sábado, 13 de agosto de 2016

E se Dilma não tivesse participado da farsa de um julgamento corrompido?

 Paulo Nogueira

Condenada a priori

Que você deve fazer diante de uma farsa? Diante de um julgamento em que será inapelavelmente condenado, não importa se culpado ou inocente?

Há duas alternativas. Uma é legitimar a farsa. Participar dela. Constituir um advogado que defenderá você como se houvesse qualquer chance de salvá-lo. Apresentar a defesa diante de seus carrascos, como se o julgamento não fosse de mentirinha. E saber que o veredito será culpado.

A alternativa é denunciar o embuste. Aproveitar os microfones e dizer o que está acontecendo. Tirar toda chance de legimitização da trapaça dusfarçada de julgamento.

Enfrentar os falsos juízes, em suma. Sem metáforas, sem meias palavras, sem hesitação. Com a verdade, com a sinceridade, com a coragem cívica de quem se bate por uma causa da naciolidade, muito mais que por um interesse pessoal e localizado.

Combater o bom combate. E tombar de pé, se perder.

Dilma optou pela primeira saída. Legitimou o circo. Fez parte dele.

O que teria acontecido se ela tomasse o outro caminho?

Me ocorre, como resposta, Sócrates diante de seus discípulos ao tomar a cicuta que o forçaram a tomar. Suas palavras foram registradas por um deles, o maior aliás, Platão, no livro Fédon.

Sócrates os consolava diante da morte iminente. E disse mais ou menos o seguinte: “Aqui nos despedimos. Qual destino é o melhor, o de vocês ou o meu, jamais saberemos.”

O mesmo se aplica à atitude de Dilma. Se teria sido melhor participar da encenação da plutocracia corrupta ou repudiá-la energicamente, jamais saberemos.

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