quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Reflexões acerca da violência policial

Evson Santos

As forças políticas de esquerda criticaram a tática do black bloc, alguns, até, se aliando aos reacionários em defesa do bom comportamento.

A violência em Brasília é apenas um sinal do que virá - chorar e denunciar a violência não irá pará-la. Pedir aos policiais que não usem da violência, muito menos. Pura ilusão. É pedir consciência a um torturador no ato de tortura.

E o que o black bloc fazia? ia preparado para não apanhar. Só isso. Criava sistema de defesa antibala de borracha, criava cinturão humana, atacava a repressão, etc Ou seja, não ficava esperando levar porrada, se defendia. O sistema não respeita quem se defende. E campanha atrás de campanha contra o black bloc - todo mundo é black bloc ao sistema e vai dá pau em todo mundo. E vai dá porrada e muita nos bons comportamentos também.

Muitos partidos, grupos de esquerdas se somaram nesse discurso não querendo ser identificado como "black bloc", queria reconhecimento institucional da "massa" conservadora. Black bloc não é grupo, não é partido, não tem líder, é um agrupamento fluido anticapitalista. O mundo urbano tá mudando. Precisamos mudar também.

Não podemos esquecer que a lei antiterror foi aprovada no governo Dilma. A violência da Copa não foi menor a do que agora. Jovens foram sequestrados em casa um dia da final da Copa para satisfazer o lucro dos empresários e a safadeza do governo do PT/PCdoB. Nesse ato ninguém foi sequestrado um dia antes.

Se se ficar num diagnóstico de que o problema agora é "construir unidade" programática - os marxistas adoram criar uma pecha em si mesma de que eles são os defensores da 'unidade" contra o capitalismo.

E o que é "unidade"? é juntar um bocado de escroto, perder tempo noites a dentro e dias para discutir a palavra de ordem e cada um sair com sua bandeira medíocre divulgando seu partido e seu grupo e a Polícia meter o cacete e dispersar qualquer ato pra entregar uma bosta de documento a qualquer escroto de plantão (ou seja, reconhece que o escroto é "autoridade").

Em 2013, tirando a luta de SP, não tinha pauta a entregar. Foi protesto. Ponto. Se tinha uma unidade era "destituir" pelo enfrentamento o governo de plantão.

É isso aí. Novos tempos. Precisamos de novas reflexões e novas ações.


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Uma nova reflexão

Lucio Mustafá

Os sistemas de ataque e defesa, criados por militares desde a antiguidade se sofisticam a cada dia. Seria ignorância pensar que tudo é a mesma coisa. Para confirmar isso que acabei de escrever, basta ler relatórios de guerras escritos por grandes estrategistas, como por exemplo o De Belo Galico de Julio Cesar, que conta a história de suas empresas na Gália e de como ele criava táticas para combater e se insinuar nas fileiras dos gauleses. Também Xenofonte, general grego já tinha deixado muitos depoimentos de estratégias de ataque e defesa e de enganação do inimigo usando mil artifícios até psicológicos (ante litteram), na sua obra Anabasis. Napoleão deixou textos e muitos outros também deixaram e deixam. A CIA norteamericana, a Escola Superior de Guerra do Brasil e tantas outras instituições espalhadas pelo mundo a fora vivem debruçadas nesse assunto e catalogando, e analisando, e hipotetizando e experimentando novas técnicas a partir do desenvolvimento atual de todas as ciências. Então podemos perceber que o progresso das táticas de guerra e guerrilha, rural e urbana que seja não só existe, mas é mantido por instituições, em geral conservadoras que criam e bancam verdadeiras e próprias faculdades para produzirem um conhecimento que logo será utilizado na prática e será testado em algum local onde um conflito possa eclodir. Dentre estes locais, não há como não perceber (se se observa com método e atenção) estão hoje as praças de conflito que são as ruas dos grandes centros urbanos. Tais locais privilegiados não podem não ser ideais para todo tipo de experimento pela parte daquelas instituições, pois se constituem num laboratório a céu aberto, até um certo pondo inócuo e inerme, isto é, os manifestantes não teriam nenhuma defesa contra as forças armadas (policiais ou outras) se elas atacassem com mísseis, bombas de aviões, gases mortíferos, bombas atômicas etc. Sendo assim, haja vista a assimetria das forças, as praças públicas para batalhões de choque e afins, não passam de um campo de diversão (mais propriamente, treinamento) light.

Diante de tal constatação, percebemos ainda que a criatividade bélica, dos jovens estrategistas saídos das altas escolas de guerra do país e às vezes treinados em outros países como os USA, por exemplo, têm nos atuais movimentos sociais um campo amplo e sem custos adjuntos para seus experimentos. Sendo assim pergunta-se: eles podem inventar de inserir falsos manifestantes no meio da massa para criar as condições fictícias para treinamentos tais e tais? Eles podem inventar de experimentar catalogar a militância através de filmagens e tecnologia avançada de reconhecimento facial? Eles podem bolar sistemas para dizimar em poucos dias todos aqueles que protestam, indo-os buscar até nas suas casas?

Essas questões iniciais são apenas algumas que devem ajudar quem está na rua lutando e se expondo. Certo que é digno e bom lutar pela justiça em todos os momentos de nossas vidas, mas serã que não está na hora de se discutir mais a ação sorrateira dos opressores que também têm assaltado as forças da ordem de modo legal, mas sempre assaltante, e assim se apropriado das instituções de segurança que deveriam ser gerenciadas pelo povo em sí? Será que nosso oba, oba, vamos pra rua não está impedindo que percebamos que o sistema de controlo já está incluindo também o controle sobre os movimentos? Os chefinhos da repressão poderiam inseria gente fazendo papel de black bloc para apenas criar um clima mais favorável a uma exercitação bélica fictícia e assim usar os crâneos e os olhos dos nossos queridos estudantes e manifestantes em geral como objeto de pancada e violência, ou eles não seriam tão malvados assim?

Deixo essa nova reflexão para se pensas.

Lembremos que em Gênova, na Itália, num protesto contra o G8, anos atrás, no qual mataram um manifestante, black blocs foram filmados apertando a mão de policiais num esquina escura da cidade, pouco antes do rapaz ser encontrado morto.

Fiquemos atentos, pois de bobeira só se leva naquele canto.

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