terça-feira, 7 de abril de 2009

O Brasil de Lula e Fernando Henrique


Se bem que o Brasil em alta é uma pauta à parte. Já é tempo de tratar do efeito combinado das presidências Fernando Henrique e Lula - e das suas pessoas - para a nova apreciação do país no exterior. Já são catorze anos de uma paradoxal continuidade que aqui dentro os dois lados se recusam a reconhecer, mas que lá fora é vista como um ciclo sui-generis de expansão da presença brasileira, ancorado em duas figuras incomuns, somando-se aos fortes ganhos de modernização da economia nacional. Fica o registro.
Do mestre Luiz Weis, no Observatório da Imprensa.
Num post recente, argumentei que Fernando Henrique e Lula devem estar entre os melhores presidentes que o Brasil já esteve. Estes dois homens, muito mais amigos entre si do que muitos fazem parecer, fizeram governos de certa forma bastante diferentes. Em ambos, houve excessos de corrupção. E gafes. E erros.
Weis está certo. Esta é a terceira vez que vivo nos EUA. Uma foi quando criança; a segunda, na adolescência. Some-se viagens várias à experiência e me acostumei aos estereótipos de Brasil: samba, futebol e mulheres bonitas. Quando o interlocutor era mais sofisticado, Bossa Nova e capoeira entravam na sopa.
Não mais.
Primeira coisa que se fala a respeito do Brasil: etanol. A segunda: o país está crescendo, não? Já ouvi isso, literalmente, dentro de ônibus em San Francisco. Quando o interlocutor é mais sofisticado, não é mais com cultura que ele aparece. É com independência energética, com a sigla BRICs, ou então com perguntas a respeito de como lidar com Hugo Chávez.
Não é raro que as pessoas conheçam o nome do presidente do Brasil.
A percepção do Brasil, no exterior, mudou nitidamente. As conversas informais, nas ruas, têm sua contrapartida nas mesas que realmente importam, aquelas onde decisões estratégicas internacionalmente são tomadas.
Temos uma imprensa, e uma Internet, particularmente polarizada. Então poucos gostam de reconhecer os méritos do governo Lula, de um lado, e do governo FH, do outro. Elogiar a ambos é particularmente impopular. (Elogiar governo é coisa que jornalista não devia fazer jamais.) O governo Lula não sabe – ou não tem coragem – de enfrentar a questão da Amazônia com a seriedade que cabe. O governo FH perdeu dinheiro de grande monte numa alucinada política de manutenção de câmbio.
Mas é só olhar para nossa história: estes dois governos, em conjunto, fizeram o país subir um degrau e mudar de relevância. O que eles ainda não oferecem é uma visão futura de Brasil. Ainda não há aquele sério investimento em educação para solidificar as transformações sociais que já aconteceram. Ainda não há uma política que facilite o acesso à casa própria para pobres e classe média.
Falta tanto.
Ainda assim, há que se reconhecer o valor do que já foi feito. O artigo de Weis vale ser lido.
Pedro doria

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