domingo, 19 de março de 2017

Safatle: com Temer, Previdência virou espoliação

Farra rentista não sofre com a crise
"Para ter aposentadoria integral com 65 anos, é necessário começar a trabalhar aos 16 anos e ter contribuído com a Previdência de forma ininterrupta. Como em várias regiões do Brasil a expectativa de vida não chega a 65 anos, a contribuição previdenciária será, para boa parte das pessoas, uma pura e simples forma de espoliação de seus rendimentos, já que elas morrerão antes de se aposentar", escreve o filósofo Vladimir Safalte sobre a reforma da Previdência de Michel Temer

247 - Em sua coluna nesta sexta-feira, o filósofo Vladimir Safatle fez duras críticas à reforma da Previdência de Michel Temer, que ele considera que se tornará uma forma de espoliação de muitos brasileiros.
"para ter aposentadoria integral com 65 anos, é necessário começar a trabalhar aos 16 anos e ter contribuído com a Previdência de forma ininterrupta. Como em várias regiões do Brasil a expectativa de vida não chega a 65 anos, a contribuição previdenciária será, para boa parte das pessoas, uma pura e simples forma de espoliação de seus rendimentos, já que elas morrerão antes de se aposentar."


Confira trechos do texto, publicado na Folha de S.Paulo:

"Faz parte da retórica neoliberal dizer que, diante dos choques de austeridade, não há escolhas.

O mantra é sempre o mesmo, independente da latitude, a saber, os gastos públicos estão descontrolados, é necessário assumir o princípio de realidade e aceitar que o Estado não pode tudo. Por isso, todos devem fazer esforços para sairmos da tormenta "cortando na carne". Foram medidas "populistas" que nos levaram a tal descalabro, agora é necessário ser responsável.

O alvo privilegiado nesses casos costuma ser a Previdência e o sistema de seguridade social. No sistema neoliberal ideal não haveria segurança social, todos estariam em perpétua dependência das relações de força do mercado, tendo que se adaptar às exigências de flexibilidade, de "inovação", de intensificação dos regimes de trabalho e diminuição tendencial dos salários.

Por isso, a Previdência é o alvo de uma espécie de reforma infinita. Ou seja, ela nunca terminará até que a própria Previdência seja extinta. Pois o objetivo é criar o Estado do mal-estar social, no qual governar é gerir a população através do medo do colapso econômico individual, já que não haveria mais nenhuma forma de amparo do Estado.
(...)

Você não ouvirá nada, mas absolutamente nada, sobre um fato que deixou estarrecido não uma revista de intelectuais comunistas, mas o jornal norte-americano "The New York Times".

Lembrando que o Brasil vive uma hemorragia de empregos e empobrecimento de sua população, o jornal lembra que "nem todo mundo está sofrendo": o Poder Judiciário foi contemplado com R$ 41 bilhões a mais, a Assembleia Legislativa do Tucanistão aprovou aumento de 26% dos salários dos deputados, e o governo continua a gastar mais de R$ 400 bilhões com uma dívida pública nunca auditada. Dinheiro que vai para o sistema financeiro e a elite rentista."


Brasil 247


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