segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Calçadas de João Pessoa: vias públicas ou estacionamentos ?


Vias públicas viram estacionamento particular em João Pessoa

Camila Alves
  
Passeios públicos sendo transformados em estacionamento privado. Pratica está presente em várias ruas de João Pessoa, sobretudo nas mais movimentadas. Na Monsenhor Walfredo Leal, no Centro, por exemplo, um flanelinha usa cones para reservar as vagas somente para quem paga por isso. Em Manaíra, na rua Sebastião Azevedo Bastos, um prédio administrativo do shopping localizado no mesmo bairro está com a calçada rebaixada e servindo de estacionamento privativo, segundo confirmou o próprio vigilante do local.

Em várias ruas próximas a esse mesmo local, como a Juvenal Mário da Silva, pessoas cobram para que os carros possam ficar estacionados nas calçadas e até nas vias públicas. A taxa média é de R$ 1,50. Conforme o direto de Trânsito da Superintendência de Transportes e Trânsito da capital (STTrans), Cristiano Nóbrega, quando o proprietário de uma casa ou edifício recua frontalmente a calçada (com mais de sete metros), ela passa a ser de domínio público. “É proibido o uso de cavaletes, cones, correntes ou a colocação de placas dizendo que não pode estacionar”, frisou Cristiano.

No caso da rua Monsenhor Walfredo Leal, o próprio flanelinha, que se identificou apenas como Evandro, assumiu que colocava os cones na lateral da via. “A preferência aqui é de quem vai para Superintendência de Administração do Meio Ambiente da Paraíba (Sudema). O pessoal vem de outros lugares querendo colocar, nas não deixo porque aí o pessoal da Sudema fica sem ter onde colocar os carros deles”, disse.

O órgão em questão está situado na rua ‘disciplinada’ pelo flanelinha. Ele disse, ainda, que bota os cones porque vive do dinheiro que arrecada ali. “Eu sou um pai de família, tenho que ter um sustento. Também dou preferência no estacionamento para quem quer lavar o carro. A pessoa liga para mim um dia antes e aí eu já reservo a vaga, pois eu tenho que ganhar dinheiro”, afirmou Evandro, comentando, contudo, que não cobra quando as pessoas querem apenas estacionar.

“Dá quem quer”, frisou. Entretanto, essa não é a versão contada pelos motoristas que já tentaram estacionar seus veículos no local. “Um dia cheguei para estacionar, os cones estavam lá e ele disse: ‘para botar aqui tem que pagar’. Quis cobrar R$ 1,50, alegando que tinha família para sustentar”, relatou um condutor, que preferiu não se identificar. O próprio Evandro contou que chega no local às 5h30 da manhã para organizar as vagas e que há cinco anos ‘trabalha’ no local.

Já nas ruas de Manaíra, alguns proprietários negam que cobrem pelos estacionamentos nas calçadas rebaixadas, embora seja possível ver ‘flanelinhas’ entregando papeizinhos no valor de R$ 1,50. A dona de casa Vera Falcão, que estacionou o carro em um desses locais, disse que “achava errada e absurda a cobrança do valor, mas também é errado cobrarem no shopping e por isso coloco por aqui que é mais barato”.

O diretor de Trânsito da STTrans, Cristiano Nóbrega, afirmou que a resolução que proíbe tais práticas está em vigor desde 2002, mas ainda é comum os comerciantes, empresários e moradores a desrespeitarem. Por isso, desde 15 de julho último foi iniciada uma campanha de conscientização, que já vem obtendo resultados. Com relação à utilização de cones ou quaisquer outros instrumentos, bloqueando trechos das vias públicas, ele enfatizou que a STTrans irá fiscalização para coibir a infração.

Sudema e shopping

A Superintendência de Administração do Meio Ambiente (Sudema), por meio da assessoria de imprensa, disse que não tem conhecimento sobre flanelinhas estarem reservando estacionamento para funcionários do órgão. A superintendente do órgão, Tatiana Domiciano, reforçou que a Sudema “não está dando ordens para que seus funcionários sejam privilegiados quanto às vagas em via pública”.

Com relação ao Manaíra Shopping, a assessoria de imprensa, apesar de procurada, não quis se pronunciar sobre o assunto.


Paraíba 1

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