O enfrentamento adequado à Seca |
Nordeste registra pior seca em 50
anos
Com a produção reduzida a 55.256
toneladas e o rebanho bovino mais afetado do Brasil, Paraíba soma os prejuízos
da estiagem.
Alexsandra Tavares e Francisco
França
Açudes Coremas Mãe D'Água e
Boqueirão estão com mais ou menos 30% de sua capacidade, diz Fetag.
Apesar das chuvas das últimas
semanas, o Nordeste enfrenta a pior seca dos últimos 50 anos. Segundo o
relatório da Organização Mundial de Meteorologia (OMM), os prejuízos chegam a
US$ 8 bilhões de dólares (R$ 18,5 bilhões).
A situação caótica fez o Brasil
entrar no mapa mundial de eventos climáticos extremos de 2013. Parte destas
perdas são refletidas na Paraíba, que produziu apenas 55.256 toneladas de grãos
em 2013, quando a safra normal seria de 300 mil toneladas.
O rebanho paraibano apresentou a
maior baixa do país no efetivo bovino (28,6%) entre os anos de 2012 e 2011,
passando de 1,354 milhão de cabeças para 967,067 mil. No mesmo período, a Paraíba
também obteve redução na produção de caprinos (-18,6%) e ovinos (-16,30%). O
Nordeste também registrou a maior queda (-4,5%) entre as regiões brasileiras.
Para se ter ideia do valor, o
prejuízo na região Nordeste equivale a mais de duas vezes o orçamento total do
Estado de Alagoas para o ano de 2014, que foi fixado em R$ 8,3 bilhões.
O presidente da Federação dos
Trabalhadores da Agricultura do Estado da Paraíba (Fetag), Liberalino Ferreira,
afirmou que a situação no semiárido é preocupante, e as perdas do rebanho
bovino atualmente chegam a 60%.
Os animais que restam estão abaixo
do peso de abate. “Há 15 dias estava levando cana-de-açúcar e a casca do
abacaxi para passar na forrageira e alimentar os animais. Quem não pode fazer
isso perde o pouco que tem. Vivemos, em 2012 e 2013 as piores secas que eu
presenciei”, destacou Liberalino Ferreira.
O presidente da Fetag contou que
visitou este ano 180 municípios paraibanos e o que viu foi os maiores
mananciais do Estado secos.
“Os açudes Coremas Mãe D'Água e
Boqueirão estão com mais ou menos 30% de sua capacidade. As chuvas que caíram
este mês, chamadas de veranico, estimularam os agricultores a plantar, mas há
oito dias que não chove e se continuar assim eles podem perder suas lavouras”,
destacou.
Segundo Liberalino Ferreira, os
grãos que o governo federal prometeu aos nordestinos ainda não chegaram à
Paraíba. Mas o Ministério da Agricultura e Pecuária informou que várias ações
estão sendo implementadas para minimizar a situação do sertanejo.
Entre elas estão a Venda Balcão de
milho disponibilizada aos produtores situados na região amparada pela
Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) até 30 de junho. Ao
todo, serão disponibilizados pelo programa até 490 mil toneladas de milho, com limite
de aquisição por beneficiário de até 3 toneladas ao mês e preço de venda de R$
18,12 por saca de 60 kg.
ESTIAGEM É A PIOR OCORRÊNCIA DO
BRASIL
O mapa virtual elaborado com as
piores ocorrências no planeta, aponta que a seca é o único evento extremo no
Brasil. Por conta da estiagem, mais de 1.400 municípios decretaram emergência
pela falta de água e precisaram ser abastecidas por carros-pipa.
Segundo a pesquisa "Produção
da Pecuária Municipal", do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatísticas (IBGE), a região perdeu 4 milhões de animais em 2012. As chuvas de
verão, porém, amenizaram a situação da seca este ano.
"Pelo segundo ano consecutivo,
a região Nordeste do Brasil experimentou seca severa. A seca deste ano é
considerada a pior dos últimos 50 anos. O Planalto brasileiro, região central
da América do Sul, experimentou seu maior déficit de chuvas desde que os
registros começaram, em 1979", diz o estudo.
A OMM cita que o governo precisou
intervir com a distribuição de água e comida a sertanejos afetados. "O
governo forneceu ajuda alimentar à população afetada em cinco dos nove Estados
do Nordeste. Fontes de energia hidrelétrica foram ameaçadas, como barragens no
Nordeste que encerraram dezembro de 2012 com apenas 32% da capacidade, abaixo
dos 34% considerado suficiente para garantir o abastecimento de energia
elétrica", aponta o relatório.
Jornal da Paraíba
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