sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Com Donadon políticos levam Brasil ao fundo do poço

Na Paraíba 


Será que os 131 deputados que absolveram o quadrilheiro Natan Donadon pensaram no velho ditado “ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão” e decidiram adaptá-lo: ladrão que perdoa ladrão tem cem anos de absolvição? O Brasil chegou, mais uma vez, ao fundo do poço. Paulo Maluf, decano dos larápios, ausentou-se da votação. Marco Feliciano, herói dos preconceituosos, fez o mesmo. Outros 41 deputados abstiveram-se. Por quê? O que faltou para levá-los a fazer o óbvio: cassar um colega que já mora na prisão? Ou será que o coleguismo, na Câmara e nas atitudes, é que os fez enfiar o rabo entre as pernas e lavar as mãos sujas? Triste é saber que 14 deputados gaúchos não foram votar.

Os sinais de que os deputados não haviam dado a menor importância ao grito das ruas eram visíveis. Agora, são tonitruantes. A cambada fez de conta, simulou indignação, prometeu reformas, trabalhou um pouco mais em alguns dias (o Senador fez a firula de atuar durante uma joga da seleção brasileira), falou em agenda positiva e, quando a poeira baixou, seguiu no ritmo de sempre. Só tem um jeito: plebiscito. A população deve decidir sobre tudo: fim das votações secretas nos parlamentos, extinção dos suplentes de senador sem voto, eliminação das coligações nas proporcionais, financiamento de campanha, cassação de mandatos de condenados, voto distrital, tudo. O Brasil precisa fazer uma consulta popular até dezembro e aplicá-la às eleições de 2014. Como fica o princípio da anualidade pelo qual as regras eleitorais só podem ser modificadas um ano antes de um pleito? Toda a soberania emana do povo. Ele pode derrubar também essa regra.

Como está não pode continuar. A atual legislatura não tem moral nem vontade de mudar a regra do jogo para melhor. A absolvição de Donadon acendeu todos os sinais vermelhos. É o fundo do fundo do fundo do poço da atual democracia brasileira. Os deputados que salvaram Donadon são a vergonha do Brasil. Mas eles não se importam com isso. Agiram como quadrilha. Aplicaram a ética dos mafiosos. Merecem aplausos pelo alto senso de classe, categoria, corporação e lealdade. Certamente o fizeram por identificação, com base no famoso “eu posso ser você amanhã”. E só o fizeram por votar escondidos. Ainda vão sair mentindo que votaram pela cassação. Se dia desses, saturada, a massa invadir a Câmara de Deputados, haverá uma gritaria infernal contra vândalos e terroristas.

O que os deputados fizeram absolvendo Donadon pode ser classificado como o mais alto grau de vandalismo: quebra o decoro, depreda a moral, destrói a credibilidade dos políticos, pisoteia a ética, lincha covardemente o eleitor honesto, devasta o patrimônio republicano nacional, despedaça a crença na honestidade, estilhaça as vidraças falsamente transparentes do poder, explode as ilusões dos que insistem em sonhar com um país melhor. Há muito eu não via um ato tão indecente, pornográfico e chocante. Não poderia ser exibido na televisão antes das 23 horas. Donadon foi absolvido pelos seus pares. Nas ruas, a população resume tudo com uma frase da sua milenar sabedoria: um bando de sem-vergonhas! Ou de…

Juremir Machado

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