quinta-feira, 1 de abril de 2010

LGBT: Preconceito, violência e morte


Relatório revela que 2009 bateu recorde de assassinatos contra LGBT


Para suprir a escassez de informações oficiais sobre assassinatos de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros (LGBT) no Brasil, o Grupo Gay da Bahia (GGB) realiza um trabalho anual de identificação e contagem desses crimes. Após liberação e análise dos dados de 2009, ficou comprovado que o ano foi um dos mais violentos e marcantes no que diz respeito aos crimes homofóbicos.

Segundo informações do relatório anual, no ano passado, 198 homossexuais foram assassinados no Brasil. O número é superior aos anos anteriores quando foram registradas 189 (2008) e 122 mortes (2007). Entre as principais vítimas estão os gays. Apenas em 2009, 117 foram mortos, o que representa 59% do total de vítimas. Logo em seguida estão 72 travestis, representando 37% dos casos e, por último, 9 lésbicas, afetadas em 4% dos casos.

Para Luiz Mott, antropólogo e fundador do Grupo Gay Bahia (GGB), a crescente nos casos de assassinatos de LGBT é explicado por quatro fatores. "O aumento no número de assassinatos de LGBT se deve primeiro ao aumento geral da violência no Brasil. O segundo fator é a falta de políticas afirmativas que garantam maior tolerância. Há também o problema da falta de investigação e punição dos culpados. Em quarto lugar esta a alienação dos próprios gays e travestis que se expõem a situações de risco", explica.

Bahia e Paraná são, de acordo com Mott, os estados onde se localizam os grupos mais dinâmicos. Mesmo assim, foram nestas regiões onde se registrou o maior número de casos. Em cada um foi contabilizado 25 assassinatos, sendo que na Bahia, seguindo a características nacional, os gays estiveram entre os mais perseguidos, somando 21 vítimas, enquanto no Paraná, a maioria das vítimas foram as travestis, contabilizando 15 mortes.

Os dados são contabilizados anualmente há 30 anos pelo GGB. Após a elaboração, o material é amplamente divulgado para a mídia, lançado na internet e enviado para o Ministério de Justiça e para as Secretarias de Justiça de todos os Estados brasileiros. "A publicação do relatório estimula maior responsabilidade por parte dos gays e travestis. Estimula também ações mais efetivas do Governo Estadual e Federal e provoca reações de intolerância por parte dos setores mais conservadores que questionam as estatísticas e a condição de ódio dos crimes", fala Mott.

Mesmo com esta iniciativa, o antropólogo avalia que o trabalho esta sendo insuficiente e que as ações do movimento social não estão dando conta de erradicar os crimes contra LGBT. Por este motivo, o GGB e demais grupos reivindicam ações efetivas por parte do poder público. Entre elas, está o fortalecimento do programa federal "Brasil sem Homofobia", que não tem trazido grandes resultados.

Mott espera que o programa atue de modo mais direcionado e efetivo para assim contribuir com a redução dos crimes e o fim do preconceito. "O Governo precisa se responsabilizar pela coleta e divulgação dos crimes homofóbicos, implementar ações afirmativas estimulando as delegacias de polícia e órgãos governamentais a especificarem no registro de ocorrência a orientação sexual e o papel de gênero das vítimas. Também é preciso que seja feita uma campanha nacional com outdoors, propagandas na TV, mensagens em rádio e cartazes advertindo à comunidade LGBT para evitar situações de risco, pois ‘gay vivo não dorme com o inimigo’", encerra.

Adital.

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