segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Na Força dos Encantados



Egon Dionísio Heck

"Vamos dar continuidade à luta dos povos indígenas do Brasil na defesa dos nossos direitos conquistados na Constituição de 1988. Não pensem os ruralistas e outros mais, que não somos capazes de lutar com todas as nossas forças por aquilo que julgamos ser melhor para nossos povos e nosso País. Não queremos que outros povos passem o que nós do nordeste passamos nesses 500 anos. Contamos com a força dos encantados, dos seres de luz, dos espíritos dos guerreiros, dos pajés e com todas as lideranças e lutadores dos nossos povos”.


Viagem longa, cansativa. Foram 36 horas de ônibus, van e carro: "Viemos de nossas terras no interior de Pernambuco. Somos guerreiros de sete povos. Não queremos que outros povos passem o que nós passamos nestes 500 anos”.
 

Nas conversas com membros das delegações e nos debates de preparação das atividades desta semana, sentimos as motivações e disposição das lideranças dessa semana de luta em Brasília.
 

"Nós do Mato Grosso, somos da região que nas últimas décadas têm desencadeado uma guerra sistemática contra nossas vidas, terras e recursos naturais. Hoje estamos entre os estados mais agressivos e destruidores do meio ambiente e das populações e povos originários”.
 

"Nós do Xingu viemos também somar nessa luta porque todos os povos indígenas estamos ameaçados por essa PEC 215 e políticas do Estado brasileiro. Já fomos o cartão de visita de vários governos e da política indigenista, dos Irmãos Villas Boas. Nosso parque indígena foi atravessado por estradas, trazendo muitos problemas para nossos povos”.
 

"Nessa semana estamos todos juntos, somando forças, lutando por um mesmo objetivo: contra a PEC 215, contra a CPI da Funai e do Incra, contra a exploração e destruição da Mãe Terra”.

"Esse é um momento histórico. Lutamos para ter nossos direitos na Constituição. Agora querem massacrar e rasgar esses direitos? Enquanto tiver um índio de pé isso não vai acontecer. Por isso estamos fazendo todos esses movimentos, para ver se amolece o coração desses parlamentares e eles acabem com essa PEC, o Marco Temporal e outros projetos que querem matar nossos povos. 


Vamos também aos gabinetes dos ministros do Supremo Tribunal Federal, para dizer que o Marco Temporal também é decreto de morte. Que eles conheçam e sintam nossa dor e façam justiça que para nós é o reconhecimento dos nossos territórios”.
"Somos nós que vamos defender nossos direitos, nós somos protagonistas de nossas lutas”.
 

Nesses últimos anos de luta contra a PEC e outras iniciativas que pretendem tirar os direitos dos povos indígenas, temos percebido a importância dos rituais e da força dos espíritos e dos Encantados, nesses enfrentamentos tão desiguais.Só povos com muita sabedoria e profunda espiritualidade são capazes de fazer esse tipo de enfrentamento.
 

Egon Dionísio Heck
Assessor do Conselho Indigenista Missionário (CIMI) no Mato Grosso do Sul
 

Adital

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