sexta-feira, 14 de agosto de 2009
Recuperação do crédito impulsiona comércio
RIO - A recuperação do crédito contribuiu para o crescimento do volume de vendas do comércio varejista em junho. A taxa subiu 1,7% na comparação com maio e 5,6% em relação a junho do ano passado, mostrando que setores que haviam sido duramente afetados pela contração do crédito em meio à crise internacional já indicam recuperação nas vendas.
De acordo com Reinaldo Pereira, economista da coordenação de serviços e comércio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o setor de móveis e eletrodomésticos sinaliza uma boa recuperação que reflete a melhora do crédito. As vendas destes produtos subiram 3,3% frente a maio e caíram 1% em relação a junho de 2008, uma forte desaceleração em comparação com o tombo de 6,1% registrado no confronto anual de maio.
" Se for verdadeira a tese de que o fundo do poço passou, a tendência é de aumento da oferta de crédito e que isso repercuta no comércio varejista de forma positiva daqui para frente " , frisou Pereira. " Temos indícios de que há melhora nas atividades mais sensíveis ao crédito, no que pese os incentivos de redução no IPI de automóveis, linha branca e materiais de construção " , acrescentou.
No comércio varejista ampliado, Pereira destacou a desaceleração da queda do volume de vendas de materiais de construção. Em junho, o recuo no setor foi de 7,8%, em relação ao mesmo mês de 2008, resultado melhor que as reduções de 8,3% de maio contra maio do exercício anterior e de 15,8% de abril contra abril de um ano antes.
" O reflexo da redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) na construção é mais demorado " , lembrou Pereira.
O economista minimizou ainda o desempenho semestral, de alta de 4,4% no volume de vendas frente ao primeiro semestre do ano passado, no pior resultado para um semestre desde a queda de 1,9% observada no segundo semestre de 2003. Segundo Pereira, apesar da desaceleração nos seis primeiros meses do ano, o resultado do segundo trimestre, de alta de 5,2% frente a igual período de 2008, mostra um avanço em relação ao desempenho do primeiro trimestre, de 3,7% de expansão. O economista fez questão de frisar que, a despeito da crise, o comércio varejista segue com taxas recordes no volume de vendas.
Pereira explicou que o desempenho da renda e do emprego ao longo da crise foi essencial para que as vendas do comércio permanecessem com taxas recordes.
" O emprego não caiu muito e a renda real cresceu porque os índices de inflação caíram. Além disso, houve aumento da massa salarial " , afirmou. " Supondo tudo constante, o segundo semestre costuma ser melhor que o primeiro, mas vamos ter que pagar para ver " , acrescentou.
(Rafael Rosas | Valor Online)
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