quarta-feira, 18 de março de 2015

Fora Pagotto

Pobre de Espírito  ? 

Insustentável: Artigo de jornalista aconselha dom Aldo Pagotto entregar o cargo de arcebispo. Religioso esgotou a paciência dos paraibanos

O arcebispo metropolitano Aldo Pagotto alcançou o último degrau do descrédito junto aos seus paroquianos, depois que uma nota subscrita por dezenas de entidades ligadas ao trabalho pastoral da arquidiocese paraibana, pedindo o seu afastamento do cargo de chefe da igreja cristã na Paraíba, chegou ao conhecimento público.

Figura controvertida e polêmica - que lembra aqueles sacerdotes com estreitas ligações com a Máfia descritas no celebre romance de Mário Puzzo, o Poderoso Chefão -, Aldo Di Cillo Pagoto nunca conseguiu estabelece uma relação de cordialidade com os cristãos paraibanos, saudosos de pastores ao estilo de Dom José Maria Pires cuja luta em prol dos pobres e desamparados deu-lhe dimensão nacional.

Os desentendimentos entre o arcebispo e seus paroquianos já causaram perplexidade e contribuíram para o desgaste de sua imagem de condutor de almas. Foram tantos e tão intensos que se transformaram em tema de discussão ao ponto de chamar a atenção de vários segmentos da sociedade.

O assunto hoje, domingo, é tema de uma das colunas mais respeitadas e mais lidas da imprensa paraibana, a do jornalista Rubens Nóbrega, que no seu estilo mordaz e de sutil ironia termina por arrasar a figura contestada e detestada do religioso.

Engajado na luta das entidades religiosas, que pedem a cabeça do arcebispo, o Jampanews transcreve abaixo o artigo do jornalista enviado por Ivaldo Gomes:


Insustentável


Discordo dos que discordam de Dom Aldo Pagotto e, por discordarem, querem vê-lo longe daqui, substituído no comando da Igreja Católica na Paraíba.

Não só querem como estão pedindo a quem de direito porque Sua Eminência Reverendíssima seria preconceituosa e intolerante em relação aos pobres.

Mas isso, possível traço de personalidade, é também direito dele. Dom Aldo tem todo o direito de manifestar todo o seu preconceito e intolerância contra os pobres.

Penso até que se age assim é porque talvez acredite que subirá ao Reino dos Céus por ser pobre de espírito, conforme prometeu Jesus na montanha.

O melhor a fazer, então, é rezar para que o Senhor tire todo o ódio que há no coração de Dom Aldo contra aqueles que combatem injustiças e iniqüidades.

“Não temas, minha donzela, nossa sorte nessa guerra”. Também disse Jesus: “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados!”.

Da mesma forma, Dom Aldo tem todo o direito de criticar, perseguir e discriminar os movimentos sociais que lutam pelos mais humildes e excluídos.

Deus haverá de prover bom destino aos exilados das bênçãos e preces de Dom Aldo. “Felizes as pessoas humildes, pois receberão o que Deus tem prometido”, não é mesmo?

Do mesmo modo, Dom Aldo tem todo o direito de se aliar a qualquer grupo, partido ou político, ainda que o mais retrógrado e corrupto, e defendê-lo com toda a paixão.

Até por que o arcebispo também tem o direito de ser e se manter coerente com a sua opção política e ideológica. Aceitemos, pois. Democraticamente, aceitemos.

Por igual razão, a ninguém é dado o direito de negar a Dom Aldo o direito de se postar contra qualquer proposta de reforma agrária, mesmo aquela defendida pela CNBB.

Por essa e outras, não entendo como se possa pretender tirar de Dom Aldo o direito de atacar, procurar fragilizar e esvaziar pastorais e comunidades eclesiais de base.

É o mínimo que se espera de quem trata “com arrogância e desprezo” os que podem menos e com privilégio “os ricos e poderosos” que podem mais ou, vez em quando, tudo.

Deixem Dom Aldo afrontar “um pleito legítimo e justo como é o Plebiscito pelo limite do tamanho da propriedade da terra, no Brasil”, como vocês próprios dizem.

