domingo, 21 de dezembro de 2014

A Vaca foi para o brejo: A falência dos partidos brasileiros


Juremir Machado

O PT desmoralizou a esquerda. A direita só tem moral (moralismo) quando está na oposição. O PT é reincidente. Depois do mensalão, atolou-se no petrolão com mais volúpia e a mesma desfaçatez. Todo dia, fede mais. Só lhe resta dizer, com razão, que os outros fazem o mesmo. O PSDB tem o cartel dos trens de São Paulo na suas costas. Os tucanos tentam salvar-se pregando moral de cuecas. Querem escapar do bordão “tudo farinha do mesmo saco”. Mas não tem como. O senso comum ganhou a parada. A ética em política no Brasil só pode ser encontrada em camadas mais profundas que a do Pré-Sal. Reforma política não sai porque os larápios estão bem contentes.



O Brasil inteiro afundou no descrédito: o STF julga conforme o que dá na telha de cada ministro (é o tal do entendimento), mas garante auxílio-moradia para os magistrados. O corporativismo é a única medida de coerência dos togados. Os deputados gaúchos silenciosamente concederam-se uma aposentadoria especial indecente e aprovaram um trenzinho da alegria para acomodar 46 CCs, que “podem ser demitido, mas ganharam o direito de continuar vinculados”, segundo o defensor do comboio. o que poderia lhe valer um troféu “enrolation”.



Nas universidades públicas, professores aposentam-se como adjuntos e fazem concurso para titular no mesmo departamento, não como promoção, mas como novo ingresso, abocanhando dois salários para fazer o mesmo trabalho. Na França, isso é visto como imoral e ilegal. Ninguém mais tem vergonha de admitir publicamente que promessa de campanha não é para ser cumprida, mas para ganhar eleição. A vaca foi para o brejo.



Seria preciso zerar tudo. O PT já pode fechar. Nasceu para ser diferente. Tornou-se igual demais ao que devia negar. O antipetismo vibra com essa degringolada não por ser melhor, mas por ver nisso a oportunidade de retornar de vez ao pior. Chegamos ao fundo do poço ao mesmo tempo em que melhoramos um pouquinho na diminuição da desigualdade social. O petismo tornou-se a nova versão do ademarismo e do malufismo, malufismo de esquerda, “rouba, mas faz pelos pobres”. A velha mídia enfia o pé nas denúncias contra o petismo, no que faz muito bem, e alivia um pouco quando se trata do tucanato, no que faz muito mal. No que diz respeito à parte do diabo do PP e do PMDB nesses escândalos todos, ninguém se importa. É só um elo na cadeia. O PP lidera a lista de políticos recebedores de propinas de Paulo Roberto Costa, com dez aquinhoados, inclusive um gaúcho.



Todos negam.



Falando em cadeia, vai faltar prisão quando a lista final dos políticos envolvidos no “petrolão” for divulgada? Ou se dará um jeitinho? A novidade boa é ver executivos de empreiteiras em cana. As empreiteiras foram beneficiadas por um decreto do ditador Costa e Silva reservando o mercado brasileiros para elas. Em troca, militares ganharam assentos nos conselhos administrativos de todo tipo de empresa privada e viveram felizes para sempre. O Brasil afundou. A Comissão Nacional da Verdade entregou o seu relatório. Os militares não dão o braço a torcer. Orgulham-se das torturas que as Forças Armadas patrocinaram. O STF continua sentado em cima da Lei da Anistia. Os torturadores morrerão tranquilos de morte natural com a certeza do “dever” cumprido. Uau!



Políticos reclamam que a mídia desacredita a política, mas trabalham duro para desmoralizá-la totalmente. O estranho é ver tanta investigação em curso. Será que essa é a notícia boa? Quem sabe?



O PSDB também pode fechar as portas. O jovem e promissor prefeito tucano de Itaguaí acaba de entrar para o rol dos maiores corruptos do país. Administra um pequeno município, mas rouba com a volúpia dos grandes.

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