O terremoto e o tsunami que há pouco mais de uma semana mataram quase 8 mil pessoas no Japão, a visita do presidente Barack Obama ao Brasil hoje e amanhã e, principalmente a concentração (e torcida) que permeia o noticiário ante uma iminente invasão da Líbia - camuflada pelo eufemismo do estabelecimento de uma "zona de exclusão aérea" no país - diminuiram o espaço dado pela imprensa às revoltas populares nos países árabes e do Oriente Médio.
Elas continuam se alastrando, porém, e muito. O Bahrein continua invadido por tanques e tropas da Arábia Saudita e do Qatar, apoiadas pelos Estados Unidos. A rebelião popular recrudesceu muito no Iêmen e alastrou-se até a Síria.
Na Síria, nem se pode dizer que os protestos começaram agora no país, porque o noticiário, ainda que em notas discretas, e mais, vídeos na Internet, dão conta de que há manifestações contra o governo há pelo menos uma semana.
Os dois pesos e duas medidas
A diferença, é o que eu digo sempre a vocês: toda ênfase, torcida mesmo, é dada à uma invasão da Líbia, governada por Muamar Kaddhafi, inimigo dos Estados Unidos. Já a situação no Bahrein e na Síria governados por aliados (Bahrein) ou governos relativamente neutros (Síria) em relação a Washington, é propositadamente escondida.
Aos rebeldes da Líbia, pró-deposição de Kaddhafi, todo apoio em armas, assistência militar, declarações e ações chanceladas até pela ONU; à oposição no Bahrein, no Iêmen, na Síria e em quantos países mais onde a rebelião se alastra, mas são governados por amigos dos EUA, o silêncio e a máxima discrição na mídia em relação à sua luta.
Mas, os EUA e as potências ocidentais - países de origem ou que controlam a maioria das agências internacionais de notícias - não conseguem enganar todo mundo o tempo todo. Principalmente, através da Internet, veem fracassar o seu esforço de dirigir o noticiário contra os rebeldes e a oposição dos países conflagrados.
O Direito vale para todos ou só para amigos?
Guerra noticiosa à parte, sobre Oriente Médio, a pergunta que temos que fazer agora é: o Conselho de Segurança da ONU intervirá, também, na Síria e no Iêmen, onde as rebeliões eclodiram ou cresceram mas são governados por aliados ou simpatizantes dos EUA? Ou vai continuar compactuando com a repressão nestes dois países e com a invasão do Barhrein pela Arábia Saudita e Qatar apoiada pelos EUA ?
Vão intervir, exigir respeito aos direitos humanos da população e da oposição, ou o direito internacional só vale para o Conselho de Segurança quando se trata da Libia? (vejam, abaixo, o post"Rebeliões alastram-se no Oriente Médio").
Blog do Dirceu
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