segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Intelectuais assinam carta de apoio a José Genoino na internet


Apenas dois dias após ter sido colocada no ar, a carta de apoio ao deputado federal José Genoino recebeu até a manhã deste domingo (8) cerca de 2 mil adesões. As assinaturas à mensagem lançada na sexta-feira (6) por um grupo de pessoas próximas a Genoino são feitas pela internet. O texto intitulado “Nós estamos aqui” é, segundo os organizadores, uma “manifestação suprapartidária de afeto” ao deputado.

A iniciativa já conta com o endosso de intelectuais, políticos, juristas, jornalistas, artistas, educadores ligados a vários setores da sociedade. E teve como inspiração um sentimento de indignação diante das decisões dos integrantes do Supremo Tribunal Federal (STF).

Há dez dias, ministros da corte, apesar de expressarem respeito pela história e o caráter de José Genoino, rejeitaram embargos de declaração apresentados pela defesa, mantendo a postura considerada equivocada, para alguns, viciada, para outros, por parte do STF. A condenação a 6 anos e 11 meses, decidida no ano passado, é considerada por especialistas fruto de um julgamento partidarizado e violador de normas do direito – como existência de provas e cerceamento da defesa –, sob pressão dos setores da imprensa tradicionalmente hostis aos governos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da presidenta Dilma Rousseff.

A filósofa Marilena Chauí e o escritor Fernando Moraes estão entre os primeiros signatários da mensagem, que ganhou também apoios expressivos do sociólogo e crítico literário Antonio Candido, o músico Jorge Mautner, a psicanalista Maria Rita Kehl, o cineasta Luiz Carlos Barreto, o prefeito de São Bernardo de Campo, Luiz Marinho, o ator Paulo Betti, os ex-ministros Franklin Martins (Comunicação) e Paulo Vannuchi (Direitos Humanos), o escritor Flávio Aguiar e os jornalistas Luis Nassif, Ricardo Kotscho e Rodrigo Vianna.

O título da carta, que teve também como sugestões “Abraço Assinado” ou “Aquele abraço”, foi inspirado na militante de direitos humanos Josephina Bacariça, ex-presidente da Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo. Jose, como é conhecida, morreu em junho. Ela fez parte do grupo que acompanhou Genoíno no dia da votação, em outubro passado. Na ocasião, o deputado foi cercado por repórteres e integrantes dos programas Pânico e CQC. Josephina, com dificuldades de locomoção, chegou a ser derrubada ao chão no meio da confusão. E mesmo em meio a toda cena de hostilidade expressou manifestação de estímulo ao deputado, para que superasse aquelas tentativas de humilhação: “Estamos aqui, companheiro”.

Segundo a escritora Denise Paraná, uma das idealizadoras da carta, Genoino “representa toda uma geração de pessoas que dedicam a vida para a construção de um país melhor, de uma nação democrática, justa, fraterna”. “O único patrimônio que Genoíno construiu, e que vale muito, é o seu patrimônio moral”, diz. “Vamos retomar o discurso fraterno e buscar a verdade. Nossa carta não joga pedras em ninguém, é apenas uma demonstração de afeto e respeito para quem de fato o merece”, conclui a escritora.

Ao lado dela está a doutora em Lógica e professora de Filosofia da USP, Andréa Loparic, que foi quem teve a ideia de mobilizar o grupo de apoiadores, e explica que a iniciativa visa também explicitar o carinho e solidariedade a Genoíno, para dar-lhe forças e conforto neste momento. O deputado teve a vida por um fio, em decorrência de problemas cardíacos. Com a saúde debilitada, ele entrou na semana passada com pedido de aposentadoria por invalidez na mesa da Câmara.

Antonio Candido foi consultado sobre sua adesão à mensagem por ter, já no final de 2012, enviado uma carta solidária a Genoíno, em que dizia: “Neste último dia de um ano tão tormentoso, quero dizer-lhe que tenho pensado muito em ti e na rede de destino que o colheu de maneira tão injusta. No entanto, todos os que o conhecem nunca tiveram um minuto de dúvida quanto à sua integridade de caráter e quanto à limpidez de sua trajetória de vida. Entre eles estou eu”. Ao reiterar novamente sua assinatura, o sociólogo e crítico pediu para retirar esses títulos com que costuma ser identificado: “Coloque apenas Antonio Candido”.

Vermelho

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