus exemplos e atos de violência, rapidamente assimilado por crianças e jovens, passando por seus programas de humor com atos de intolerância às diversidades até suas supre produções televisivas onde imperam os maus exemplos e a torpeza humana como temas constantes.

Tudo continua bem


Vladimir Safatle

Na semana passada vimos mais uma intervenção brutal da Polícia Militar de São Paulo na desocupação de prédios vazios no centro da capital. Nada que não tenha se tornado um clássico em nossa cidade: espancamento, gás lacrimogêneo, fogo. Tudo isso para tirar 200 famílias que viviam em um prédio desocupado havia dez anos.


Em uma imagem sintomática que passou na televisão, um policial entra no prédio e afirma: "Isso aqui mostra bem que eles estavam preparados para enfrentar a gente".


No caso, "isso aqui" era uma pilha de cocos. Como se sabe, cocos são artefatos bélicos de última geração com poder de letalidade amedrontador. Pergunto-me como o poder público permitiu que tais famílias portassem tantos cocos sem registro de porte de armas.

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Para Saber o que é Barbárie

Pós-Fukuyama

Luis Fernando Veríssimo

O capital financeiro predatório mantém seu poder de ditar a moral e os costumes da época, mas não tem mais a certeza de um futuro só dele

Francis Fukuyama (lembra dele?) decretou o fim da História com a vitória definitiva das forças do mercado contra o dirigismo econômico. A sua foi uma das frases mais bem-sucedidas do século passado. O Muro de Berlim caíra em cima do que restava das ilusões socialistas, a frase não tinha resposta e o capitalismo desregulado não tinha mais inimigos. Dominaria o planeta e nossas vidas pelos próximos milênios.

Como o próprio Fukuyama reconheceu mais tarde numa revisão da sua sentença, a História reagiu.

Crianças protegidas e inseguras

Contardo Calligaris

Durante a minha infância, quanto tempo eu passava sem a supervisão de um adulto?

Grosso modo, dos sete aos 12 anos, eu ia para escola sozinho, de "tramway". Pegava o bondinho a três quadras de casa, e a escola era a segunda parada: digamos que o conjunto levasse meia hora.

A volta da escola era a pé, com os amigos, brincando e conversando. Não levava menos de uma hora; eu chegava sempre atrasado para o almoço, mas isso era tolerado. Nos dias em que a escola se estendia até a tarde, a volta era mais longa: parávamos para brincar nas quadras de escombros dos bombardeios de 1943.

Tudo mudou no Brasil rural do século 21

A vida social e econômica rural sofreu profundas transformações nos últimos 50 anos, fato que tem animado inúmeros estudos entre os cientistas sociais. Ainda assim, Buainain, Alves, Silveira e Navarro (2013) entendem que permanece um “distanciamento entre os processos concretos que demandam explicação e (...) parte significativa das interpretações da literatura (...). Trata-se de hiato entre teoria e realidade que contribui para a persistência de afirmações equivocadas, errôneas e ambíguas, que poderiam ter tido alguma validade para explicar realidades que já foram transformadas, mas que atualmente embaralham os debates sobre o mundo rural brasileiro.” No sentido de ampliar os debates sobre o assunto, em 2013 os autores publicaram o artigo “Sete teses sobre o mundo rural brasileiro” e, neste ano, organizaram o livro “O mundo rural no Brasil do século 21: a formação de um novo padrão agrário e agrícola”.

Entidades da sociedade civil pressionam por reforma política

Desde junho do ano passado, quando ocorreram grandes manifestações populares em todo o Brasil, as organizações da sociedade civil têm pressionado pela aprovação de propostas de reforma política. Na avaliação de José Antônio Moroni, um dos diretores do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), as manifestações de junho de 2013 foram fundamentais para juntar as organizações em torno do tema, que fez parte do relatório do Inesc sobre o assunto, divulgado na última sexta-feira (19).

Drummond e a explicação da Vida: por Carpeaux


O texto abaixo foi publicado em 2 de novembro de 1952 no antigo Diário Carioca. É assinado pelo maior erudito da cultura brasileira de sua época e busca decifrar o enigma que a poesia de Drummond já propunha então. Nunca mais reeditado, em periódico ou livro, o artigo de Otto Maria Carpeaux é um dos muito itens levantados no processo de edição de Poesia 1930-62, no qual acabou por não ser incluído.

