quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Lucro dos bancos cresceu com o PT no poder, diz Marina

Quem será a Padroeira dos Bancos ?
Gustavo Theza

"No governo FHC, os bancos tiveram lucros de R$ 31 bilhões; no governo Lula, de R$ 199,46 bilhões"

Acusada pelo PT de ser defensora de interesses de banqueiros, a candidata a presidente Marina Silva (PSB) passou ontem o dia rebatendo a presidente e adversária Dilma Rousseff dizendo que foi nos governos petistas que os bancos gozaram de facilidades e condições para lucrar como em nenhum outro lugar do mundo. Marina defendeu sua proposta de, se eleita, tornar o Banco Central autônomo e diz que isso é necessário para tirá-lo da órbita de influência de grupos políticos e para que o país volte a ter inflação controlada e crescimento mais robusto.



Marina fez campanha ontem em Minas Gerais, base eleitoral do senador e candidato a presidente Aécio Neves. Em terceiro nas pesquisas e distante de Marina e Dilma, Aécio foi um alvo apenas secundário de Marina. Dilma e o PT foram os mais criticados.



A candidata classificou como "leviana" a acusação feita na propaganda do PT que começou ir ao ar ontem de que Marina, ao falar em autonomia do BC, daria a bancos o poder de decisão que hoje cabe ao presidente da República e ao Congresso, eleitos pela população. E disse que a propaganda "faz parte de uma onda de calúnias e boatos que estão sendo feitas por nossos adversários" com o intuito único de 'amedrontar' a população.



Marina disse que no governo Dilma a inflação voltou, os juros estão altos e o país não cresce.



"A autonomia do Banco Central, para que ele esteja a serviço dos brasileiros e mão a serviço de um partido, é fundamental para que se controle a inflação, para que se tenha credibilidade para o país voltar a crescer", disse Marina no fim da tarde de ontem em uma tumultuada entrevista a jornalistas em Belo Horizonte.



"A autonomia de fato sempre existiu. Ela está corroída agora por causa da contabilidade criativa que o governo faz, do controle artificial da inflação, da baixa credibilidade que tem, diminuindo os investimentos."



Ela disse que a proposta defendida por sua candidatura é dar continuidade aos instrumentos da política macroeconômica "que nos levaram a controle de inflação, a responsabilidade fiscal, que nos levaram que o país voltasse a crescer."



Marina misturou ao seu argumento pela autonomia as denúncias de corrupção envolvendo a Petrobras, que ganharam força e detalhamento com as declarações vazadas que estariam sendo feitas pelo ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa. Ele fez um acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal e é atribuída a ele uma lista com dezenas de nomes de políticos que teriam recebido propinas do esquema de desvios de recursos da empresa.



"O banco central autônomo é para ter autonomia dos grupos que acabaram com a Petrobras. O BC autônomo é para proteger os interesses da sociedade. Ele, a serviço dos grupos e dos partidos, que hoje fizeram a festa acabando com a Petrobras é que é o grande prejuízo para os brasileiros."



Ao ser perguntada sobre uma declaração recente de Dilma que sugeriu que Marina teria por trás de um eventual governo seu o apoio e a sustentação dos mais ricos, a candidata do PSB recorreu a uma frase de efeito.



"O que está por trás, à frente, ao lado, em cima, embaixo é a determinação de usar com competência, eficiência, transparência e honestidade os recursos públicos."



A candidata do PSB recorreu ao desempenho dos bancos no Brasil para tentar associar o PT do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de Dilma aos interesses dos bancos.



"É só a gente recorrer aos números. No governo do presidente Fernando Henrique Cardoso os bancos tiveram, em valores atualizados, lucros de R$ 31 bilhões; no governo do presidente Lula, R$ 199,46 bilhões. E mais ainda, o próprio presidente Lula disse que não tem nenhum lugar do mundo em que o Santander esteja ganhando mais do que no Brasil", disse Marina.



Antes da entrevista, durante um ato em uma praça no centro de Betim, região metropolitana de Belo Horizonte, Marina já havia dado a Dilma o título de protetora dos banqueiros.



"Ela disse que ia ganhar para baixar os juros. Nunca os banqueiros ganharam tanto como no seu governo. E agora eles, que fizeram a bolsa empresário, a bolsa banqueiro, a bolsa juros altos, estão querendo nos acusar de forma injusta em seus programas eleitorais."



Foi no mesmo discurso - para um público pequeno e improvisado de simpatizantes - que Marina já havia disparado contra o governo Dilma e Lula pelas denúncias de corrupção da Petrobras. Segundo ela, a petroleira está "desmoralizada pelo roubo pela falcatrua em 12 anos de governo do PT". E voltou a dizer: "A presidente Dilma tem responsabilidade política, não adianta querer se esquivar."



Amanhã, segundo noticiou ontem o Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor, Marina vai defender sua posição acerca da gestão da Petrobras e da exploração do pré-sal em seu eventual governo.



O evento será no Clube de Engenharia, no Rio. A opção dará um tom de discussão técnica ao encontro para contrastar com o ato político que está sendo organizado pela Frente Única dos Petroleiros (FUP), na segunda, em defesa da gestão do PT à frente da Petrobras e que poderá contar com a presença do ex-presidente Lula. (Colaborou Guilherme Serodio, do Rio)


Valor

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