segunda-feira, 18 de abril de 2016

Balé Macabro



Luiz Eduardo Cid

A orquestra afinava os instrumentos e a plateia, inquieta, numa expectativa ímpar, aguardava o início do espetáculo. Aos poucos, entram no palco os atores e figurantes do Balé Macabro que se sucedeu. Como numa comédia de Molière, bufões esperneiam disparando diatribes. Seria cômico se não fosse trágico.
 


O que se segue é um circo de horrores, onde emergem personagens de Brueguel e Bosch revezando-se em vomitar palavras feitas de enxofre. Deslizam no palco, vampiros, torturadores, víboras, medusas, demônios e ratazanas, procurando uma câmera de televisão. Vociferam seu ódio para obter futuras benesses dos mais sórdidos.
 

Como num banquete de mendigos, empanturram-se das próprias palavras, clamando pela salvação de Deus, num parlamento construído sobre o esgoto das suas almas. Aves empoleiradas emitiam grunhidos, com a pretensão de convencerem a si próprias e a outros e sua laia das razões para o golpe.
 

E sob a batuta do maestro dos corruptos, do imperador dos crápulas, dançavam a valsa dos corpos decompostos. Mas como diz Chico Buarque, “amanhã será outro dia”
 

Ado, 17 de abril de 2016

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