sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

Eleição sem Lula é fraude.

Jaldes Meneses

É preciso ter bem claro: a tentativa de marcar em tempo recorde para o dia 24 de janeiro a data do julgamento em segunda instância do processo de Lula nada tem de legalidade. Trata-se de um puro ato de perseguição política. O recurso de recorrer ao expediente espúrio de melar o jogo no tapetão sucede porque o golpe do Impeachment de Dilma fracassou no principal objetivo, apesar dos êxitos parciais: criar um regime político de estabilidade conservadora por longos anos.

Qual era o plano estratégico completo dos golpistas? Apear Dilma da presidência da república e empossar um governo formando por golpistas e corruptos, comandado pelo disponível Michel Temer, para fazer o trabalho sujo de retirar os direitos dos trabalhadores, acabar com a previdência, privatizar a Petrobras, a Eletrobras e os bancos públicos. Um regime um de paraíso para o capital e inferno para os trabalhadores.

Fizeram a reforma trabalhista e impuseram o teto de gastos, mas tinham um diagnóstico político errado da crise. Pensavam que uma vez retomada a “confiança” os investimentos voltariam e seria eleito em 2018 um governo da burguesia - de preferência do PSDB. Colheram impopularidade e não construíram, até o momento, uma candidatura viável à presidência da república.

Politicamente, os golpistas deram com os burros n’água. Lula cresce nas pesquisas em todos os cenários de primeiro e segundo turno e até pode ganhar em primeiro turno. O cenário de vitória consagradora de Lula significaria, de fato, o fracasso total do golpe, possibilitaria a abertura de um novo ciclo político, certamente de embates e lutas generalizadas. O bloco de Temer abandonaria o governo de cabeça baixa, sem moral, e os trabalhadores brasileiros conquistariam uma das maiores vitórias de sua história.



Por isso, a trama de impedir a candidatura Lula. Para tanto, vale tudo: condenação no tribunal de Porto Alegre, instituição do semiparlamentarismo e até adiar as eleições. Nenhuma das ações elencadas estão fora de cogitação. Compõem o arsenal de maldades de forças políticas que jamais prezaram a democracia.

Uma perseguição totalmente política e só será derrotada no terreno da política. Neste caso, mais que um problema incidente, tático ou eleitoral, vitória ou derrota terão consequências estratégicas e de longo prazo.

O Brasil vive um momento de encruzilhada: ou restauramos os direitos sociais e o Estado Democrático de Direito ou seremos derrotados e assistiremos a definitiva implantação de uma sociedade de capitalismo sem regulações, baseada na superexploração dos trabalhadores. Este tipo de sociedade requer um Estado dotado de instrumentos de Exceção para reprimir as universidades, os intelectuais, os trabalhadores, as mulheres, a juventude, os pobres, os negros. Enfim, todos os explorados e oprimidos que se levantarem contra o novo sistema.

Assim, a questão da perseguição a Lula não diz respeito somente ao PT e a esquerda, mas a todos os cidadãos brasileiros. Como nunca antes em nossa geração de lutadores, o que se encontra em jogo é o futuro da democracia.

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