terça-feira, 8 de setembro de 2015

Michel Zaidan Filho: FLAUTI VOCI


Essa é uma expressão medieval para designar aquelas palavras, frases, declarações destituídas de todo e qualquer conteúdo. Ou seja, aquelas frases que não correspondem a nada ou a coisa alguma, fora delas. Essa forma de comunicação é chamada de nominalista ou retórica e seu objetivo é a mera manipulação do ouvinte ou leitor, para que ele aja de acordo com os nossos interesses, em função do efeito que as palavras provocam sobre ele. 


A expressão "Flauti voci" junta ar e palavra, palavras jogadas ao ar, que se perdem e se dispersam no ar, sem consequências para que as ouve ou as lê. Acredito que pela reação de meus leitores aos meus pobres escritos, neste blog do Jamildo, as minhas palavras são mais do que "Flauti voci", correspondem sim à indignação de muitos com a situação política local, em que estamos metidos. Um dos artigos: "Sentimento de náusea da política pernambucana" teve mais de 20.000 acessos. Outro, sobre a família real, tem vários milhares de acesso. Mas o campeão mesmo foi:"O morto carregando o vivo", publicado por este Blog, com uma nota explicativa prévia do editor.

Alguns leitores inconformados e críticos julgam que eu tenho uma fixação em temas como NEPOTISMO, FAMILISMO AMORAL, OLIGARQUIA, PROBIDADE ADMINISTRATIVA, EFICIÊNCIA DE GOVERNO. E identificam essa fixação com uma espécie de "ódio", ou "ressentimento" contra esse ou aquele governo, candidato ou parente de candidato. Seria eu, talvez, uma espécie de "homem cordial" que agisse ou falasse sob o impulso das afetos e desafetos, praticando uma política do amigo e do inimigo. "Aos amigos, tudo. Aos inimigos, os rigores da lei". Acho que o único sentimento republicano que se pode alimentar em face da má política, do mau governo e da má administração só pode ser o da crítica, da indignação cívica e busca de superação ou aperfeiçoamento político e moral dos governantes. Nem todos são da turma "do sim, senhor", "do amém". Também existe aqueles que não sendo hóspedes da Casa Grande ou frequentador da cozinha do sinhorzinho, não se conformam com as migalhas ou o regabofe da mesa patriarcal.

Vai levar, ainda, algum tempo para que esses leitores abusados saibam distinguir entre o espaço privado da Casa e da família - dedicado aos conciliábulos e conspirações - e o espaço público, onde se forma num processo argumentativo racional a vontade política dos cidadãos. Até lá, ouviremos muita queixa e reclamação.

Michel Zaidan Filho é filósofo, historiador, cientista político, professor titular da Universidade Federal de Pernambuco e coordenador do Núcleo de Estudos Eleitorais, Partidários e da Democracia - NEEPD-UFPE


Blog do Jolugue


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