Otto Maria Carpeaux

Carlos Drummond de Andrade é dos homens mais sérios que conheci em minha vida, e justamente em relação a ele cometi, há um ano, gafe tremenda. Fiando-me em magnífico erro de impressão, anunciei no dia 31 de outubro de 1951, triunfal e publicamente, o qüinquagésimo aniversário do amigo… O poeta não me perdoou. Pouco depois, mandou-me seu novo volume, Claro enigma, com a seguinte dedicatória:

Dipp: Sistema Participação não afronta prerrogativas

Gilson Dipp (*)

O Decreto n. 8.243, de 23 de maio de 2014, que institui a Política Nacional de Participação Social – PNPS e o Sistema Nacional de Participação Social – SNPS, além de não afrontar ou usurpar poder ou prerrogativa do Legislativo e nem evidenciar irracionalidade administrativa, abuso ou excesso, oferece à opinião pública proposições de diálogo e de participação.

Cabe desde logo ter claro que a democracia – com a qual tanto críticos quanto defensores do decreto concordam - não se esgota em edição de leis pelo parlamento nem em eleições para designar os representantes. Como processo diário e contínuo, constitui o governo do povo, pelo povo e para o povo.

domingo, 21 de setembro de 2014

Povo Que Cais Descalço



A Bunch of Meninos

Dead Combo

Polícia Militar doutrinada na cultura da violência

Ivana Bentes

Não adianta se indignar com a morte de um camelô em São Paulo por um Policial Militar e/ou saber que "no estado do Rio, entre 2003 e 2012, 9.231 pessoas foram mortas em ações policiais" e na hora de votar ajudar a eleger Pezão/Cabral/Garotinho!

Faz MUITA diferença ter um candidato ao Governo do Rio, o senador Lindberg Farias, que ao invés de "enxugar gelo", ficar no discurso, ou pactuar com a guerra aos pobres propôs a maior reforma na Policia que se tem conhecimento, com uma Proposta de Emenda Constitucional, a PEC-51, que é uma "revolução na arquitetura institucional da segurança pública" como explica Luiz Eduardo Soares, no texto abaixo. Só não vê a diferença quem não quer!

Movimentos sociais pedem redução do número de presos


Piero Locatelli 

Antes da eleição, Mães de Maio, Pastoral Carcerária e Centro de Direitos Humanos do Campo Limpo pedem mudança nas políticas de segurança pública em São Paulo; Veja a íntegra da proposta

Geraldo Alckmin (PSDB), candidato à reeleição em São Paulo, prevê a construção de mais presídios no estado; movimentos querem o fim da política de encarceramento em massa

Segurança pública e direitos humanos em São Paulo

O movimento social Mães de Maio, a Pastoral Carcerária e o Centro de Direitos Humanos e Educação Popular do Campo Limpo apresentaram nesta quarta-feira 10 suas propostas para a Segurança Pública e Direitos Humanos na eleição deste ano em São Paulo.

Com o título “Por uma agenda de desencarceramento e de desmilitarização”, o documento apresentado por eles critica a política de direitos humanos no estado.

Participação social e reforma da justiça

Fabio de Sá e Silva (*)

Desde que foi incluída na Constituição de 1988 como um princípio fundamental da República Federativa do Brasil, a participação social vem impulsionando transformações importantes na condução dos negócios públicos.


A vasta e rica literatura sobre o tema produzida desde então não apenas documenta esse processo, mas também aponta as transformações pelas quais a própria ideia de participação passou, na medida em que adquiriu força normativa.


Inicialmente, e não sem algum encantamento, os estudos exploraram e destacaram o caráter inovador das práticas participativas e sua contribuição para diminuir o fosso entre Estado e sociedade civil que, embora tivesse longínquas raízes na história brasileira, havia sido agravado pelo autoritarismo e a tecnocracia dos “anos de chumbo”.

Nós: Os Replicantes

Viviane Rodrigues

Na contemporaneidade, o teste que detectava replicantes em "Blade Runner", não funcionaria a contento.

É um nome científico como tantos: teste de Guthrie, emissão otoacústica evocada, teste do reflexo de Bruckner, por exemplo.* No entanto, é fictício. Foi inventado. Voight-Kampff é o nome do teste psicológico mencionado no livro Do Androids Dream of Electric Sheep?, do prolífico escritor americano Philip K. Dick**. A cena foi protagonizada no cinema por Harrison Ford e Sean Young no filme Blade Runner, um clássico do cinema de ficção, de Ridley Scott, produzido em 1986.

sábado, 20 de setembro de 2014

Um goleiro, uma torcida e o nosso racismo…




Parece que a polêmica entre o goleiro Aranha, do Santos, e a torcida do Grêmio ainda está longe de acabar. Depois do episódio lamentável em que o atleta foi chamado de “macaco” por torcedores – uma delas inclusive foi identificada e responsabilizada -, o jogador foi insistentemente vaiado durante o mais recente jogo entre os dois times. Na minha opinião, este ódio se deve ao fato do goleiro santista ter se comportado de maneira exemplar e pouco comum no Brasil. Não, ele não deixou “para lá” as ofensas racistas, nem quis se encontrar com a acusada, que agora se diz arrependida e não para de chorar em frente ás câmeras.

