segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Na Paraíba : hospitais não seguem regras e só controlam infecções no papel


Camila Alves

Falta de material higiênico-descartável e de infraestrutura adequadas de trabalho, além da inexistência de uma Comissão de Controle da Infecção Hospitalar (CCIH) atuante. Cerca de 90% dos hospitais da Paraíba apresentam esses problemas e não possuem segurança contra infecções, segundo informou o diretor de fiscalização do Conselho Regional de Medicina da Paraíba (CRM-PB), Eurípedes Mendonça.

“Não existe segurança de controle hospitalar. É uma situação mutio difícil que vemos no Estado, sobretudo nas unidade localizadas no inteior. As CCIHs existem no papel, mas na prática não são atuantes, não realizam ações e nem planejam estratégias de combate”, lamentou o médico. Ele explicou ainda que uma portaria do Ministério da Saúde estabelece que todos os hospitais devem ter uma CCIH que monitore os germes que estão circulando nos ambientes hospitalares, avalie a higienização dos equipamentos, além de promover orientação para os profissionais da instituição.

Eurípedes enfatiza que o ideal, conforme a resolução, é que cada comissão seja composta por cinco membros: médico, enfermeiro, bioquímico, microbiologista e um representante da direção do hospital. Esse profissionais vão fiscalizar desde as salas onde são feitas as esterelizações dos equipamentos às cozinhas dos hospitais. “Quando existe um paciente infectado, por exemplo, as comissões são responsáveis por isolar essa pessoa para que não haja infecção cruzada”, aponta, acrescentando que os próprios médicos, muitas vezes, são vetores de doenças, porque não seguem as normas de higienização.

“É essencial que se lave as mãos antes de atender cada paciente. Recentemente uma portaria estabeleceu a obrigatoriedade de tubos de álcool em gel nos corredores dos hospitais, mas as pessoas que frequentam as unidades também não seguem a orientação”, destacou, explicando que as mãos são o principal meio de transmissão de germes. Para Eurípedes, é preciso ainda um trabalho de conscientização intenso com toda a sociedade e, principalmente, com os profissionais que atuam nos hospitais.

Em unidades localizadas no inteior, até a falta de água é elencada como problema. Também não há conservação na pintura e os banheiros não são adequados. São utilizados materias como inadequados, como sabão em barra e toalha de pano, quando a determinação é que sejam utilizados sabonetes líquidos e toalhas de papel, que diminuem os riscos de infecção. “90% dos hospitais não seguem todas as nomas de vigilância”, reforça. Há instituições, inclusive, que não possuem um equipamento moderno essencial, usado na esterelização, o autoclave.

“Em muitos lugares ainda é usada a estufa, só que faz mais de 20 anos que ela é contraindicada pela Agência de Vigilância Sanitária Nacional porque não funciona. Então, o paciente pode entrar com uma doença na unidade e sair com outra ainda mais grave”, aponta o diretor de fiscalização do CRM.

Na Paraíba, conforme a Secretaria de Estado da Saúde (SES), são mais de 30 hospitais próprios que compõem a rede pública estadual, sendo a maioria deles concentrados nos dois grandes centros: João Pessoa (11) e Campina Grande (9). A SES não soube precisar, contudo, quantos deles possuem uma comissão instalada de combate às infecções. Foi informado que este levantamento ainda está sendo feito e que a Comissão de Infecção Hospitalar do Estado da Paraíba está em fase de formação.

Paraíba 1

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