terça-feira, 4 de agosto de 2009

Censura: O Estadão perdeu o senso de responsabilidade



Não resiste aos fatos essa afirmação de O Estado de S.Paulo hoje - e de certa forma toda a imprensa o segue nessa linha - de que a decisão judicial de impedir a publicação pelo jornal de notícias a partir do vazamento de informações sigilosas sobre um processo relativo a Fernando Sarney, "aumentou a pressão pela renúncia" do pai deste, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).

Como vocês podem ler na internet, em declarações feitas hoje, o senador José Sarney nega essa possibilidade de renúncia. Ao noticiar os fatos dessa forma, o jornal tenta pressionar a justiça, e fazê-la rever a decisão do desembargador Dácio Vieira, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, que concedeu a liminar a Fernando Sarney para que O Estado de S.Paulo não continuasse a publicar as informações obtidas de forma ilegal no processo da Operação Boi Barrica, da Polícia Federal (PF).

Observada a legislação vigente no país, a deliberação do magistrado brasiliense - e concedida em medida liminar - não representa censura nenhuma. É, sim, uma decisão judicial que pode ou não ser revogada, já que a lei assegura ao jornal o direito de recorrer, e o Estadão já anunciou a intenção de fazê-lo. A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) mediante esse recurso deve se converter, inclusive, em uma sentença histórica, porque pode por um fim aos abusos da imprensa ao estabelecer que também ela deve obedecer a limites e está sujeita ao cumprimento das leis do país.
Ao governo e aliados, acusações; aos adversários, "esquecimento".

Não há como esconder que o jornal (e a grande maioria dos demais veículos da imprensa brasileira) praticam há muito essa ilegalidade no país, a publicação de informações sigilosas, sob segredo de justiça. Fazem-no com o agravante que são noticiadas como verdade e servem de pano de fundo para campanhas de linchamento público de adversários da mídia.

Já os amigos são poupados. Estão aí os exemplos do deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), do senador Pedro Simon (PMDB-RS), do prefeito de Curitiba, Beto Richa (PSDB), da governadora gaúcha Yeda Crusius (PSDB), e dos tucanos paulistas, sempre protegidos pela mídia, a começar pelo Estadão. A estes se soma, agora, a escandalosa proteção que patrocinam, também, a dois outros senadores, Efraim Morais (DEM-PB) e o líder do PSDB, senador Artur Virgílio (AM).

A estes todos, em maior ou menor grau - uso de dinheiro de Caixa 2 para compra de apoios ou mansão, apoio incondicional a aliado envolvido em mar de denúncias, suspeita de corrupção, não importa o tipo de acusação - a mídia estende um manto de esquecimento sobre o que os envolve. Registra-as, na melhor das hipóteses, quando são feitas e esquece-as convenientemente mesmo que diariamente publique suas declarações com críticas, ataques e acusações ao governo e a aliados.

Do blog do Dirceu

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