terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Carreira de Estado para os médicos do serviço público


Políticas públicas podem combater desigualdade no atendimento médico





Segundo censo médico é grave a desigualdade na distribuição dos profissionais


Úl
O presidente do Cremesp reivindica a criação de uma carreira de estado para os médicos do serviço público, semelhantes aos moldes da existente no setor judiciário 



São Paulo – As melhorias na saúde no Brasil dependem de políticas públicas que estimulem os médicos a se fixar nos locais de difícil acesso, afirma o médico e presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), Renato Azevedo Junior. Ele reivindica a criação de uma carreira de estado para os médicos do serviço público nos moldes da existente no setor judiciário. Uma carreira com dedicação exclusiva, tempo integral e o ingresso a partir de concurso público e com remuneração compatível. 

"Só assim será possível implementar um modelo para o SUS (Sistema Único de Saúde) que, em termos de atendimento médico, se adeque às exigências da Constituição e as necessidades do povo brasileiro", disse.


Com base nos dados da pesquisa Demografia Médica no Brasil, divulgada nesta semana, revelando que a proporção do número de médicos no país em 2011 é de 1,95 por mil habitantes e que a cada ano esse número aumenta, ele declarou: "Não faltam médicos no Brasil. O que existe é uma má distribuição dos profissionais".
Segundo o médico, a pesquisa foi feita para comprovar e combater o crescimento desenfreado de faculdades de medicina. "Desde o ano passado, governo federal fala que o problema na Saúde é a falta de médicos. Queríamos mostrar que não é essa a realidade", observou.

Os estados com maior concentração de médicos por mil habitantes são o Distrito Federal (4,02 ) e o Rio de Janeiro (3,57), enquanto o Amapá (0,96), Pará (0,83) e o Maranhão (0,68) têm menos de 1. O estudo não associa a quantidade de médicos à qualidade do atendimento. O sistema também é influenciado pelas condições geográficas, epidemiológicas e de estrutura dos serviços de saúde. Esses dados podem contribuir para combater a desigualdade de oferta dos profissionais.

As desigualdades em relação às capitais e os outros municípios dos estados são ainda maiores. Um dos motivos seria a concentração de serviços de saúde - hospitais, clínicas, laboratórios - e, portanto, maior oportunidade de trabalho. A cidade de São Paulo tem 4,44 médicos registrados por mil habitantes enquanto o estado tem 2,58. A capital do Espírito Santo, Vitória, tem 10,41, enquanto o estado tem somente 2,11. No Amapá, a diferença é menor, mas ainda assim, a capital Macapá tem 1,06 enquanto o estado tem 0,96.

O censo médico também constatou que a maioria dos médicos no mercados é jovem (até 39 anos representam 42,% dos profissionais) e que desde 2009 há mais mulheres (50,23%) formadas do que homens (49,77%).
No levantamento dos conselhos regionais de medicina um novo critério foi adicionado, o posto de trabalho médico ocupado. Ele mostra não só o profissional registrado, mas quantos médicos estão disponíveis para o atendimento da população. As informações vêm da base de dados da pesquisa Assistência Médico-Sanitária (AMS) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
"Quem determina a distribuição dos médicos é o mercado, ele que toma conta da saúde. O trabalho do estado é regular essa área e levar o serviço para a população. O mercado não pode regular uma coisa que afeta a saúde e a vida das pessoas", aponta Renato Azevedo.

Os números mostram que muitos profissionais ocupam mais de um posto de trabalho.Nas capitais há 5,89 postos por mil habitantes enquanto no país são 3,33. Se considerarmos a saúde privada e a pública os números são bem díspares. Comparando o SUS e o setor privado percebemos que há mais ofertas de postos de trabalho no setor privado, sendo que a população atendida pelo SUS é maior. Para cada mil usuários de planos de saúde há 7,6 postos de trabalho ocupados, já no SUS esse índice cai para 1,95.

Rede Brasil Atual

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