Advogados, Reforma Política e Direito Eleitoral

Conferência Nacional: reforma política e direito eleitoral na pauta

Brasília – O sétimo painel da XXII Conferência Nacional dos Advogados, às 14h30 do dia 20 de outubro, apresentará debate acerca da reforma política democrática e do direito eleitoral. Serão nove participantes de alto nível com palestras sobre perspectivas para o as eleições deste ano, a importância da advocacia nos tribunais eleitorais e mobilização social por uma reforma política, entre outros temas.

Ministra do Tribunal Superior Eleitoral, a advogada Luciana Lóssio abre os trabalhos do painel com as perspectivas das eleições gerais que serão realizadas no Brasil este ano. A XXII Conferência Nacional dos Advogados acontece entre o primeiro e o segundo turno do pleito.

Violência: 'quanto maior a coesão, menor a coerção'



Ana Cláudia Peres


A imagem do adolescente negro, nu, preso com uma trava de bicicleta a um poste em um bairro da Zona Sul carioca, custa a sair da memória. O episódio ocorreu em fevereiro e, por mais perturbador que pareça, não foi caso isolado. Nos meses seguintes, a cena se repetiu mudando apenas a região do país ou o requinte da crueldade. Pela tela do computador, em relatos nas redes sociais – por vezes, vídeos chocantes – ou matérias da grande imprensa, o Brasil vem assistindo a uma onda de intolerância e violações de direitos que desafiam a razão. Levantamento realizado pelo portal G1 computou mais de 50 casos noticiados apenas no primeiro semestre deste ano.

Como a participação pode melhorar nossa Democracia


Tarso Genro (*)

(*) Esse artigo de Tarso Genro inaugura o novo seminário virtual promovido pela Carta Maior, "Participação Social e Democracia", que debate um dos temas centrais para o aprofundamento da democracia brasileira: a necessidade de qualificar o sistema de representação política com práticas de democracia participativa.

A democracia participativa é uma metodologia de governança política e, ao mesmo tempo, significa uma possibilidade de rejuvenescimento da democracia representativa, inclusive para valorizá-la junto a vastos setores da população, principalmente perante aqueles que não têm uma influência cotidiana sobre o poder político e suas decisões. Os marcos normativos da participação da cidadania na gestão e na produção de políticas públicas estão inscritos, tanto na Constituição Federal (Art. 1º §único ), como na Lei de Responsabilidade Fiscal (Art. 48 § único). Os conservadores mais renitentes, quando combatem as ideias e práticas de participação direta, não se dão nem o trabalho de ler a Constituição do país e a própria Lei de Responsabilidade Fiscal!

Wallerstein: Império em pânico no Oriente Médio

Mal explicada pelos militares e Obama, nova guerra na região será provável desastre. Em grave declínio, EUA cometem desatinos que ameaçam planeta

Immanuel Wallerstein | Tradução: Antonio Martins

O presidente Barack Obama disse aos Estados Unidos, e em particular ao Congresso, que o país deve fazer algo no Oriente Médio, para interromper um desastre. Sua análise do suposto problema é extremamente turva, mas os tambores do patriotismo estão batendo forte e, no momento, quase todo mundo, nos EUA, está contagiado. Alguém mais sensato diria que todos estão se debatendo em desespero, diante de uma situação pela qual Washington é o principal responsável. Não sabem o que fazer. Por isso, agem em pânico.

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Gente Honesta


Millor Fernades

"Nova política" e vida real

Sem se queimar 


Sabatinado por este jornal, o candidato a vice-presidente na chapa de Marina Silva, deputado federal Beto Albuquerque, do PSB gaúcho, tentou aparentemente transformar um círculo em um quadrado, ao reconhecer que "ninguém governa sem o PMDB", ressalvando, porém, que "não é preciso entregar o governo para ter governabilidade". 

A questão foi levantada porque toca no nervo exposto da candidatura Marina - o disseminado ceticismo sobre as suas chances, se eleita, de formar uma equipe de governo que não seja um ajuntamento de estranhos no ninho e de construir uma base parlamentar que lhe permita aprovar os projetos que lhe forem mais caros.

“Ninguém governa sem o PMDB”, diz vice de Marina



Beto Albuquerque, candidato a vice-presidente na chapa de Marina Silva (PSB), afirmou nesta quarta-feira que “ninguém governa sem o PMDB”.

Durante a campanha eleitoral, Marina tem assegurado que não fará alianças e nem governará com o que considera a velha política, integrada por políticos como o senador José Sarney (PMDB-AP), o deputado Paulo Maluf (PP-SP) e o senador Renan Calheiros (PMDB-AL). A ex-senadora vem dizendo que fará um governo de “coalizão programática” ao invés de uma coalizão “pragmática”.
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