sábado, 19 de dezembro de 2015

O ativismo de sofá pode funcionar. Professores estudaram quatro casos



Kaluan Bernardo
 

Mudar a foto de perfil para uma causa, usar hashtags e enviar mensagens para autoridades: a militância de virtual tem o seu papel

Pesquisa indica que ativismo online é eficiente


Mudar a foto de perfil para manifestar apoio a vítimas de uma tragédia; utilizar uma hashtag para reunir denúncias sociais; retuitar fotos de protesto; cobrar autoridades nas redes sociais. Nada disso é novo. Há tempos, discute-se a eficiência do chamado ativismo de sofá.

Um novo estudo, conduzido pela professora Sandra Gonzáles-Bailón, da Universidade da Pensilvânia, e de Pablo Barberá, da Universidade de Nova York, revela agora que esse tipo de ação online pode, sim, ajudar em determinadas causas.

A pesquisa analisou milhares de tuítes relacionados ao movimento Occupy em 2011, nos EUA, e aos protestos no Parque Gezi, em 2013, na Turquia. Também avaliaram a discussão online no Oscar em 2014 e no debate sobre o aumento do salário mínimo nos EUA.

O estudo concluiu que, em muitos casos, o ativismo de sofá funciona. Veja por quê:
Do centro para a periferia. No caso dos protestos do Parque Gezi, o centro do conteúdo online vinha dos participantes que estavam presentes fisicamente na manifestação. A informação partia desse núcleo e chegava à “periferia digital” — composta por pessoas que não estavam diretamente envolvidas nas manifestações, mas divulgavam opinião sobre o assunto.

Impacto numérico. Os “usuários periféricos” (aqueles que acompanhavam as manifestações apenas pela internet) não eram tão ativos quanto os que estavam verdadeiramente no local. No entanto, eles eram muito mais numerosos e conseguiam impactar mais pessoas do que quem estava nos protestos. Por isso, no caso de atos políticos, “usuários periféricos” são tão importantes quanto os que protestam fisicamente.

Expansão da mensagem. “Ao expandirem o alcance das mensagens enviadas pela minoria mais comprometida, a periferia [digital] pode amplificar suas vozes e ações”, diz o estudo.


Vale lembrar, no entanto, que o ativismo de sofá nem sempre é suficiente para determinar o sucesso de uma causa. Em alguns casos, os usuários mais distanciados da discussão não são numerosos o suficiente para chamar a atenção para determinada causa. Além disso, os fatores que levam alguém a se engajar em um tema são muito complexos. A divulgação massiva do assunto em redes sociais envolve apenas um deles. 


Nexo Jornal

 

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