segunda-feira, 26 de julho de 2010

Superlotação e falta de médicos agravam saúde de detentos na PB




Falta de condições de higiene, celas superlotadas e ausência de uma equipe médica completa têm prejudicado a saúde dos presidiários da Paraíba. Estudo realizado pelo Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen) na Penitenciária Desembargador Flósculo da Nóbrega (Presídio do Róger) revelou que 27,4% dos presidiários que cumprem pena naquela unidade prisional possuem algum tipo de doença infectocontagiosa e/ou sexualmente transmissível.

Dos 897 apenados que à época da realização do estudo estavam no Presídio do Róger, 245 apresentaram alterações laboratoriais. No estudo, foram realizados testes clínicos para identificar casos de HIV, hepatite B e C, sífilis, tuberculose, micoses e bacterioses. “Este é um estudo pioneiro e com ele pretendemos traçar estratégias que ajudem a melhorar a saúde do presidiário. Resolvemos realizar o estudo no Presídio do Róger porque ele é a porta de entrada para o sistema prisional na Paraíba”, destacou um dos responsáveis pelo levantamento, o analista clínico do Lacen, Bergson Vasconcelos.

Para o analista, o índice de presos em que foram identificadas doenças é preocupante. “É um percentual altamente preocupante porque as doenças identificadas são de fácil contaminação. Além disto, o fato de muitos presos estarem aglomerados em uma mesma cela pode facilitar ainda mais a transmissão”, comentou.

Apesar de o estudo ter sido realizado apenas no Presídio do Róger, a coordenadora do Movimento Nacional de Direitos Humanos na Paraíba, Valdênia Paulino, acredita que o resultado observado pode ser muito parecido com a realidade de outros presídios no Estado. “As reclamações são gerais. Podem existir casos de exceções, mas a regra é a falta de condições de saúde. Uma vez precisei trabalhar dois dias para que um preso pudesse ser levado ao hospital. A situação dele era precária, ele podia ter chegado a óbito por falta de atendimento”, relatou.

A mãe de um ex-detento do Róger, que não quis se identificar por medo de retaliação, contou que na época que o filho estava na unidade prisional ele teria precisado fazer um exame médico fora da penitenciária e não teria conseguido. “Ele sente muita dor de cabeça e precisava fazer exames, mas não mandavam ele fazer. Por várias vezes eu mesma levei medicamentos para ele. Tive que comprar os medicamentos. Mesmo sem ter condições de comprar, eu me esforcei e comprei”, relatou.

Para Valdênia Paulino, é preciso respeitar mais os direitos humanos. “Se eles cometeram delitos, devem pagar pelo que fizeram e já estão lá presos, mas a saúde é um direito de todos e isto precisa ser respeitado”, opinou.

Em nome da Secretaria de Estado de Cidadania e Administração Penitenciária, o gerente executivo do Sistema Penitenciário na Paraíba, Ivanilton Wanderley, informou que existem equipes de médicos nos presídios que podem fazer o tratamento de saúde dos apenados nas unidades prisionais.

“Se a unidade não tiver recursos para tratar o preso, ele vai para o hospital. Não tenho conhecimento de casos de presos ficarem doentes dentro do presídio sem atendimento. Sempre que há necessidade, o diretor do presídio faz contato com o hospital e mandamos o detento para lá com custódia da polícia”, afirmou.

O JORNAL DA PARAÍBA solicitou à Secretaria Estadual de Cidadania e Administração Penitenciária a entrada no Presídio do Róger, mas o pedido feito por ofício foi negado

Paraíba 1

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