terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Nem sempre atleta de alta performance é símbolo de saúde


Loir Carlos da Costa 

Você já deve ter ouvido falar que tudo que é demais faz mal, não é?. Para atletas profissionais que buscam alta performance e quebra de recordes no seu esporte estudos científicos dão evidencias que treinamento físico quando em excesso podem ser prejudicial a saúde.

No esporte de alto nível o atleta profissional está totalmente comprometido por “alta performance”, ou seja, busca de grandes resultados, porém, muitos tem um árduo preço a pagar – a sua saúde pode ficar tão frágil quanto a de uma pessoa normal com o passar dos anos.

Um caso interessante é do atleta Vladimir Kutz, da ex-União Soviética, que na década de 1950 foi recordista mundial e campeão olímpico dos 5.000 e 10.000 m (Melbourne, Austrália, 1956). Kutz realizava treinos longos e intensos mais do qualquer outro atleta seguindo uma metodologia científica rigorosa possibilitando certa hegemonia nas pistas durante algum tempo. Entretanto, Kutz veio a falecer com 45 anos, vitimado por um ataque cardíaco fulminante, resultado de seu árduo treinamento.

Um dos maiores problemas do excesso de treinamento físico é o colapso que geralmente ocorre em esportes que exigem um esforço máximo dos atletas, sendo comum acontecer em atletas de endurance, tais como a maratona e o triatlo. As conseqüências benignas mais comuns incluem a exaustão, náuseas, vômitos, hipotensão postural, a desidratação e as cãibras musculares. Porém, conseqüências graves de treinamento incluem a hiponatremia, insolação, hipoglicemia, hipotermia, convulsão, hemorragia cerebral e até parada cardíaca.

Outra manifestação negativa em esportistas é a síndrome do excesso de treinamento (overtraining) é definida como um distúrbio neuroendócrino (hipotálamo-hipofisário) que resulta do desequilíbrio entre a demanda do exercício e a capacidade funcional, agravado por recuperação inadequada e como consequência há decréscimo no desempenho, dores musculares persistentes com fadiga constante, mudanças neuroendócrinas e imunológicas e até alterações no estado de humor.

É comum atletas de alta performance excederem os limites de suas capacidades físicas e até psicológicas, pois, dedicam várias horas diárias e monótonas em treinamentos que levam a exaustão total, e ainda assim somente aqueles que tem enorme potencial chegam e se mantêm no alto nível, necessitam ainda ter uma forte estrutura individual da personalidade para saber abdicar a vida social e estar ciente a assumir riscos a sáude para alcançar o objetivo traçado,

Portanto, os atletas de alta performance estão mais expostos ao excesso de treinamento e quando ignorado os princípios fisiológicos, ficam mais vulneráveis podendo até prejudicar em grau maior qualidade de vida e a saúde do atleta do que uma pessoa praticante de exercício físico regular que tem um vida equilibrada e saudável no seu dia-dia.

*Loir Carlos da Costa - Personal Trainer em Curitiba – CREF 9757 G/PR
Pesquisador do Laboratório do CEPEFIS-UFPR (Centro de Estudos de Performance Física da Universidade Federal do Paraná). Pós Graduado em Fisiologia do Exercício, Medicina e Ciência do Esporte pela UFPR. Contato: luccasports@bol.com.br

15/09/2011 - 22:44


Jornaldebeltrão

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