segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Erundina: "Considero o veto um atentado à democracia"



Vetada em programa da Rádio Bandeirantes, a deputada federal Luiza Erundina (PSB-SP) crê ter sofrido represália da direção do grupo por conta do seu posicionamento em relação às concessões para meios de comunicação.

André Rossi

Na quarta-feira da última semana, dia 9, a deputada Luiza Erundina (PSB-SP) foi impedida de conceder uma entrevista à Rádio Bandeirantes, para o programa Manhã Bandeirantes, de José Luiz Datena, por ordens superiores da direção da rádio e emissora de televisão. Segundo a deputada, a solicitação de entrevista foi encaminhada pela produção do programa, que momentos antes da hora marcada para a conversa por telefone ligou para sua assessoria cancelando o combinado. Erundina falaria na ocasião sobre o Projeto de Lei n° 55/2011, que institui referendo popular para aprovar ou não reajustes nos vencimentos de parlamentares e presidente da República.

Ao procurar saber o motivo pelo qual a entrevista havia sido cancelada, a assessoria da deputada procurou a direção da Bandeirantes e ouviu diretamente do presidente João Carlos Saad que o veto era “uma resposta aos ataques que a deputada vinha fazendo à Rede Bandeirantes”.

A reportagem de Fórum entrou em contato com a parlamentar para saber sobre o caso. Entenda:

Fórum – Em contato com o presidente da emissora, quais justificativas foram passadas para o veto da entrevista?

Erundina – Acredito que essa medida foi inferida por conta da minha iniciativa em 2010 quando apresentei um requerimento junto à Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática (CCTCI) da Câmara, para a realização de audiências públicas com o objetivo de debater a renovação de concessões públicas de rádio e TV. Ele me acusou de perseguir a Bandeirantes e disse que, por mim, a rede já estaria fechada. Disse também que se eu tratava a Band daquela maneira, não deveria querer dar entrevistas a eles.

Fórum – O que esse veto representa?

Erundina - Considero isso um atentado à democracia. Eles falam tanto em liberdade de expressão e coíbem uma representante do povo e uma parlamentar que tem a responsabilidade de zelar pelo interesse público, como tratava meu Projeto de Lei.

Tudo aquilo que o mandato me permitir encaminhar para tentar criar um mecanismo de consulta à sociedade sobre a renovação de uma concessão pública eu farei. Não faço mais que minha obrigação.

Fórum – Como você enxerga a relação do veto com o papel público da emissora.

Erundina – Nada é mais do interesse público do que acompanhar o serviço concedido pelo Estado em nome do povo. Os grandes meios de comunicação no Brasil não admitem qualquer intromissão no seu oligopólio, o que contraria a discussão sobre o marco legal das comunicações no Brasil, tema que já está na agenda da sociedade. Mesmo assim, esse setor não conta com nenhuma participação da sociedade civil.

Fórum – O caso ganhou muita repercussão nos últimos dias...

Erundina – Repercutiu muito nas mídias virtuais e redes sociais. Foi uma questão muito importante, pois tratava de um referendo para reajustes de subsídios de parlamentares e membros do governo. Esse tema, ainda mais com esse veto, implodiu esse debate na sociedade.


Revista Fórum

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