Zygmunt Bauman derruba utopias e diagnostica o nosso tempo
Os estudos do sociólogo polonês Zygmunt Bauman põem em xeque nossas ilusões e autoenganos. Suas observações sobre o hiperconsumismo (em que desejamos ser consumidores e também consumidos), a fragilidade dos laços humanos, as incertezas e fobias da vida líquido-moderna, os impasses da economia global, a busca de segurança total que provoca ainda maior insegurança são acompanhadas por análises que nos obrigam a colocar os pés no chão. Num chão que não cessa de tremer.
Gabriel Perissé
Para nós, educadores, ler Bauman é também descobrir terremotos e assistir ao desabamento dos sonhos exagerados, do discurso adocicado que nos levou talvez a acreditar que a educação (supostamente sólida) resolveria tudo, ou quase tudo. Resolveria, mas na prática não resolveu.
Em seu recente Sobre educação e juventude (entrevista feita pelo jornalista italiano Riccardo Mazzeo), Bauman nos concede pouco ou nenhum espaço para utopias, euforias e festas antecipadas. Prefere, conjugando simplicidade e sutileza, desnudar em nosso comportamento, e em nossos contextos, tendências nada luminosas ou prazenteiras.
Certamente, precisamos lembrar que o principal campo de observação de Bauman é a Europa, que enfrenta nos últimos anos uma crise profunda, persistente, comprometendo de modo especial o presente e o futuro dos jovens, mesmo os mais escolarizados. Esses jovens, ao contrário de seus pais, encontram "o mundo da degradação dos valores, da desvalorização dos méritos obtidos, das portas fechadas, da volatilidade dos empregos e da obstinação do desemprego [...]; um novo mundo de projetos natimortos e esperanças frustradas, e de oportunidades mais notáveis por sua ausência" (pág. 45).
Ainda que não se refira diretamente à realidade brasileira, este novo livro de Bauman apresenta diagnósticos que valem para o nosso tempo (em qualquer país), particularmente em relação à economia consumista, que, para sobreviver, nos induz e nos treina a participar de um jogo obsessivo, vertiginoso, no qual as ilusões fabricadas conduzem a derrotas humilhantes.
Onde está a força educacional capaz de corrigir e redesenhar nossa visão de mundo, para que possamos viver e conviver melhor num ameaçador estado de coisas? Essa força encontra-se na escola? Na mídia? Na universidade? Nas ruas? Nas empresas?
O poder transformador do sistema educacional, por mais limitado que pareça, não deve ser descartado. Apesar dos pesares, é ainda um dos fatores promissores de uma época que está aprendendo a desconfiar das promessas fáceis.
Controvérsia
Para nós, educadores, ler Bauman é também descobrir terremotos e assistir ao desabamento dos sonhos exagerados, do discurso adocicado que nos levou talvez a acreditar que a educação (supostamente sólida) resolveria tudo, ou quase tudo. Resolveria, mas na prática não resolveu.
Em seu recente Sobre educação e juventude (entrevista feita pelo jornalista italiano Riccardo Mazzeo), Bauman nos concede pouco ou nenhum espaço para utopias, euforias e festas antecipadas. Prefere, conjugando simplicidade e sutileza, desnudar em nosso comportamento, e em nossos contextos, tendências nada luminosas ou prazenteiras.
Certamente, precisamos lembrar que o principal campo de observação de Bauman é a Europa, que enfrenta nos últimos anos uma crise profunda, persistente, comprometendo de modo especial o presente e o futuro dos jovens, mesmo os mais escolarizados. Esses jovens, ao contrário de seus pais, encontram "o mundo da degradação dos valores, da desvalorização dos méritos obtidos, das portas fechadas, da volatilidade dos empregos e da obstinação do desemprego [...]; um novo mundo de projetos natimortos e esperanças frustradas, e de oportunidades mais notáveis por sua ausência" (pág. 45).
Ainda que não se refira diretamente à realidade brasileira, este novo livro de Bauman apresenta diagnósticos que valem para o nosso tempo (em qualquer país), particularmente em relação à economia consumista, que, para sobreviver, nos induz e nos treina a participar de um jogo obsessivo, vertiginoso, no qual as ilusões fabricadas conduzem a derrotas humilhantes.
Onde está a força educacional capaz de corrigir e redesenhar nossa visão de mundo, para que possamos viver e conviver melhor num ameaçador estado de coisas? Essa força encontra-se na escola? Na mídia? Na universidade? Nas ruas? Nas empresas?
O poder transformador do sistema educacional, por mais limitado que pareça, não deve ser descartado. Apesar dos pesares, é ainda um dos fatores promissores de uma época que está aprendendo a desconfiar das promessas fáceis.
Controvérsia
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