segunda-feira, 16 de março de 2015

A Festa dos Ladinos: Desinformação, Preconceito e Egoísmo.


Os escravos que trabalhavam na casa grande recebiam um tratamento melhor e, em alguns casos, eram considerados pessoas da família. Esses escravos, chamados de "ladinos" (negros já aculturados), entendiam e falavam o português e possuíam uma habilidade especial na realização das tarefas domésticas. 


Os escravos chamados "boçais", recém-chegados da África, eram normalmente utilizados nos trabalhos da lavoura. Havia também aqueles que exerciam atividades especializadas, como os mestres-de-açúcar, os ferreiros, e outros distinguidos pelo senhor de engenho. Chamava-se de crioulo o escravo nascido no Brasil. Geralmente dava-se preferência aos mulatos para as tarefas domésticas, artesanais e de supervisão, deixando aos de cor mais escura, geralmente os africanos, os trabalhos mais pesados.


A convivência mais próxima entre senhores e escravos, na casa grande, abriu espaço para as negociações. Esta abertura era sempre maior para os ladinos, conhecedores da língua e das manhas para "passar a vida", e menor para os africanos recém-chegados, os boçais. Na maioria das vezes, essas negociações não visavam à extinção pura e simples da condição de escravo, e sim, obter melhores condições de vida: manutenção das famílias, liberdade de culto, permissão para o cultivo em pedaço de terra do senhor, com a venda da produção, e condições de alimentação mais satisfatórias.

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Extrato de
Escravidão: Negociação e Conflito, de Eduardo Silva


Multirio


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