Chamou-os de ‘marxistas’, manifestou-se favorável à revista íntima das mulheres dos presos (procedimento alvo de reiteradas denúncias em razão de métodos degradantes com que seria realizado) e passou a liderança da Pastoral aos pretensos acusadores de Guiany e do Padre Bosco.
A última de D. Aldo
Rubens Nóbrega
Não me surpreenderia qualquer outra atitude de Dom Aldo Pagotto, mas não imaginava que o arcebispo católico da Paraíba fosse capaz de promover tamanho desfalque na Pastoral Carcerária, dela afastando seus componentes mais ativos e proativos na defesa dos direitos mais elementares do ser humano, frequentemente desrespeitados dentro do sistema penitenciário paraibano.
Os dois grandes desfalques a que me refiro são o Padre Bosco e a socióloga Guiany Campos Coutinho, que há 20 anos ‘carregam nas costas’ a Pastoral, prestando um serviço fantástico na assistência aos presidiários da Grande João Pessoa, estendendo-o a todo o Estado mediante articulação com as demais dioceses.
Segundo a Doutora Guiany, ela e o Padre Bosco (também Presidente do Conselho Estadual de Direitos Humanos) foram destituídos anteontem de suas funções por Dom Aldo. O arcebispo baseou sua decisão em acusações ainda pouco claras de um rapaz afastado em fevereiro último das funções de agente da Pastoral por ‘conduta indevida’. Esse afastamento foi decidido pela coordenação colegiada do órgão.
Já os afastados por Dom Aldo ainda tentaram se defender, numa audiência terça última na Cúria, pela manhã. Mas, segundo relato de Guiany, o arcebispo não contou conversa. Chamou-os de ‘marxistas’, manifestou-se favorável à revista íntima das mulheres dos presos (procedimento alvo de reiteradas denúncias em razão de métodos degradantes com que seria realizado) e passou a liderança da Pastoral aos pretensos acusadores de Guiany e do Padre Bosco.
Outros sacerdotes e representantes de entidades envolvidas na questão penitenciária já estariam se mobilizando para reagir e protestar contra as destituições promovidas pelo arcebispo na Pastoral Carcerária. “Eu saí tão revoltada da conversa (com Dom Aldo) que me neguei a cumprimenta-lo. Muitos padres que nos conhecem e conhecem o nosso trabalho estão nos apoiando, mas quem manda é o bispo. A coordenação nacional (da Pastoral Carcerária) também nos apoia como também temos a certeza que o Regional Nordeste 2 da CNBB também”, afirma uma desolada e inconformada Guiany em mensagem distribuída ontem. “No momento não sei bem o que fazer. Só estou me sentindo muito triste em ver a nossa história sendo pisoteada”, arremata.
Aguardando resposta
Mantive contato com a Assessoria de Imprensa da Arquidiocese da Paraíba. Solicitei versão ou manifestação de Dom Aldo sobre o caso, mas não foi possível porque ele se encontrava reunido com o Clero por todo o dia de ontem. Aguardo pra hoje uma resposta. O que vier, se vier, será publicado.
Jornal da Paraíba
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