domingo, 14 de junho de 2015

Os primeiros jahuenses. Onde andarão ?


Coroados, Kaingang;  Debret
Ancestrais dos índios colorados andaram por Jaú há 7 mil anos 

Área de sítio arqueológico, localizado na Fazenda Aguinha, em Bocaina. 30/01/2010

A ocupação humana em Jaú pode ter ocorrido muito antes do que informam relatos históricos até hoje registrados. Recentes achados arqueológicos no Município fazem crer aos pesquisadores que há cerca de 7 mil anos grupos de caçadores-coletores, do período denominado Paleoíndio, já andavam por aqui. Eles seriam os primeiros "jauenses", ancestrais dos coroados, apelido que se dava aos índios kaingang, que habitaram a região.



Desde 2005, foram encontrados em Jaú dois sítios arqueológicos: o primeiro na Fazenda Monte Alegre, imediações da nascente do Córrego Águas do Ferraz, afluente do Córrego da Onça, e o outro nas proximidades do Condomínio Residencial Itaúna. O historiador e arqueólogo Fábio Grossi dos Santos prospectou as áreas com equipe ligada ao Museu de Arqueologia e Paleontologia de Araraquara, coordenada pelo arqueólogo Robson Antonio Rodrigues.

Desde então tem mapeado todos os sítios encontrados também em municípios circunvizinhos - trabalho que, entre outros resultados, demonstra que a região era intensamente ocupada há milênios.

"Temos encontrado provas que vêm atestar ocupação humana em Jaú muito antes do que se esperava", diz. "A história de Jaú tem início bem antes de sua fundação. Aqui foi a terra dos barões do café, mas também dos povos de caçadores-coletores, que equivalem aos homens da caverna da Europa", entusiasma-se. Os caçadores-coletores, conforme Santos, eram grupos nômades que não conheciam a agricultura, nem domesticavam animais. "Andavam, em média, 50 quilômetros por dia e se deslocavam com facilidade", diz.

A região também guarda preciosidades arqueológicas que começam a vir à tona com os recentes trabalhos dos pesquisadores. Há vestígios de homens do período Paleoíndio em Boraceia, na região dos Três Rios, em Dois Córregos, e Boa Esperança do Sul onde há pelo menos três sítios arqueológicos de relevante importância. "Nossa ideia é mostrar a relação entre todos esses sítios e que os caçadores-coletores circulavam por tudo."

Bocaina

Um novo sítio arqueológico foi encontrado na semana passada na Fazenda Aguinha, zona rural de Bocaina. O proprietário, Fábio Izar de Castro, encontrou alguns artefatos e fez contato com o arqueólogo Fábio Grossi dos Santos. A propriedade é vizinha à Fazenda Monte Alegre, no Município de Jaú, onde há outro sítio.

"Foram encontrados cerca de 30 artefatos de pedra lascada. Tudo indica que se trata de um sítio-oficina, com indícios de que fizeram parada para fabricar ferramentas e foram embora", comenta. "Há vestígios de lascamento e dois raspadores, empregados para descarnar animais ou raspar madeira." O novo sítio, assim como os demais, foi fotografado e mapeado por Sistema de Posicionamento Global, o Global Positioning System (GPS).

Escavação

Na segunda-feira, equipe de arqueólogos da Universidade de São Paulo, comandada por Santos e Robson Rodrigues, em parceria com pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Araraquara, fará a segunda escavação em dois sítios localizados em Boa Esperança do Sul. Conforme o arqueólogo, os trabalhos se estenderão até o dia 10 e compreendem escavação e coleta de artefatos para posterior datação do material. Os sítios já haviam sido escavados em arqueologia de contrato, para estudo de impacto ambiental de uma obra em 2003, mas serão reescavados por Santos, agora com as observações e pesquisas da arqueologia acadêmica, mais detalhada. (JRAP)

Comercio do Jahu

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