quarta-feira, 18 de maio de 2016

Prometheus (1774) ; Goethe


 "Encobre o teu Céu ó Zeus

com nebuloso véu e,

semelhante ao jovem que gosta

de recolher cardos

retira-te para os altos do carvalho ereto

Mas deixa que eu desfrute a Terra,


que é minha, tanto quanto esta cabana

que habito e que não é obra tua

e também minha lareira que,

quando arde, sua labareda me doura.

Tu me invejas!

(...)

Eu honrar a ti? Por quê?

Livraste a carga do abatido?

Enxugaste por acaso a lágrima do triste?

(...)

Por acaso imaginaste, num delírio,

que eu iria odiar a vida e retirar-me para o ermo

por alguns dos meus sonhos se haverem

frustrado?

Pois não: aqui me tens

e homens farei segundo minha própria imagem:

homens que logo serão meus iguais

que irão padecer e chorar, gozar e sofrer

e, mesmo que sejam parias,

não se renderão a ti como eu fiz"

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