domingo, 21 de maio de 2017

O Fim da República dos Procuradores ?


Se perito da Folha estiver certo, Joesley tem que ser imediatamente preso e Janot afastado da PGR

O que está em jogo com a divulgação de reportagem da Folha de S. Paulo sobre manipulação do áudio da conversa entre o presidente Michel Temer e o empresário Joesley Batista, da JBS, não é pouca coisa. É toda a reputação do Ministério Público e de alguma forma também a do que sobrou do jornal Folha de S. Paulo, que decidiu escapar das garras da Globo neste episódio.

Ricardo Caires dos Santos, perito judicial pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, foi contratado pela Folha e concluiu que a gravação sofreu mais de 50 edições. E acrescentou que o áudio divulgado pela Procuradoria-Geral da República tem indícios claros de manipulação


O perito foi ainda mais longe e disse que a gravação divulgada tem “vícios, processualmente falando”, e que por isso estaria invalidada como prova jurídica.


O áudio foi feito pelo empresário na noite de 7 de março e a PF só teria entrado no caso no dia 10 de abril.

Outro perito entrevistado pela Folha, o famoso Ricardo Molina, do caso Bolinha de Papel do Serra, não teria feito uma análise formal do áudio, mas declarou que a gravação é de baixa qualidade técnica.


Para ele, uma perícia completa e precisa obrigaria a verificação também do equipamento com que foi feita a gravação. E disse: “Percebem-se mais de 40 interrupções, mas não dá para saber o que as provoca. Pode ser um defeito do gravador, pode ser edição, não dá para saber.”


O buraco é mais embaixo

Mas esse não é um debate sobre se há ou não problema na gravação. É sobre manipulação de um áudio envolvendo um presidente da República, mesmo que ilegítimo. Se isso ocorreu, a Procuradoria Geral da República é responsável. E o empresário-delator, idem.


Isso deve não só anular esta investigação contra Temer, como anular qualquer hipótese de acordo com a JBS. Os casos denunciados pelo empresário precisam ser investigados, mas o Procurador Geral da República terá de ser responsabilizado pelo ocorrido.


Nas democracias investigações que envolvem chefes de governo e/ou de Estado precisam ser conduzidas com imenso rigor. Este blogueiro tem certeza que o impeachment de Dilma só chegou a termo por conta da divulgação ilegal da conversa entre ela e Lula, que o impediu de assumir a Casa Civil. Lula teria dado outro rumo ao governo.

Mas como o justiciamento naquele momento era total, não houve, além dos blogueiros sujos, quem condenasse aquele absurdo.

Agora, surge essa hipótese de montagem de um áudio na PGR para derrubar Temer. Se comprovado, ficará claro que o Ministério Público está agindo como partido político e que não tem mais condições de investigar quem quer que seja. Janot, neste caso, tem que ser imediatamente afastado das suas funções como Procurador Geral da República e do próprio MP. E tem que ser processado por crime contra o Estado.


Eu, sinceramente, ficarei surpreso se a montagem for comprovada. Não porque ache que o MP é um convento, mas porque isso seria algo absolutamente infantil. Nem um completo imbecil acreditaria que um áudio com esse potencial de mudar os destinos do país não seria periciado.


Ou seja, ainda é cedo para dar crédito total à matéria da Folha, que, aliás, na insignificante opinião deste blogueiro, deveria ter pedido para que outros peritos fizessem análise completa do áudio antes de publicar sua reportagem.


De qualquer maneira um capítulo novo da crise acaba de ser aberto com esta matéria. E se ela estiver correta será o fim da República dos Procuradores. Caso contrário, enterrado estará o que restou da credibilidade da Folha, pois ficará claro que ela tentou jogar uma boia de salvação para Temer.


Revista Fórum


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