terça-feira, 10 de agosto de 2010

Executadas dentro da própria casa



Duas mulheres que viviam juntas foram assassinadas com vários tiros na madrugada de ontem, em João Pessoa

Familiares ficaram surpresas com a notícia da morte, pela manhã

No dia em que o Governo da Paraíba inaugurou o novo prédio da Delegacia Especializada da Mulher, em João Pessoa, um crime bárbaro contra duas delas chocou a capital. Um duplo assassinato, registrado na madrugada de ontem, no bairro de Mandacaru, aumentou para 36 o número de mulheres assassinadas no estado só este ano.

Terezinha Ribeiro dos Santos, 52 anos, e sua companheira, Risomere Farias da Silva, de 21 anos, viviam juntas há cinco anos, numa união estável, aceita pelos familiares. As duas foram executadas a tiros de pistola, dentro da casa onde moravam, na comunidade Porto de João Tota, conhecida como um das mais violentas da cidade.



Os disparos foram ouvidos de perto pelo filho de sete anos de uma das vítimas, que dormia no mesmo quarto que Terezinha e Risomere quando a casa foi invadida. O autor ou autores do crime teriam destelhado o teto da cozinha e trancado o garoto em outro cômodo da casa, antes da execução. O menino permaneceu trancado até o início da manhã de ontem, quando uma pessoa da família se deparou com a porta da cozinha aberta e entrou na residência para verificar o que teria acontecido.

Ao chegar no quarto, a mulher se deparou com um rastro de sangue e o corpo de Terezinha Ribeiro, assassinada com sete tiros, em cima da cama. O corpo de Risomere Farias, executada com 10 tiros, estava de joelhos, seminua, ao lado da cama. Ao ver os corpos a mulher ouviu o choro da criança e arrombou a porta para retirar o menino do local. Ele contou que a mãe gritou muito, dentro do quarto, dizendo que o guarda roupa tinha caído sobre ela.

O crime aconteceu por volta das 2h30 da madrugada, quando o Centro Integrado de Operações Policiais (Ciop) recebeu uma ligação anônima informando sobre os disparos na rua José Betânio. Uma viatura foi até o local, mas como não constatou nenhum tiroteio, retornou ao quartel. Por volta das 6h, um novo chamado. Desta vez a pessoa informava sobre a localização dos corpos dentro da casa.

Familiares e amigos das vítimas assistiram, desesperados, a retirada dos corpos, que foram levados para o Departamento de Medicina Legal, onde serão necropsiados.

Algumas pessoas chegaram a passar mal e desmaiar no momento em que os corpos foram carregados pelos braços e pernas e colocados nas gavetas do rabecão.

Aos gritos, familiares de Terezinha e Risomere pediam justiça e que o autor ou autores dos assassinatos fossem identificados, presos e condenados. O delegado Isaias Gualberto, que estava de plantão na Delegacia de Crimes Contra a Pessoa, esteve no local e ouviu várias pessoas, mas não falou sobre nenhuma linha de investigação definida. A polícia informou que mais de 20 tiros foram disparados na casa.

Terezinha era aposentada e Risomere trabalhava numa barraca que tinha na frente de casa, onde vendia biscoitos e doces para crianças. Além do pequeno comércio, contava ainda com a ajuda de familiares, que compravam rémedios para ela, que sofria de pressão alta. As duas viviam bem e, de acordo com informações de vizinhos e amigos, nunca chegaram a discutir.


O Norte

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