“Atual modelo de democracia representativa está esgotado”, afirma Manuel Castells (extrato)
No espaço da cidade, o grupo de pressão mais poderoso é o da especulação imobiliária
Ao entender que estes novos movimentos sociais são, ao mesmo tempo, locais e globais, o sociólogo espanhol afirma que as causas que levam as pessoas às ruas estão relacionadas a disputas que ocorrem nas cidades, mas que são comuns a todos os centros urbanos ao redor do planeta. Ele acentua que, em uma cidade, a principal disputa se dá em torno dos interesses imobiliários.
Para Castells, deve haver controle político, cidadão e participativo sobre setor imobiliário nas cidades
“A grande questão nas cidades sempre tem sido a resistência aos interesses do grupo de pressão mais poderoso: a especulação imobiliária e a construção. Esses são os lobbys que destroem a qualidade de vida de uma cidade”. Ao fazer esta afirmação, já no final da conferência, Manuel Castells foi ovacionado.
Assustado, talvez, com a reação do público, fez um alerta. “Cuidado! O problema não é que existam imobiliárias e construtoras. A questão é como estabelecer o controle cidadão, participativo e político do plano de desenvolvimento urbano. Não se trata de atacar um grupo industrial, mas, sim, de controlá-lo. Se os setores imobiliários puderem fazer tudo o que quiserem, preferirão sempre ter mais lucros do que construir de forma socialmente responsável e ecologicamente correta. O problema não está na indústria, está na política e na capacidade dos partidos de ser independentes em relação ao poder econômico”, finalizou.
Antes de o público deixar o Salão de Atos da UFRGS, o mediador da conferência, o jornalista Juremir Machado da Silva, ainda arriscou uma consideração final: “Em Porto Alegre, os jovens lutam. Temos uma mídia ultraconservadora e um setor imobiliário que, se puder, constrói prédios até dentro do rio Guaíba”.
Sul 21
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