Existem homenagens que são atos vazios de significado, mera pantomima que se faz em torno do símbolo, pessoa que dedicou sua vida e seu sangue à uma causa que ainda pulsa nas veias dos que lutam por ela.
São homenagens que se fazem com meros discursos, construção de túmulos, museus, tombamento do local de nascimento do herói, sua residência e medalhas aos familiares sem que haja o menor comprometimento com a causa que deu significado a vida e custou a morte do herói - líder- símbolo homenageado.
João Pedro Teixeira lutou pela reforma agrária na Paraíba. Sua vida foi dedicada a esta luta dos camponeses sem terra, que liderou. Já em vida sua figura era o emblema vivo da luta pela terra. Na morte cruel, traiçoeira, sua vida ganha uma dimensão nova, a do sacrificado, que deita seu sangue pela terra que queria ver dividida.
Deixou de herança o exemplo da sua militância em favor dos despossuidos., militância total, de corpo e alma inteiros, o que o levou a sua oferenda máxima à causa, sua vida. Tudo, vida e morte, pelo que queria ver acontecer. Nele, a causa foi mais importante que a vida. Comportamento de mártir, profeta da sua causa.
A única homenagem que não frustra nem ofende João Pedro Teixeira é abraçar sua causa, fazer com que ela se concretize.
O resto é pantomima, formalidade vazia, falsa e demagógica.
O Governador da Paraíba, Ricardo Coutinho tem poderes para fazer uma justa homenagem ao grande João Pedro Teixeira. Abraçar a reforma agrária como uma política de governo.
Há quem diga: não é tarefa do Governo do Estado.
É sim tarefa do Governo do Estado. Basta querer. E decidir.
Mas o Governo tem capacidade de realizar alguma coisa em torno da Reforma Agrária.? Sim, tem muita capacidade.
Existem vários instrumentos para o Governo estadual utilizar promovendo a reforma agrária.
Primeiro, tem o Instituto de Terras da Paraíba, o Interpa que pode multiplicar sua ação lançando mão do Programa de Compra de Terras, com recursos do Governo Federal.
Outra modalidade de aquisição de terra que o governo estadual pode lançar mão é pelo instrumento da desapropriação para fins de utilidade pública. O governo Cássio da Cunha Lima já fez isso. Firmou convenio com o Incra e este transferia recursos ao governo do estado. O governo estadual desapropria e o governo federal, de forma indireta, paga.
O Governo do estado tem ainda a Emater para prover os assentados e agricultores familiares de uma assistência técnica digna desse nome. Assim os agricultores familiares estarão assistidos ao fazer seus projetos e tomar decisões..
Da mesma forma cabe ao Governador Ricardo Coutinho escolher seus caminhos. O da demagogia fácil e barata ou aquele que honra João Pedro Teixeira e todos os que lutaram pela reforma agrária na Paraíba.
Nos torcemos e temos esperança que o Governador abrace a reforma agrária como nenhum outro governador o fez até agora. È certo que os caminhos não são fáceis. Erros podem ser cometidos. Nem é absolutamente seguro que as experiências passadas sirvam para iluminar as iniciativas de hoje. Mas uma coisa é certa, com vontade e decisão, criatividade e humildade sempre se há de colher frutos positivos. Só custa tentar.
É o que esperamos do Governador que chegou com a marca do novo. Inovar.
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