segunda-feira, 17 de julho de 2017

"Hoje, sou eu; vocês, amanhã”

Jaldes Meneses

Duas explicações da vitória de Temer na CCJ: 1) Pra variar, Temer abriu, despudoradamente, a caixa de ferramentas - liberação de 50% mais, em volume e valor, de emendas parlamentares em relação ao primeiro semestre do ano passado. Não falta espertise no assunto ao nosso presidente; 2) Muito mais importante. Temer, fazendo jus à origem pemedebista , está sabendo capitalizar o "esprit de corps" dos deputados, sintetizado na senha/apelo "eu posso ser você amanhã”. Eduardo Cunha, fazendo as vezes de um Danton do baixo clero, já havia antecipado a senha ano passado, ao se defender no plenário da câmara, lembram-se?: "Hoje, sou eu; vocês, amanhã”. Temer virou muro de proteção. Hoje é Temer, amanhã pode ser… Agnaldo Ribeiro.


O resultado de ontem dever gerar a nossa indignação, mas não a nossa surpresa. A crise brasileira é de longo prazo. A resultante não se vislumbra claramente no horizonte, embora já saibamos que a presente crise revolve as placas tectônicas do capitalismo "ornitorrinco" e do complexo (arcaico, moderno e pós-moderno, tudo ao mesmo tempo agora) sistema político brasileiro. A revolução pode não estar à vista, mas os tempos são revolucionários (mesmo que ao ritmo e no minueto das revoluções passivas); mais ou menos, se valer a analogia, como o período de 1922 (Tenentismo, Semana de Arte Moderna, PCB) até 1937 (Estado Novo) foi revolucionário.

Tom Jobim dizia que o Brasil não é para amadores. Trata-se de uma meia verdade. Não é para amadores nem profissionais, mas é possível decifrá-lo no processo. Ou seremos devorados por ele. Jaldes Meneses.

Jaldes Meneses

15 de julho às 19:09 ·

Em curso acidentado desde 1990, repleto de idas e vindas, finalmente a contrarrevolução neoliberal está em vias de se completar no Brasil, na economia, na política e na sociabilidade. A grande transformação capitalista anterior - ainda nos escaninhos rígidos do capitalismo monopolista - ocorreu em plena época da divisão geopolítica e ideológica da guerra fria, pela via autocrática da ditadura militar, de que o chamado "milagre econômico" (1970/73) foi o apogeu. Foi preciso quebrar a esquerda para transbordarem, ato contínuo, as veias abertas do milagre. Igualmente, nos dias de hoje, foi preciso haver um golpe de estado e um programa de choque radical à lá as teses de Naomi Klein. Nada se completou, mas está em processo. 2018 será decisivo.


Jaldes Meneses

Facebook

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...