quarta-feira, 15 de maio de 2013

Não precisa importar médico

 
Uma contrapartida à sociedade
Rubens Nóbrega

Tenho a solução para resolver os problemas da falta de médicos no interior do país, mais particularmente do Nordeste e da Paraíba. É o governo fazer o que venho pregando desde que me entendo por gente neste ofício: pagar a um médico do serviço público o que recebe um ministro do Supremo Tribunal Federal.


Agora, evidentemente, não basta pagar bem. Tem que dar a esses profissionais condições dignas de trabalho em todas as localidades, criar-lhes uma carreira de Estado que valorize e estimule uma crescente qualificação (não confundir com especialização), além de mecanismos que garantam uma efetiva interiorização da medicina.

Essa interiorização poderia começar com a aprovação no Congresso do Projeto de Lei do Senado nº 168/2012, do senador Cristovam Buarque (PDT-DF), que “institui o exercício social da profissão para garantir emprego e exigir prestação de serviço dos graduados em medicina que obtiveram seus diplomas em cursos custeados com recursos públicos, em instituições públicas ou privadas”.

Por exercício social da medicina entenda-se: uma vez diplomado, o médico que fez seu curso em faculdade financiada com o dinheiro dos impostos de todos os contribuintes terá que dar uma contrapartida à sociedade trabalhando por pelo menos dois anos em alguma cidade com menos de 30 mil habitantes.

Defendo que tal exigência seja estendida aos médicos formados em escolas privadas que, em tese, não recebem dinheiro público. Afinal, elas funcionam porque são autorizadas, fiscalizadas e avaliadas pelo governo, ou seja, lucram explorando uma atividade essencial de Estado. Não devem, portanto, receber tratamento diferenciado em um país que precisa urgentemente acabar com os apagões sanitários nos seus grotões.

Outra emenda que gostaria de ver no PLS de Cristovam: ao final do curso, os concluintes de Medicina se submeteriam a exame tão rigoroso quanto aquele aplicado aos estudantes formados no exterior que vêm ao Brasil tentar revalidar seus diplomas.

Acredito que as entidades representativas dos médicos e estudantes de medicina não se opõem a essas medidas. Aposto como o Conselho Federal de Medicina, os conselhos regionais (CRMs), associações médicas, sindicatos, centros e diretórios acadêmicos têm algo mais a oferecer nesse debate além de protestos irados diante da anunciada intenção do governo de importar médicos espanhóis, portugueses e cubanos para cobrir os vazios de assistência médica Brasil adentro.

Jornal da Paraíba

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