quinta-feira, 30 de julho de 2015

FHC deveria aceitar o convite de Lula para conversar?



Quanto pior, pior

Por Michel Zaidan

O repórter do JC perguntou o que achava da atitude do ex- presidente Fernando Henrique Cardozo em rejeitar o convite de Lula para uma conversa sobre a crise política que ora atravessamos no país. Repliquei que, em outros países, existe uma espécie de um Conselho da República, que reune notáveis e velhos políticos, que se reúne em situações como essas para discutir os problemas e ver o que é o melhor para o país, independentemente de partidos, ideologias ou interesses particulares.

 
Infelizmente, no Brasil, não existe algo semelhante. Quando se instala uma crise política, como a atual, ela parece o fim dos tempos. Há algo de messiânico e apocalíptico na cultura política brasileira. Ou seja, uma crença de que quanto pior, melhor. Do caos, sai a luz. Da desorganização, sai uma nova forma de organização do universo. Esta tese – muito a gosto dos pescadores de águas turvas e candidatos a messias político – é um enorme equívoco. Quanto pior, pior. 

A política brasileira mais parece um abismo sem fim e a profundidade da queda acarreta mais malefícios à sociedade. Que FHC critique o caráter privado, esquivo, quase clandestino do encontro pretendido por Lula, alegando que se parece com um “conchavo” e o que tiver ser feito, tem de ser feito, no fundo é uma aposta irresponsável pelo pior, achando ele e os seus que o PSDB (e os brasileiros) teria algo a ganhar com o afastamento da Presidente Dilma do cargo. Primeiro, o beneficiado é o PMDB e o vice-presidente da República, Michel Temer. Segundo, esses acontecimentos são imprevisíveis na política brasileira. Ninguém – com certeza – pode prever a dimensão, o desfecho ou vulto que as coisas poderiam tomar, caso se concretizasse a aposta do PSDB. 

Acima de tudo, é irresponsável, pouco sensato, despojado de magnanimidade e interesse público desejar o aprofundamento de uma crise política, apenas por vingança, retaliação ou interesses partidários. Além do que, a crise não é só política, embora a política influencie a crise econômica. Ela é também econômica e parece se aprofundar cada vez mais por conta das especulações, intrigas e manobras dos partidos da oposição a Dilma. Não se dão conta os oposicionistas que suas manobras conspirativas não abalam só o prestígio ou a popularidade da atual titular da Presidência da República brasileira. Prejudicam sobretudo ao país, aos brasileiros. 

Parte da crise econômica é de responsabilidade da instabilidade política, da crise de governabilidade no Congresso, da baixa popularidade da Dilma e dos boatos em torno de seu eventual impedimento, em razão dos processos nos tribunais superiores.

Nada disso faz bem ao Brasil e os brasileiros. Espera-se que as instituições judiciais e policiais funcionem com absoluta normalidade, sem pré-julgamento de suas ações. Aguarda-se um julgamento técnico das contas da Presidente e o pronunciamento do Congresso Nacional, livre de paixões ou espírito de facção. O que tiver de ser feito, será. Mas torçamos pelo melhor para o Brasil. Quanto melhor, melhor e não o contrário.

Blog do Jamildo


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