quarta-feira, 12 de março de 2014

Édipo, o rei do Nordeste


Com texto de Racine Santos e dirigida por João Marcelino, espetáculo 'A Grande Serpente' estreia nesta quarta-feira (12) na capital.

Tiago Germano

Em João Pessoa o espetáculo fica em cartaz no Centro Cultural Piollin e segue no sábado (15) para Campina Grande

Arão é o coronel que governa com mãos de ferro um vilarejo que começa a sofrer com a seca. Alertado pela louca Joana, descobre que ele mesmo é o causador involuntário da desgraça que se abate sobre os habitantes humildes e supersticiosos do lugar. A história desta Tebas perdida nos ermos da caatinga é contada pela Grupo Imbuaça em A Grande Serpente, espetáculo que estreia hoje em João Pessoa e no sábado em Campina Grande.

O texto de Racine Santos, dirigido por João Marcelino, fica em cartaz na capital, às 20h, no Centro Cultural Piollin. Em Campina Grande, a sessão será também às 20h, no Cine-Teatro do Sesc Centro. A entrada para as duas apresentações é gratuita.

Os sergipanos do Grupo Imbuaça retornam à Paraíba após a temporada de 2011 do Palco Giratório, quando trouxeram para as ruas das duas cidades a montagem O Mundo Tá Virado, que bebia da literatura de cordel para explorar um tema bastante comum entre os folhetos: a esperteza.

CULTURA POPULAR

Segundo o ator Lindolfo Amaral, que em A Grande Serpente interpreta o coronel Arão e um cantador misterioso inspirado no profeta cego Tirésias, a cultura popular nordestina é o centro da pesquisa dramatúrgica do Imbuaça, que conheceu a obra de Racine Santos a partir de um livro apresentado por Paulo Vieira, professor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB): De Sol, de Pedras e Punhais (2007), que reúne três peças do dramaturgo potiguar.

"Sempre que é possível, estamos estudando autores nordestinos", afirma Lindolfo. "Nos interessa muito investigar esse material buscando uma forma de inseri-lo no contexto nacional."

A Grande Serpente está circulando o Nordeste com recursos do Prêmio Myriam Muniz conferido ao Imbuaça pela Fundação Nacional das Artes (Funarte) no ano passado. O ponto mais recente da turnê foi em Natal (RN), local de origem de Racine Santos.

"Ele pesquisou o trabalho de Sófocles e colocou toda a situação no interior do Nordeste", descreve Lindolfo. "Quando pegamos o texto para montar, inserimos elementos da cultura popular, como músicas e situações do nosso cotidiano. Nosso desejo é que o público saia do teatro pensando sobre a peça, mas que consiga fazer isso sem subterfúgios, sem que a peça pareça hermética ou intelectualizada."

Para tanto, a encenação é feita em um palco circular, que aproxima o público da ação dramática. "Queremos levar o espectador para um outro espaço, mas mantendo um contato direto com ele", argumenta o ator. "Sempre vislumbramos esta última presença cênica que é o público."


Jornal da Paraiba

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...