Crescimento baseado em recursos naturais preocupa Ipea
por Fabiano Ávila, do CarbonoBrasil
Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada afirma que a alta participação dos setores de uso intensivo de recursos naturais na economia torna difícil uma estratégia consistente de crescimento sustentável para o Brasil
Divulgado na última sexta-feira (3), o Comunicado do Ipea nº 133 – Produtividade no Brasil nos anos 2000-2009: análise das Contas Nacionais afirma que a produtividade do trabalho no país manteve-se praticamente estável entre 2000 e 2009, com variação anual de 0,9%. Mas o que mais salta aos olhos no relatório é o papel destacado da agropecuária, que registrou crescimento de 4,3% e da indústria extrativa, com 1,8%.
“Estes setores, de reduzido efeito multiplicador sobre o restante da economia e de baixo valor agregado, impõem obstáculos a uma estratégia de crescimento sustentado no longo prazo, sobretudo se a distribuição da produção estiver se concentrando.
Para um país que necessita ampliar suas condições de competitividade externa, essas características devem ser vistas como, no mínimo, preocupantes em uma estratégia consistente de desenvolvimento industrial e econômico”, afirma o comunicado.
O quadro geral que Ipea passa é que o Brasil está sendo um fornecedor de commodities do mercado global. Assim, o país arca com os passivos ambientais das atividades de uso intenso dos recursos naturais e ainda gasta para importar bens produzidos com a nossa matéria-prima no exterior.
O Instituto também alerta para o fato da economia brasileira ter demonstrado baixo dinamismo em termos de produtividade do trabalho. Se for excluído 2009, ano que o Brasil sofreu os impactos da crise econômica internacional, a indústria extrativa aumentou sua participação em 5,9%, enquanto que a indústria de transformação sofreu uma queda de 2,5%. Outros setores, como gás e construção civil caíram ainda mais, 3,4%.
“É importante ressaltar que o desempenho agregado da indústria só não foi pior por conta do crescimento médio anual de 1,8% da indústria extrativa, haja vista que a indústria de transformação e os outros setores industriais apresentaram variação negativa da produtividade no período.”
O comunicado pede por uma maior diversificação da estrutura produtiva, apesar de apontar de que não existem indícios de que isso venha a acontecer nos próximos anos.
“A elevada instabilidade internacional por conta da crise financeira, que se manifesta, entre outros, pela retração do comércio internacional e por uma maior aversão ao risco por parte de empresários e consumidores, exige um maior dinamismo da relação produto/trabalhador e uma maior diversificação da estrutura produtiva, mas isso não ocorreu nos anos 2000 e não há indícios de que ambas essas trajetórias sejam revertidas no curto prazo.”
Gabriel Squeff, técnico em Planejamento e Pesquisa da Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas (Dimac), acredita que o grande problema é a falta de inovação tecnológica, que estaria acontecendo na economia brasileira como um todo.
De acordo com dados do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, os gastos com pesquisa e desenvolvimento no Brasil são muito baixos, com apenas 1,19% em relação ao PIB em 2009. Países como o Japão, com 3,44%, Alemanha, 2,82%, e China, 1,54%, estão bem à nossa frente.
Outro dado interessante, que revela a ausência de cultura para inovação no Brasil, é o número de pedidos de patentes de invenção depositados no Escritório de Marcas e Patentes dos Estados Unidos. Enquanto o Japão fez mais de 81 mil pedidos em 2009, a China quase sete mil, o Brasil não passou de míseros 464.
Segundo Squeff, a manutenção dos resultados apresentados pelo Ipea é preocupante quando se almeja um desenvolvimento calcado na indústria e na sustentabilidade. Nesse aspecto, ele ressaltou que o Brasil necessita ampliar suas condições de competitividade externa.
O Ipea conclui que a concorrência com produtos chineses torna este cenário ainda mais grave.
Envolverde
O quadro geral que Ipea passa é que o Brasil está sendo um fornecedor de commodities do mercado global. Assim, o país arca com os passivos ambientais das atividades de uso intenso dos recursos naturais e ainda gasta para importar bens produzidos com a nossa matéria-prima no exterior.
O Instituto também alerta para o fato da economia brasileira ter demonstrado baixo dinamismo em termos de produtividade do trabalho. Se for excluído 2009, ano que o Brasil sofreu os impactos da crise econômica internacional, a indústria extrativa aumentou sua participação em 5,9%, enquanto que a indústria de transformação sofreu uma queda de 2,5%. Outros setores, como gás e construção civil caíram ainda mais, 3,4%.
“É importante ressaltar que o desempenho agregado da indústria só não foi pior por conta do crescimento médio anual de 1,8% da indústria extrativa, haja vista que a indústria de transformação e os outros setores industriais apresentaram variação negativa da produtividade no período.”
O comunicado pede por uma maior diversificação da estrutura produtiva, apesar de apontar de que não existem indícios de que isso venha a acontecer nos próximos anos.
“A elevada instabilidade internacional por conta da crise financeira, que se manifesta, entre outros, pela retração do comércio internacional e por uma maior aversão ao risco por parte de empresários e consumidores, exige um maior dinamismo da relação produto/trabalhador e uma maior diversificação da estrutura produtiva, mas isso não ocorreu nos anos 2000 e não há indícios de que ambas essas trajetórias sejam revertidas no curto prazo.”
Gabriel Squeff, técnico em Planejamento e Pesquisa da Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas (Dimac), acredita que o grande problema é a falta de inovação tecnológica, que estaria acontecendo na economia brasileira como um todo.
De acordo com dados do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, os gastos com pesquisa e desenvolvimento no Brasil são muito baixos, com apenas 1,19% em relação ao PIB em 2009. Países como o Japão, com 3,44%, Alemanha, 2,82%, e China, 1,54%, estão bem à nossa frente.
Outro dado interessante, que revela a ausência de cultura para inovação no Brasil, é o número de pedidos de patentes de invenção depositados no Escritório de Marcas e Patentes dos Estados Unidos. Enquanto o Japão fez mais de 81 mil pedidos em 2009, a China quase sete mil, o Brasil não passou de míseros 464.
Segundo Squeff, a manutenção dos resultados apresentados pelo Ipea é preocupante quando se almeja um desenvolvimento calcado na indústria e na sustentabilidade. Nesse aspecto, ele ressaltou que o Brasil necessita ampliar suas condições de competitividade externa.
O Ipea conclui que a concorrência com produtos chineses torna este cenário ainda mais grave.
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