quarta-feira, 17 de julho de 2013

Paraíba: JP e CG têm 80% dos médicos



Dados do CRM-PB mostram que 60% dos médicos estão concentrados na capital e os outros 20%, em CG; apenas 1.160 atuam no interior.

Katiana Ramos

Apenas 1.160 médicos atuam nos serviços de Atenção Básica à Saúde nos 221 municípios do interior da Paraíba, exceto em João Pessoa e Campina Grande. O número corresponde a 20% do total de 5.800 médicos que trabalham com atenção básica no Estado, segundo informações do Conselho Regional de Medicina da Paraíba (CRM-PB), divulgadas em entrevista coletiva realizada durante a manhã de ontem, na sede do órgão, na capital. Ainda de acordo com dados do CRM-PB, 60% dos profissionais, 3.480 médicos, está concentrada na capital e os outros 20%, em Campina Grande.


Durante o encontro, representantes do CRM-PB, Associação Médica da Paraíba, Sindicato dos Médicos e Academia Paraibana de Medicina, criticaram as recentes medidas tomadas pelo governo federal, como os vetos da presidenta Dilma Rousseff ao projeto Ato Médico e a vinda de médicos estrangeiros para o Brasil por meio do Programa “Brasil Mais Médicos”. Além disto, para as entidades médicas do Estado, a precariedade na saúde pública resulta da falta de infraestrutura para atuação dos profissionais.

De acordo com o presidente do CRM-PB João Medeiros, os mais de cinco mil médicos que trabalham com atenção básica na Paraíba são suficientes para cobrir todas as unidades de saúde do Estado. No entanto, a má distribuição dos profissionais e falta de infraestrutura prejudicam os atendimentos nos hospitais do interior e superlotam as unidades da capital e Campina Grande.

“O problema não é a falta de médico, mas a falta de estrutura e gestão, principalmente para os médicos que atuam no interior. O que nós queremos é que os médicos tenham condições mínimas para atendimento”, disse João Medeiros. O presidente do conselho criticou ainda a demora do governo do Estado na construção do Hospital de Trauma Metropolitano, que contribuiria para desafogar os atendimentos nas unidades de saúde da capital. “O projeto do Hospital Metropolitano foi anunciado há dois anos. No entanto, ainda não se vê nada. Esses problemas vêm se arrastando por anos e não é só dessa gestão”, reforçou.

As entidades médicas propuseram que os governos federal, municipal e estadual invistam na infraestrutura dos hospitais e unidades de saúde para que os profissionais tenham condições de trabalho. “O problema não é a falta de médico. É a gestão do sistema, em que faltam vontade política, de planejamento e gestão. Não podemos construir hospitais sem ter condições de custeio”, criticou o presidente da Academia Paraibana de Medicina, José Eymar.

NOVA VISTORIA NO 'JANDUHY CARNEIRO'

Até o final deste mês, fiscais do Conselho Regional de Medicina da Paraíba (CRM-PB) farão uma nova vistoria no Hospital Regional Janduhy Carneiro, localizado no município de Patos, Sertão do Estado. Segundo informações do CRM-PB, o governo do Estado teria descumprido a determinação judicial para regularizar problemas estruturais e administrativos encontrados na unidade de saúde, durante fiscalizações do conselho, desde agosto do ano passado.

De acordo com o presidente do CRM-PB, João Medeiros, irregularidades como superlotação, falta de médicos e infraestrutura precária, constatadas durante a vistoria do órgão, ainda não foram sanadas pelo Estado e já ultrapassa o prazo estabelecido pela Justiça Federal. “Já transcorreram os 60 dias que a Justiça determinou e até agora nada foi feito. O juiz estipulou uma multa irrisória de R$200 por dia, caso o Estado não cumprisse os prazos. Mesmo assim, nós faremos uma nova fiscalização e acionaremos a Justiça novamente”, disse João Medeiros.

Ainda conforme o presidente do CRM-PB, 120 unidades de saúde foram interditadas este ano na Paraíba por não oferecerem condições de trabalho aos profissionais.

A gerente de Atenção Básica à Saúde Shênia Maria Felício reconhece que faltam médicos em alguns municípios, mas afirma que o problema nem sempre é causado pela Secretaria de Estado da Saúde (SES). “A distribuição de equipes da Saúde Básica é feita de acordo com o contingente populacional, por isso João Pessoa e Campina Grande têm mais equipes.

Acontece que os gestores municipais têm dificuldade em contratar os médicos, porque muitos deles não se interessam em morar no interior. Vemos também que alguns médicos que estão nos pequenos municípios não cumprem com a jornada de trabalho, por isso a população sobrecarrega as grandes cidades”, disse.

Jornal da Paraíba


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