Não dá para esperar apoio à reforma agrária e aos trabalhadores sem terra de quem sacraliza o direito de propriedade e demoniza quem só quer a terra para sobreviver.

Não dá para cobrar posições em favor de quem mais precisa a quem tentou barrar um Frei Anastácio no Incra da Paraíba para, no lugar do frade, botar um latifundiário.

Não dá para exigir dele que tenha pena das vítimas do crime organizado quando publicamente nega a existência dos grupos de extermínio na Paraíba.

Por que, então, ó Pai, esperar que Dom Aldo faça algo diferente do que fez contra o padre-deputado Luiz Couto, justamente um alvo preferencial dos exterminadores?

Ou vocês acham que passaria incólume pelo arcebispado atual quem prega e pratica tudo aquilo que se apresenta como o inverso do que prega e pratica o seu arcebispo?

Que assim seja

Diante do exposto, defendo enfaticamente que a Dom Aldo de Cillo Pagotto sejam oferecidas todas as garantias ao exercício pleno de suas incoerências e contradições.

Por exemplo: se Dom Aldo é contra os religiosos na política e, ao mesmo tempo, comporta-se feito governador tucano ou senador democrata, ninguém tem nada com isso.

Se Dom Aldo chega à Paraíba proibindo casamento luxuoso e depois celebra o mais luxuoso de todos, casando filhos de correligionários que ficaram ‘podres de rico’...

De outro lado, é problema de Dom Aldo se ele mandou ou deixou fechar a Casa de Convivência Positiva, que ajudava pessoas vítimas de Aids em João Pessoa.

Ninguém tem nada a ver se Dom Aldo é favorável ao trabalho infantil, à redução da maioridade penal e, por conseguinte, contrário ao Estatuto da Criança e do Adolescente.

Nem por isso, pelo amor a Deus, queiram puxar filme antigo e crucificar Dom Aldo só porque ele foi acusado pelo Ministério Público do Ceará de defender padre pedófilo.

Não tentem, por tudo quanto é sagrado, satanizar o arcebispo da Paraíba só porque ele foi denunciado por tentar intimidar adolescentes vítimas de pedofilia lá no Acaraú.

Razão de ser

Bem, o que faço aqui é contraponto ao que fez semana passada meia centena de leigos, leigas, religiosas, religiosos, diáconos e presbíteros da Arquidiocese da Paraíba.

Refiro-me ao pessoal que resolveu vir a público ‘pedir a cabeça’ do arcebispo metropolitano em carta-aberta à CNBB e ao Núncio Apostólico no Brasil.

Querem substituí-lo porque Sua Reverendíssima seria protagonista de “uma longa seqüência de atos deploráveis” desde que chegou à Pequenina.

Segundo os denunciantes e subscritores do tal manifesto, as atitudes de Dom Aldo se voltam, principalmente, “contra os pobres e a maioria das pastorais sociais”.

Antes, creio que ano passado, promoventes desse ‘Fora Dom Aldo!’ divulgaram documento parecido cobrando retratação do arcebispo, mas ele não deu a menor.

“Entendemos chegada a hora de apelarmos a quem tem o dever de se posicionar claramente sobre tal situação”, dizem os autores do manifesto de agora.

Na conta desse povo, o que Dom Aldo vem fazendo cabe numa “lista considerável de atitudes de desdém ou de humilhação (...) em relação aos movimentos populares”.

Eis os motivos porque querem ver o arcebispo bem longe da Paraíba, mas, na minha compreensão, estão pedindo a transferência do homem às instâncias erradas.

Deveriam requerer ao próprio Dom Aldo, apelando, mui respeitosamente, que ele reconheça a sua própria insustentabilidade, pegue o boné, quer dizer, a mitra, e...

Além do mais, essa seria uma alternativa mais cristã, digamos. Afinal, como disse Cristo na hora crucial, “Pai, perdoa-lhe(s)”. Ele não sabe (ou sabe, exatamente) o que faz.



Fonte: Redação com informações de Ivaldo Morais
Jampanews


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