Gilvan Rocha
No início do século passado, dá-se o surgimento da indústria automobilística. Essa indústria teve vários berços, mas foi nos EUA que ela assumiu um maior vigor. O automóvel tornou-se, além de um meio de transporte rápido, sinônimo de conforto e, sobretudo, prestígio. De tal forma exitosa, a indústria automobilística invadiu o mundo.
Há cerca de três décadas, numa palestra que fizemos, afirmamos que o automóvel tendia a se transformar em um trambolho e é isso mesmo o que está acontecendo, pois, a cada dia, se torna difícil transitar e estacioná-lo. Tenta-se resolver essa questão por via da engenharia, construindo-se viadutos, elevados e túneis; entretanto, essas medidas não têm se mostrado eficazes para a solução do problema da mobilidade urbana.
Há os que clamam, com justiça, para que se façam maiores investimentos nos transportes de massa: trens, metrôs e ônibus. Mas, apesar da justeza desse pleito (por menos automóveis e mais transportes de massas), a lógica do capitalismo contemporâneo, nessa questão, pressiona no sentido de que se aumente a frota de carros, congestionando as cidades.
A força dos interesses da indústria automobilística é tamanha que, no caso do Brasil, vimos o governo “progressista” do PT e PCdoB proceder ao incentivo na aquisição de automóveis, isentando-os, por um largo período, de impostos, ao mesmo tempo em que ampliava as linhas de crédito, e o resultado foi catastrófico. Uma verdadeira política de mobilidade, voltada para o bem estar social, não poderia ser jamais essa que é levada a cabo pelos governos. O correto seria elevar os impostos para os usuários de automóveis e, assim, criar um fundo capaz de promover o financiamento dos transportes coletivos.
Essa postura, porém, não se adéqua muito bem aos interesses mais imediatos do capitalismo e o governo petista nunca esteve, nem está, a serviço dos interesses da coletividade, pois, como governo, sua missão é gerenciar os interesses do sistema socioeconômico vigente. Diante disso, é hora de nos colocarmos de pé e bradarmos, veementemente, por uma mudança radical na política de mobilidade urbana, clamando por mais e melhores transportes coletivos e menos automóveis.
Gilvan Rocha é presidente do Centro de Atividades e Estudos Políticos – CAEP.
Correio da Cidadania
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