quinta-feira, 1 de junho de 2017

Fora Meirelles!

Meirelles patrocina a retirada de diretos trabalhistas e previdenciários
João Sicsú

O golpe não foi estritamente político. Não objetivava simplesmente a troca de governantes. É um golpe que tem projeto, que tem plano de ação. Foi um golpe essencialmente econômico com fortes implicações sociais para os trabalhadores e os mais necessitados. É um golpe contra 99% da população brasileira.

O golpe foi dado para que os interesses das multinacionais, dos bancos e do rentismo fossem atendidos na sua plenitude. Esses interesses implicam desnacionalização da economia, ampliação dos ganhos dos bancos para além das suas atividades tradicionais e espoliação do orçamento público.

A Globo lidera o golpe associada a segmentos da Justiça, do Ministério Público e da Polícia Federal. Políticos fisiológicos e patrimonialistas são marionetes dos dirigentes do golpe. Essa escumalha somente sobrevive agarrada a palácios governamentais, a ministérios, às estatais e ao foro privilegiado. Fazem o que mandam desde que continuem agarrados às tetas de sempre.

Às marionetes a ordem agora é aprovar as reformas previdenciária e trabalhista (que é uma continuação da terceirização ilimitada). Eles têm que cumprir. Do contrário, deixarão a categoria de descartáveis para ocupar a posição de descartados. Mas isso não ocorrerá para todos, mas sim para casos individuais. Alguns já foram para o ralo porque se tornaram inúteis, já cumpriram o seu papel.



Há um personagem central em toda essa trama. É o ministro da Fazenda e da Previdência Social, Henrique Meirelles. Quase todos os interesses do golpe estão no ministério que conduz. Estão também, em certa medida, no ministério do Planejamento. Mas esse não tem luz própria nem estofo dentro da estrutura governante.



Foi Meirelles quem patrocinou a proposta de emenda constitucional que congelou os gastos reais do governo por vinte anos, mas foi também quem deixou livre os gastos públicos para o pagamento de juros da dívida pública para os bancos e o rentismo. É Meirelles quem patrocina a retirada de diretos trabalhistas e previdenciários que vão ampliar a margem de lucro das multinacionais e bancos.



Meirelles foi presidente mundial do BankBoston e foi presidente de 2012 a 2016 do Conselho consultivo da J&F, holding que, além da JBS, controla outras diversas empresas do grupo. Não é à toa que as empresas, pertencentes ao aglomerado que foi construído com capital nacional, estão se transferindo para os Estados Unidos.



Meirelles é o cérebro dos interesses dos dirigentes do golpe dentro do governo. Ele não é marionete. Ele é muito mais que Temer. Aliás, como já revelou: sua pretensão é ser presidente do Brasil. E foi o próprio quem comunicou ao mercado financeiro que continuará no próximo governo quando Temer desistir ou for derrubado. Meirelles sabe que se o golpismo continuar governando ele é peça chave. Ele personifica os interesses mais genuínos do golpe.



Cabe, portanto, a todos aqueles que bradam contra as influências da Globo na política, que gritam fora Temer, que reivindicam eleições diretas imediatas, então, que tomem também como palavra de ordem o fora Meirelles e suas reformas. Meirelles tem sido poupado pela grande mídia, mas não pode ser omitido pelas esquerdas, pelas centrais sindicais e pelos movimentos sociais.



Cafezinho


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