quarta-feira, 11 de julho de 2012

Nas eleições: Dentes aferrados no poder



Ademir Alves de Melo

A construção da democracia não é um tranquilo passeio pelas areias da praia de Tambaú. Neste país com mais de 5.500 municípios, há profundos interesses arraigados nas municipalidades que levam beneficiários e apaniguados a ferrarem os dentes no poder, para nele continuar exercendo influência, ainda que debilitada e envilecida por vícios obstinados. 


A democracia se engrandece com a organização social nos partidos políticos, sindicatos, associações de classe e de base, igrejas e outros veículos de exercício da cidadania; no fortalecimento dos órgãos institucionais representantes da sociedade na administração da justiça, defesa dos interesses das pessoas e das instituições às quais a lei concede assistência e tutela especiais; nos meios de comunicação a serviço da sociedade e do progresso social etc.

O avanço das conquistas democráticas, nos últimos anos, tem se manifestado de diversas formas, trazendo à tona desregramentos habituais praticados como normas de conduta usual, tolerados e até aceitos como naturais.

Alguns prefeitos em segundo mandato, por exemplo, fazem todo tipo de estripulias para não saírem da cena política, sobretudo aqueles vintenos acostumados à vida nababesca reservada às excelências. Controlam o Legislativo Municipal através de expedientes ordinários da concessão de prebendas aos nobres edis e distribuição de empregos aos seus protegidos e partidários; liberação de verbas parlamentares; tratamento diferenciado a redutos eleitorais; troca de favores; participação mancomunada em falcatruas; abertura de vagas para suplentes, removendo titulares para secretarias e outros órgãos de prestígio etc. Também, sutilmente, subornam lideranças de base mais maleáveis.

Comissões de Fiscalização ou Comissões Para o que Seja são ardilosamente constituídas para chegarem a resultados favoráveis ao mandatário. Para tanto, são nomeadas como membros pessoas, técnica e moralmente fracas (espectros de homens e não homens) comprometidas com a perpetuação do projeto de reinado decadente, atolado no lamaçal em que se envolveu por ambição incontida.

Esses grupos encastelados no mando frouxo não se dão conta de que o empoderamento social avança e que os instrumentos de defesa dos interesses sociais se aperfeiçoam e tornam-se mais atuantes e rigorosos. Em tais circunstâncias, o Ministério Público e o Poder Judiciário encontram terreno fértil para a sua atuação, e entram em ação desbaratando quadrilhas organizadas e causando pânico entre os contumazes malfeitores. É a pura verdade, e não paranóia, como propalado por mar e céu.

O que se tem verificado é que prefeitos e litisconsortes têm sido arrastados em camburões, algemados, para sobressalto e enlevo da população, até então, desacreditada na Justiça e nas Leis.

Os nobres vereadores envolvidos nas tramas prefeitorais tornam-se, agora, mais cautelosos e cuidam de não afrontar a razão e as leis para atenderem a interesses escusos de pessoas inescrupulosas que não se conformam em afastar-se da vida pública e vestir o pijama, como lhes convém.

Tudo indica que as fichas estão caindo, e esses nobres representantes do povo já imaginam que destino a Justiça lhes reserva se não se enquadram às normas legais e do convívio social pacífico entre irmãos.

Por trás do rigor da Justiça está a organização social e flamejam as conquistas democráticas.

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