sexta-feira, 2 de junho de 2017

Andreas Von Richthofen na cracolândia


Maratona da Alegria 
Sabe o embrulho no estômago ao ver que Andreas estava na cracolândia?

Sabe esse embrulho que dá no estômago e esse aperto no peito ao ler que o Andreas, irmão da Suzane Von Richthofen, estava em uma cracolândia?

Então. Cada um daqueles que estão ali é um Andreas. Cada um tem uma história terrível. Cada um teve parentes assassinados, famílias destruídas, histórias desmontadas. Se soubéssemos da dor de todos ao nosso redor, talvez viveríamos num constante estado de amargor, paralisados.



Mas nos protegemos, ainda que inconscientemente. Desumanizamos o outro. Não enxergamos aqueles que vivem em “castas” inferiores, nascidos nelas e fadados a morrer nela, ainda mais frustados porque acreditaram no discurso puramente meritocrático. Acham que não se esforçaram o bastante. E se aprofundam numa espiral depressiva e autodestrutiva.



É fácil ter compaixão e empatia pelo Andreas. Bem nascido, loirinho, frequentou os melhores colégios e vivemos, todos, a sua dor. Vimos a destruição da sua família. Solidarizamos a dor dele, quando teve os pais assassinados.



Difícil mesmo é enxergar humanidade e ter compaixão e empatia com o viciado que parece vindo de outro mundo. Que é analfabeto. Que sempre morou na rua e que já passou pela cadeia algumas vezes.



“Tá com pena? Leva o Andreas pra casa”: Frase nunca dita por ninguém. E que soa, como é, extremamente insensível e idiota. Pois é… troca o Andreas pelo resto do mundo e você verá como é insensível e idiota o discurso dominante. E se é o seu discurso, talvez seja a hora de repensá-lo.



Marcelo Feller é advogado criminal, formado pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Membro do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais.


Justificando


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