sábado, 19 de maio de 2018

Qual a direção?



Priscila Barbosa

Estava subindo uma dessas ladeiras de Lisboa, quando avistei uma loja de lembranças de viagem. Foi nesse momento que Pedro, meu companheiro nessa jornada, pegou uma bússola nas mãos.

Eram bússolas de diversos tamanhos, cores e estilos diferentes, mas todas elas possuíam a mesma função: mostrar a direção certa e guiar o viajante ao seu destino.

Por alguns minutos eu percebi que nunca havia utilizado uma bússola antes e se eu precisasse usar estaria literalmente perdida.



Mas bem no fundo da nossa vontade, até que estar perdido parece uma boa ideia. Andar sem ter um caminho traçado, sem precisar “andar na linha” e cumprir metas no dia a dia. Quem nunca desejou acordar a hora que bem entendesse e sair sem direção? Colocar a playlist favorita, sair sem hora pra voltar, mandar flores ao delegado, bater na porta do vizinho e desejar bom dia. Beijar o português da padaria. Olhar as crianças no parque e resolver ser livre como elas.



A partir daquele momento da bússola, eu me desprendi de tudo o que limitava olhar a viagem com mais calma, afinal de contas o que eu trouxe na mala e que possui mais valor é o tempo. Tempo de viver o que tenho de mais prazeroso, mesmo que seja saborear com calma a rosquinha recheada da padaria bem em frente o hostel de 26 euros, com um café ralo servido de manhã ou “conversar” com um casal simpático que falava zero de português, mas aceitou contar um pouco sobre sua viagem de vida, através da tradução do Pedro, que tornou mais um elo dessa jornada possível.



“ Basta estarmos atentos ao que nos impulsiona e continuar a andar por onde bem desejar.”



Nunca fui boa de geografia, mas sempre quis viajar o mundo. Que ironia, vejam só, poucos dias antes de embarcar, passei uma madrugada inteira mapeando, fazendo contagem de quilômetros, pesquisando climas, regiões, cultura e a história de um país estrangeiro. E que bom que a geografia não manda mais em nós e eu pude viajar bem antes de chegar aqui.



Eu não faço ideia da direção que tenho que seguir agora e pela primeira vez na vida, isso me parece o mais certo a fazer. Simplesmente porque essa é a oportunidade. A simplicidade nunca me pareceu tão sofisticada e exatamente do meu tamanho.



Sabe o que desejo a você, leitor(a) que me lê neste momento? Que você possa estar comigo durante esses dias. Aqui do outro lado do oceano. Que você possa ter vontade de ultrapassar todas as barricadas que te impedem de avançar. Que a cada texto lido ou foto vista, você possa encontrar motivação para trilhar sua própria viagem! Comece agora. Que tal embarcar comigo?

Anf.org

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