Aqui no Ceará, eleva-se o clamor pelo esclarecimento da morte do líder Zé Maria
A opinião pública toma conhecimento de novas ameaças dirigidas a lideranças de trabalhadores rurais, ambientalistas e familiares do casal de extrativistas - José Claudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva – assassinado, na última terça-feira, em Marabá (PA). O crime ganhou repercussão internacional e ocorreu no momento em que estava sendo votado o novo Código Florestal.
A ousadia e o destemor dos criminosos têm base na impunidade desse tipo de crime, como reconhecem todos os que estudam o assunto. Raramente se consegue chegar aos autores de tais atentados. Mesmo que se consiga detê-los, dificilmente são condenados ou cumprem a sentença recebida. Há uma teia de interesses poderosos que se entrelaçam e impedem o avanço das investigações, sabotando-as de mil maneiras ou as tornam tão intricadas que terminam se arrastando no tempo e caindo no esquecimento, sendo logo substituídas por novos fatos do mesmo teor. E assim, ano após ano, cresce a lista de líderes sindicais e comunitários, ambientalistas e agentes de Pastoral da Terra, e até padres e freiras executados, como se viu no assassinato da religiosa Dorothy Stang, em 2005.
Aqui mesmo no Ceará, há mais de um ano, eleva-se o clamor pelo esclarecimento da morte do líder comunitário e ambientalista, José Maria Filho (Zé Maria), executado com 19 tiros, em 21/4/2010, no município de Limoeiro do Norte, depois de denunciar a poluição das águas e as mortes decorrentes do uso indiscriminado de agrotóxicos na região.
Exigir justiça, em casos como esse do Pará e outros, é ir de encontro a um muro inamovível de indiferença e resistência solertes. Basta dizer que ao ser anunciada (durante a sessão de votação do novo Código Florestal na Câmara dos Deputados) a morte do casal extrativista do Pará, a notícia foi recebida com apupos por certos integrantes da bancada ruralista, o que é bastante sintomático.
Se isso acontece na Casa maior da representação nacional, o que esperar dos brutamontes que se acoitam para perpetrar seus crimes abomináveis? Até quantas mortes serão necessárias para saciar esse Moloch sanguinário que se alimenta do atraso e da impunidade?
O Povo
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