sábado, 9 de janeiro de 2016

O grande rentismo não perde um centavo


Chico Alencar

A SELETIVIDADE TRIBUTÁRIA OU: "AJUSTE FISCAL" PARA QUEM?

“Ajuste fiscal” devia implicar uma reforma tributária profunda, que, em um país desigual como o nosso, taxasse mais aquele 1% que concentra patrimônio, riqueza e renda bilionários. Mas não: “ajuste” é contenção de gasto público com... programas sociais. O grande rentismo não perde um centavo. Ao contrário, os bancos tiveram ganhos de 30% ano passado.


E o Orçamento da União, mais uma vez, manterá intocáveis os mais de 40% destinados a pagamentos de juros e serviços da dívida. Quando se fala em “déficit primário” está se referindo – a mídia hegemônica não destaca isso – a apenas 7,5% do total, justamente para remunerar juros e serviços da dívida, mais que os R$350 bi da Previdência Social e quase 2,5 vezes a despesa com pessoal e encargos do governo federal! É o império do capital financeiro, em detrimento dos valores do trabalho e da produção.

Esse modelo impera no mundo, e a reação da Grécia – que praticamente vive de turismo e produção agrícola baseada em azeitona e uva - não é exemplo de fracasso, mas de uma dinâmica contestadora que ainda se desenvolve. É uma questão de soberania dos povos e de reestruturação profunda da economia mundial. Não é nada fácil enfrentar a ‘troika’ (FMI, Banco Mundial, União Europeia) e seus dogmas, mas com a dura negociação algumas concessões foram feitas, de parte a parte.

Lembre-se que Tsipras, mesmo com a divisão de seu partido, o Sryza, foi reconduzido como primeiro ministro. O processo ainda está em curso e é muitíssimo interessante. Interessa a todos os países do hemisfério sul, que sofreram os efeitos históricos do colonialismo e do imperialismo. Não há modelo único, há o hegemônico, do capitalismo em sua etapa de financeirização absoluta. Mas ele não é imutável, até o Papa Francisco diz isso com frequência.

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