Há várias maneiras de você dar a impressão de resolver um problema. Uma delas é deixando de nomeá-lo.
Se alguém pergunta sobre o problema você corrige e diz que o infeliz está usando o termo errado, que esse problema não descreve o caso em questão. É uma tática tão boa como esconder um elefante tentando impedir as pessoas de verem a totalidade do animal, ou seja, mostrando uma hora uma pata, na outra a tromba, como se elas fossem partes que não pertencessem a um mesmo objeto.
Assim, a cidade de São Paulo acredita que vai resolver seu problema de racionamento de água. O primeiro passo é dizer com insistência e segurança: "a falta periódica de água que afeta grandes cidades como Osasco, Guarulhos, entre outras não é um racionamento". Claro, claro, e isso não é um cachimbo, como disse um dia René Magritte.
O segundo passo é fazer de tudo para que a incapacidade humana de planejamento e cuidado ecológico se transforme em vontade arbitrária divina. Se São Paulo está em processo não declarado de racionamento de água é porque choveu pouco.
Fazer o quê, não é verdade? Não tem água porque não choveu. Ou seja, podemos estar no século 21, mas alguns acham que ainda vale a pena aparecer com argumentos do século 18.
Não passa na cabeça de alguns administradores que –há muito tempo– o mais importante Estado da federação deveria ter um sistema apto a lidar com as instabilidades do meio ambiente.
Nestes últimos dias, não faltaram especialistas e acadêmicos a desnudar tal inépcia planificadora do governo paulista. O sistema responsável pelo abastecimento de São Paulo foi inaugurado em 1985 e, desde então, nada mais se fez –isso a despeito do crescimento vertiginoso da população paulistana.
O uso industrial de água poderia ser limitado em prol do uso humano desse recurso, estimulando o reúso da água pelas indústrias. Mas a política de defesa e preservação dos mananciais é, principalmente, apenas uma peça de propaganda.
Pressionado pela fraqueza do poder público em barrar a especulação imobiliária e a ocupação do solo, os mananciais veem sua capacidade de produção de água ser seriamente afetada. Fato que demonstra o preço que se paga por acreditar que ecologia é apenas uma palavra que deve aparecer de quatro em quatro anos, durante as campanhas eleitorais e ao som de cantos de pássaros.
O produtivismo sem consciência ecológica alguma é a marca maior do desenvolvimento econômico do nosso Estado há tempo demais.
Por isso, lidamos com problemas que há muito já deviam ter sido superados.
Se alguém pergunta sobre o problema você corrige e diz que o infeliz está usando o termo errado, que esse problema não descreve o caso em questão. É uma tática tão boa como esconder um elefante tentando impedir as pessoas de verem a totalidade do animal, ou seja, mostrando uma hora uma pata, na outra a tromba, como se elas fossem partes que não pertencessem a um mesmo objeto.
Assim, a cidade de São Paulo acredita que vai resolver seu problema de racionamento de água. O primeiro passo é dizer com insistência e segurança: "a falta periódica de água que afeta grandes cidades como Osasco, Guarulhos, entre outras não é um racionamento". Claro, claro, e isso não é um cachimbo, como disse um dia René Magritte.
O segundo passo é fazer de tudo para que a incapacidade humana de planejamento e cuidado ecológico se transforme em vontade arbitrária divina. Se São Paulo está em processo não declarado de racionamento de água é porque choveu pouco.
Fazer o quê, não é verdade? Não tem água porque não choveu. Ou seja, podemos estar no século 21, mas alguns acham que ainda vale a pena aparecer com argumentos do século 18.
Não passa na cabeça de alguns administradores que –há muito tempo– o mais importante Estado da federação deveria ter um sistema apto a lidar com as instabilidades do meio ambiente.
Nestes últimos dias, não faltaram especialistas e acadêmicos a desnudar tal inépcia planificadora do governo paulista. O sistema responsável pelo abastecimento de São Paulo foi inaugurado em 1985 e, desde então, nada mais se fez –isso a despeito do crescimento vertiginoso da população paulistana.
O uso industrial de água poderia ser limitado em prol do uso humano desse recurso, estimulando o reúso da água pelas indústrias. Mas a política de defesa e preservação dos mananciais é, principalmente, apenas uma peça de propaganda.
Pressionado pela fraqueza do poder público em barrar a especulação imobiliária e a ocupação do solo, os mananciais veem sua capacidade de produção de água ser seriamente afetada. Fato que demonstra o preço que se paga por acreditar que ecologia é apenas uma palavra que deve aparecer de quatro em quatro anos, durante as campanhas eleitorais e ao som de cantos de pássaros.
O produtivismo sem consciência ecológica alguma é a marca maior do desenvolvimento econômico do nosso Estado há tempo demais.
Por isso, lidamos com problemas que há muito já deviam ter sido superados.
Folha SP
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